Termo foi utilizado no critério da avaliação psicológica, que ainda descrevia que o candidato não poderia demonstrar interesse em histórias românticas e de amor
Patricia Lavezzo Publicado em 14/08/2018, às 10h51
O concurso para cadete da Polícia Militar do Paraná (PM/PR), que conta com 16 ofertas de ambos os sexos e abriu as inscrições na última segunda-feira (13), causou polêmica com o texto utilizado no critério de avaliação psicológica, no qual foi utilizado o termo “masculinidade” e descrevia que o candidato não poderia “demonstrar interesse em histórias românticas e de amor”.
O processo de seleção conta com cinco fases e a que causou revolta foi o perfil profissiográfico que possui 67 critérios de avaliação e tem como objetivo buscar as características essenciais para o desempenho da função. No anexo II do edital, no item C31, a “masculinidade” era descrita da seguinte forma: “capacidade de o indivíduo em não se impressionar com cenas violentas, suportar vulgaridades, não emocionar-se facilmente, tampouco demonstrar interesse em histórias românticas e de amor”.
A Aliança LGBTI e o Grupo Dignidade publicou nota afirmando que a exigência é um retrocesso discriminatório. Segundo trecho, “Fere a Declaração Universal de Direitos Humanos e a Constituição Federal Brasileira no que diz respeito à igualdade de todas as pessoas, além de estar na contramão dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ONU) em relação ao alcance da igualdade entre os gêneros”.
Na segunda-feira (13), após a polêmica, a governadora do Estado do Paraná, Cida Borghett, determinou a correção dos termos do edital da Polícia Militar. Em nota, a governadora afirmou que “não admite qualquer postura discriminatória nos atos das instituições de Estado, e destacou o fato de ter escolhido uma mulher, a Coronel Audilene, para o comando geral da Polícia Militar”.
De acordo com o pronunciamento da PM/PR, o edital foi mal interpretado e a característica não avalia componentes de gênero (masculino e feminino).
O órgão retificou o edital e substituiu o termo “masculinidade” por “enfrentamento”, além de alterar a descrição para: “capacidade de o indivíduo em não se impressionar com cenas violentas, suportar vulgaridades e de não emocionar-se facilmente”.
Confira o edital completo e as informações sobre o prazo de inscrição e provas na matéria, que pode ser acessada aqui.