Ingressar no funcionalismo público tornou-se o grande objetivo de milhões de brasileiros.
Redação Publicado em 14/03/2008, às 18h04
Ingressar no funcionalismo público tornou-se o grande objetivo de milhões de brasileiros. O número de inscrições, que era de cinco milhões anuais, passou para oito milhões no ano de 2007, alavancado pelos concursos promovidos no País para preencher vagas em repartições federais, estaduais e municipais.
De acordo com a Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac), em 2008, as previsões para os cargos públicos são de mais 53 mil oportunidades na esfera Federal, distribuídas em 1.417 vagas no Poder Legislativo, 12.064 no Judiciário e 40.032 no Executivo, independentemente das oportunidades na Administração Indireta Federal e Fundacional para substituição dos terceirizados. Somam-se, ainda, as vagas a serem abertas no âmbito estadual e municipal.
Nos concursos mais disputados, que são os das áreas fiscais e jurídicas, 90% dos inscritos freqüentam cursos preparatórios e/ou adquirem material didático em editoras especializadas. Nas turmas para os concursos da área fiscal, 40% dos alunos são do sexo feminino, e para os Tribunais, elas somam 80%.
Atualmente, os candidatos a cargos públicos são fascinados por privilégios impensáveis nas empresas privadas – a estabilidade no emprego é o mais típico deles. Mas por que tanta procura? Quais são os prós e os contras? “A grande vantagem do concurso público é que não tem discriminação de etnia, sexo ou idade. A pessoa faz a prova e, portanto, em tese, será premiado aquele que está mais apto, mais preparado. A outra vantagem é que o serviço público, independentemente do setor, oferece remunerações razoáveis. Não é altíssima, mas é boa. Claro que em alguns setores, o salário é muito alto. E a terceira vantagem é a questão da estabilidade”, comenta Carlos Eduardo Guerra, presidente da Anpac.
Uma das desvantagens apontadas pelo presidente da Anpac é que a pessoa deve planejar a vida dela para o concurso. “Durante esse período vai sofrer muito, há um grande desgaste emocional, são horas de estudos e dedicação, muitas vezes há o problema da auto-estima, em que a pessoa acha que não vai conseguir passar”.
Outro ponto desfavorável é que no setor público não há, de uma maneira geral, o que a gente chama de produtividade, alguns órgãos do setor privado pagam por produtividade, no serviço público ainda não tem isso. Mais um ponto adverso é o auxílio plano de saúde, que ainda é ruim, exceto em alguns órgãos como o Banco do Brasil e a Petrobras mas, no geral, não é um bom plano de saúde.
Sonho realizado
Formado em Engenharia Civil, o paulistano Murillo Lo Visco, 32 anos, conseguiu o cargo desejado por muitos brasileiros. Hoje ele é auditor fiscal da Receita Federal em Brasília, posto que conquistou, por ter passado no concurso em primeiro lugar, no ano de 2005. Mas não foi nada fácil. Ele precisou ter muita disciplina, dedicação e, ainda, teve que abdicar de algumas coisas em prol da realização de um sonho.