Com a última Reforma Ortográfica, o trema não mais existe em palavras de origem portuguesa
Diogo Arrais Você se lembra daquele sinal que indicava a pronúncia, não tônica, de U antecedido de Q ou G e seguido de E ou I? Sim? Não? Com a última Reforma Ortográfica, o trema não mais existe em palavras de origem portuguesa.
Confesso: tenho saudade do sinalzinho! Com sua extinção, pode haver confusão, principalmente perante palavras pouco conhecidas, na distinção entre a letra U pronunciada e a letra U não pronunciada.
Antes, palavras como
agüentar, argüição, averigüemos, bilingüe, cinqüenta, conseqüência, enxágüe, freqüência, lingüiça, pingüim, qüinquagésimo, qüinqüênio, sequestro e tranqüilo faziam uso do sinal e, consequentemente, o leitor atentava mais na pronúncia do U.
Ademais, palavras como adquirir, distinguir, distinguido, extinguido, extinguir, seguinte, questão e questionário jamais (jamais!) fizeram uso do trema e, por conseguinte (expressão também sem trema), nunca tiveram a pronúncia de U.
Conclusão? Todos ficam sem o trema na escrita, mas a pronúncia permanece. Vamos a um teste?
Pronuncie distinguir. Leu o U? Não? Parabéns!
Pronuncie frequência. Leu o U? Sim? Parabéns novamente!
Antes da Reforma Ortográfica, também, caso a letra U, antes de E ou I, fosse pronunciada e tônica (com força), o acento agudo era utilizado em vez de trema: “Fulano argúi bem.”, “Que eles apazigúem o Egito!”.
Ops! Tal acento agudo também foi abolido, mantendo-se a pronúncia: “Fulano argui bem.”, “Que eles apaziguem o Egito!”
Quanto aos termos estrangeiros? O trema sobrevive, como atesta Gisele Bündchen.
Para finalizar, existem palavras de dupla pronúncia (para as quais o trema era facultativo).
Vejamos alguns exemplos: antiguidade, antiquíssimo, equidistante, líquido, liquidação e sanguíneo.
Um abraço, até a próxima e siga-me pelo Twitter!
Diogo Arrais é professor de língua portuguesa do Damásio Educacional: @diogoarrais.