Concurseiro perfeccionista: Cure-se!

Todos nós somos imperfeitos e fazemos coisas imperfeitas. Tire essa cobrança insana de perfeição dos seus ombros já!

Gabriela Knoblauch   Publicado em 19/05/2017, às 16h16

A perfeição é um delírio do ego. E isso é fácil de comprovar. Repare que “PERFEITO” nada mais é do que a sua opinião de que algo é realmente excepcional. Não diria nem sem defeitos. Não sei se algo assim existe. O meu conceito de perfeito é diferente do seu. O seu é diferente do seu colega. Ué, mas perfeito não pressupõe unanimidade? Reparou que essa ideia não se sustenta?
Ouço muito de vocês: “Se não for para fazer perfeito, eu nem começo”! Vamos traduzir? “Se não for para atingir os parâmetros de perfeição que eu e apenas eu fixei, nem começo”!
Quem te nomeou o rei do universo para determinar o que é certo e bom no concurso? Vamos lembrar que quem dita as regras do jogo é a banca, beleza? Ela manda. A gente (você e sua coach aqui) obedece. Não confunda as coisas.
Amigo, conselho: não se coloque em uma posição tão ingrata. Todos nós somos imperfeitos e fazemos coisas imperfeitas. Tire essa cobrança insana de perfeição dos seus ombros já! Está todo mundo no mesmo Titanic. Quando você cria regras para atingir uma pretensa perfeição, acaba por confeccionar um fardo pesado e adivinha quem vai carregá-lo? Sim, baby… YOU! Cobrar de si empenho é louvável. Cobrar perfeição é… bom, delírio!
Um exemplo prático e clássico: você vai ter uma consulta médica bem no meio da tarde. Isso vai sacudir seu cronograma naquele dia. Como não vai dar para cumprir tudo “perfeitamente”, você desanima e passa o dia sem estudar nada. Malandramente, resolve descansar e explica para si mesmo: “Amanhã vai ser perfeito”. Você não estuda porque não consegue lidar com o fato de que vai fazer algo “pela metade”, “imperfeito”. Está agoniado só de pensar, né? Note que isso deixa transparecer que baseia importantes decisões de estudo nas emoções. Péssimo hábito. Se você priorizasse avançar nas disciplinas em detrimento de massagear o ego com check, check, check nos seus conceitos de perfeição, estudaria o que fosse possível. Se o ego não ganha massagem ele não te deixa estudar? Mimado, não acha?
Quer mais um exemplo? Você estuda devagar demais e quase morre quando finaliza uma aula e muda de assunto. Você se martiriza pois sente que não estudou o capítulo PERFEITAMENTE. Sua vida é uma perpétua revisão das aulas demonstrativas! Você não sai do lugar. Há um pavor de esquecer algum detalhe ou de ter deixando alguma informação passar. Você inventa que a solução é estudar 5 horas da mesma matéria seguidamente para ver se essa sensação ruim desaparece. Ela não foi embora, né? Sinta-se abraçado. Estamos juntos!

Perfeccionismo é qualidade?


Quando estava na faculdade li bastante sobre como deveria me comportar em entrevistas de emprego. Lembro de uma dica em especial: Caso seja perguntado sobre um defeito seu, diga que é perfeccionista. Assim, estará – de certa forma – exaltando uma qualidade disfarçada de defeito. Na época, achei genial. Hoje, acho uma furada.
Isso porque o perfeccionista carrega muita culpa, insegurança, vaidade e – muitas vezes – é incapaz de completar tarefas em tempo hábil. E o que é o concurso senão uma tarefa (estudo das matérias do edital e resolução das questões da prova) que precisa ser completada em tempo hábil (até a data da prova)? Complicado, né?
Perfeccionismo não é qualidade! Vamos desconstruir esse mito! Perfeccionismo é ser incapaz de priorizar em razão de muita insegurança. O perfeccionista não é perfeito. Ele é a expressão do medo da imperfeição. Ficou claro? 

Como se curar do perfeccionismo?


 Estabeleça horários de estudo razoáveis (nada de 5 horas na mesma matéria). Deu o tempo? Mude de matéria! Esse é o estudo por ciclos. É isso que funciona. É melhor ver a matéria mais vezes na semana por menos tempo do que por muito tempo uma vez na vida outra na morte. Isso prejudica a compreensão e retenção do conteúdo. O bom estudo é feito em camadas (leitura, compreensão, questões, revisões e mais revisões). Não espere que você vai reter tudo na primeira lida. Não vai. Não crie expectativas irreais que só fazem te desanimar ao longo do tempo. É preciso ter paciência de montar as camadas e deixar a matéria amadurecer na mente. 
Estabeleça metas de volume. Quanto tem que passar de cada matéria por mês, por exemplo? Se você não definiu isso (a menos que seja bem iniciante), está em voo cego. Fique ciente desse fato. Crie metas executáveis e esforce-se para cumprir. Repare que pós-edital a sua capacidade de cortar o mimimi e priorizar melhora horrores. Sabe a razão desse “milagre”? Edital nada mais é do que meta de volume. Meta de volume é vida! Meta de volume é sucesso!  
Hoje estou batendo com luva de boxe, né? Mas é que quero o melhor para vocês e o quanto antes! Saibam que eu já fui super perfeccionista. Fui cobaia de todos os conselhos que me atrevo a dar hoje.
Perfeccionismo me atrapalhou muito em várias áreas da minha vida. Finalizo com uma mais uma dica: vigie-se; analise-se. Só assim nos tornamos capazes de mudar.
Nosso lema: bem feito é melhor do que perfeito!
Gabriela Knoblauch é auditora de controle externo do Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo e professora do Estratégia Concursos