Cientistas começaram a descobrir quais áreas do cérebro estão envolvidas no estado criativo. Esse processo pode ocorrer no interior de três redes neurais
Pedro Miranda Publicado em 05/10/2022, às 21h13
Um estudo liderado por Roger Beaty, especialista em neurociência cognitiva da Universidade de Harvard, mostra que pessoas que têm ideias originais em suas vidas cotidianas têm cérebros diferentes dos outros. Assim como a inteligência, a criatividade é algo que todos temos mais ou menos. Na verdade, equilibrar um orçamento, planejar férias e até mentir requer um pensamento inteligente.
Gradualmente, os cientistas começaram a descobrir quais áreas do cérebro estão envolvidas na criatividade e a identificar processos como o pensamento espontâneo ou controlado (o processo de pensar se certas "idéias malucas" realmente funcionam na vida real).
"Medimos a atividade do cérebro em pessoas que trabalhavam em tarefas que exigem pensamento criativo (por exemplo, pensar em usos diferentes para objetos cotidianos) e descobrimos que os que têm as ideias mais originais demonstraram um padrão diferente em suas conexões neurais", afirmou Beaty à BBC Mundo, serviço em espanhol da BBC.
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Na revista científica, publicada no Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), Beaty descobriu que o pensamento criativo ocorre principalmente em três redes neurais. São elas: a rede de modo padrão, que é usada quando o cérebro gera ideias e imaginações simples; a rede de controle executivo, que ativa para tomada de decisão e avaliação de ideias; e a rede de saliência, que discerne quais ideias são relevantes e promove ideias no modo padrão e transição entre os modos de execução.
A pesquisa sugere que "as pessoas criativas têm uma habilidade maior em cativar redes neurais que costumam trabalhar separadamente", explicou Beaty. "O cérebro criativo está conectado de uma maneira diferente, e as pessoas criativas são mais capazes de ativar sistemas cerebrais que tipicamente não funcionam juntos."
O pesquisador tem destacado, porém, que o pensamento criativo não é necessariamente algo exclusivo de poucos sortudos e que ainda é preciso entender melhor como funciona esse complexo esforço neural. Ainda assim, disse, é possível treinar o cérebro em determinadas áreas para estimular ideias originais.
"O treinamento em diferentes campos, como a escrita criativa, pode funcionar - em parte - para melhorar a conectividade neural dentro de uma mesma rede", orientou.
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