No artigo dessa semana, Gabriel Granjeiro destaca sobre o poder que o autoperdão tem em nossas vidas. Remoer os erros do passado, somente atrapalha o teu desenvolvimento e planos
PUBLIEDITORIAL Publicado em 03/11/2021, às 13h41 - Atualizado às 13h59
De vez em quando a vida prega peças. Testando até o limite nossa força e coragem, escolhe para nós os caminhos mais tortuosos, cheios de buracos e pedras, das pequenas e das grandes. Às vezes nos permite chegar longe, talvez a fim de renovar nosso ânimo, para em seguida nos pôr diante de uma enorme muralha que impede de enxergar o outro lado. E vem a apreensão, e vem a angústia, e vem a frustração…
Nessa estrada chamada “jornada” somos vítimas de emboscadas e armadilhas, paramos diante de encruzilhadas, sofremos injustiças, recebemos notícias não tão boas… Todo tipo de infortúnio acontece. Assim, parece inevitável: em algum momento vamos nos decepcionar com nós mesmos.
É então que se torna crucial exercer o autoperdão, tratando a si próprio com um pouco de bondade.
Talvez a desilusão seja consequência de uma decisão precipitada, de uma escolha que o tempo se encarregou de mostrar não ser a mais acertada. Note bem: o tempo se encarregou de demonstrar.
Isso quer dizer, caro amigo, estimada amiga, que a tal da decisão foi tomada com as informações disponíveis na época, com base nos conselhos que então podíamos ouvir. Logo, não faz sentido seguirmos nos torturando, ruminando o que ficou no passado.
Você não consegue esquecer a danada da escolha que fez? Vive atormentado, assombrado por ela? Tudo bem, isso só demonstra que você é humano. Esse excesso de culpa, porém, não traz nada de bom. Só agrava a ansiedade e diminui a confiança e a autoestima.
De que adianta brigar com o tempo se é simplesmente impossível fazê-lo retroceder? Por que se manter tão preocupado com o ontem, imaginando como tudo poderia ter sido caso a decisão tomada fosse outra, se ela jamais o será? É um lamento tolo, sinal de imaturidade e até de estupidez. O passado não mudará, tampouco fará algo pelos propósitos que você ainda tem.
Nesse contexto, o que fazer para se perdoar e seguir em frente?
Convencer-se de que você fez, sim, o melhor que podia nas condições e com as informações que tinha no momento. Aceitar que fez a coisa certa dentro do contexto. O resto… não importa. A maior parte das decisões mais relevantes nunca são confortáveis, e outras tantas se mostrarão equivocadas. Acontece com todo mundo, mas em dado momento as pessoas compreendem isso e se perdoam.
Então perdoe-se. Deixe para trás essa sombra que tem acompanhado você. Retire das costas o peso excessivo da culpa e da frustração.
A vida deve ser vivida ação por ação, entende? Jubile-se a cada sucesso, regozije-se a cada superação, pois cada avanço desses significa que você está mais próximo de realizar os seus sonhos. Haverá, claro, obstáculos. Haverá também necessidade de tomar outras decisões difíceis e sem muito tempo para refletir.
O que se há de fazer? Um bom começo é agir com autocontrole e pautado no senso de justiça.
Fez outra escolha ruim? Olhe para o que tem em mãos e observe outra ação imediatamente tomar o lugar da anterior, uma que melhor se adapte ao que você está construindo para si. É vida que segue!
Se perdoar os outros não é tarefa fácil, mais difícil ainda é perdoar a si próprio. Quando se trata de nossas próprias ações, vem à tona, além da frustração, um sentimento terrível chamado arrependimento.
E tudo é pior para quem encara o autoperdão como fraqueza, incompetência… Bobagem! Eu erro, você erra, todo mundo, da pessoa menos espiritualizada à mais sábia, erra.
Fazer o quê? Extrair da experiência as lições, ressignificar a culpa, lidar com mais maturidade, ou seja, deixar o problema onde ele está, no passado, e abrir espaço para que as coisas boas do presente sejam desfrutadas. É pensar no futuro sem ervas daninhas que prejudiquem as mudinhas em pleno crescimento.
Deixo, a propósito, uma breve reflexão que chegou até nós do imperador Marco Aurélio: “[…] É uma pena que isso tenha acontecido? Não. É uma sorte que tenha acontecido e eu tenha permanecido ileso – não arrasado pelo presente ou com medo do futuro. Isso poderia ter acontecido com qualquer pessoa. Mas nem todos poderiam ter permanecido ilesos.”
Aceite sem arrogância ou culpa os altos e baixos, as bênçãos e as maldições que o universo lhe impôs. Mais: coloque paixão em tudo o que você fizer e seja bondoso consigo mesmo, sem se render à vitimização. A vida sempre retoma seu curso e fica mais leve quando aprendemos a nos perdoar.
*texto de Gabriel Granjeiro, diretor-presidente do Gran Cursos Online