Diego Costa conta como foi em um momento de internação em um hospital do Exército que decidiu iniciar os estudos para ingressar no funcionalismo, decisão que acabou mudando sua vida
Muitas vezes são os momentos de dificuldade que acabam determinando novos rumos a serem traçados e pavimentam o caminho para o sucesso. É o caso do servidor público Diego Costa, que atualmente é servidor no
Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT 1ª). Porém, seu caminho rumo à aprovação teve início dentro de um contexto de adversidade, após uma lesão sofrida durante um treinamento na Academia Militar das Agulhas Negras, onde era cadete. “A história da maioria dos concurseiros é marcada por sacrifícios. É preciso abdicar de vida social, festas e convício com a família. A minha também foi marcada por dificuldades, mas de forma diferente”, diz.
De acordo com ele, nunca havia cogitado a possibilidade de ingressar no funcionalismo público. Como cadete da Academia de Agulhas Negras, a escola de nível superior que forma oficiais do Exército na linha bélica, pretendia apenas seguir a carreira militar. Porém, conta que em 12 de abril de 2012, durante um treinamento, rompeu os ligamentos do tornozelo direito, motivo que o obrigou a ficar quatro meses internado em um hospital. “No hospital do Exército observava sempre um outro cadete, que também havia se acidentado, e passava o tempo sempre lendo apostilas”, diz. Foi então que, em julho daquele ano, resolveu questionar o outro cadete, que explicou que estava se preparando para prestar concurso público para tribunais. “Ele acabou me convencendo a tentar também e a partir de então, iniciei meus estudos, ainda no hospital, por meio de apostilas velhas e rasgadas do meu amigo”.
Em agosto, Diego voltou para casa, mas ainda em fase de recuperação, passava as horas estudando. “Ia até onde meu cérebro absorvia matéria”, diz. “De certa forma, já estava acostumado com o ritmo intenso de estudos, pois a Academia Militar exige muito, acima da faculdade pública.
Em setembro de 2012, com a publicação do edital do concurso do TRT 1ª, resolveu se inscrever e intensificou os estudos, com base no edital. Como sentia carência de exercícios, em uma busca na internet descobriu o site
Qconcursos.com. “Resolvi as dez questões que liberam por dia. Gostei e me associei”, conta.
Em outubro, se matriculou em um curso presencial, mas para se deslocar precisava da ajuda do pai, pois ainda precisava de muletas para se locomover. “Foi então que percebi que estava acima da média e, até então voltado principalmente para as disciplinas de exatas, comecei a ter um maior interesse pelo estudo do direito”, diz. “Observava que já estava largando a matemática pelo direito, principalmente o direito constitucional’.
Explica que, a partir de então, passou a estudar cada dia mais, sempre resolvendo exercícios e praticando redação com um professor particular. Foi então que se sentiu confiante para a prova de técnico judiciário. “Em janeiro de 2013 eu já estava resolvendo as questões de forma muito rápida, pois de certa forma se tornavam semelhantes a questões que já havia resolvido”, diz. “De 50 questões da prova, acertei 46. Achava que passaria muito bem, mas ao saber o resultado vi que tinha ido muito mal na redação, o que levou para baixo minha classificação. Cheguei a perder as esperanças”.
Ele confessa que depois da prova não acompanhou assiduamente o transcurso do certame. “Não acompanhava as nomeações, nem mesmo se ocorria a prorrogação do prazo de validade. Até que um certo dia, sem pretensão alguma, fui olhar a classificação e já faltava pouco para ser nomeado. Daí a ansiedade aflorou um pouco”, confessa. Até que recebeu a carta de convocação para a posse. “Posso garantir que este é um momento único na vida. É como um filme. Você se lembra de tudo pelo que passou, pelos momentos ruins. Pelos momentos que precisou de apoio, das pessoas que passaram pela sua vida durante esse período, dos exercícios e das horas diárias de estudos”, diz. “Definitivamente, a convocação é algo singular. Foi então que a ficha caiu. Eu passaria a ser servidor público federal e, mesmo ainda não formado, teria estabilidade relativa para alçar voos mais altos, em cargos de nível superior. Agradeci muito a deus, meus familiares e a meu amigo que me incentivou a estudar no hospital. Com a vaga conquistada, qual minha próxima missão ? O
Ministério Público Federal !! Boa sorte a todos”.