A Professora Sandra Ceraldi Carrasco orienta os candidatos sobre o emprego do infinitivo, tópico muito requisitado em concursos públicos em quaisquer fases de prova
Sandra Ceraldi CarrascoA Professora Sandra Ceraldi Carrasco, nesta edição, orienta os candidatos aos concursos da Polícia Civil de São Paulo, sobre o emprego do infinitivo, tópico muito requisitado em concursos públicos em quaisquer fases de prova, isto é, tanto na fase preambular como redacional (dissertativa). A problemática existe quando se escreve, daí a sua peculiaridade, diz a especialista. Por isso, preste atenção às regras e retome o tema sempre que precisar.
Infinitivo é o verbo em seu estado natural, terminando em
ar, er ou
ir (e
or, no caso do verbo pôr). Exemplos: cantar, estudar, vender, compor, partir, etc. Desse conceito extraímos duas formas:
infinitivo pessoal: como o próprio nome diz, se refere às pessoas do discurso (para eu amar, para tu amares, para ele amar, para nós amarmos, para vós amardes, para eles amarem). O
infinitivo impessoal não se flexiona de acordo com as pessoas do discurso (chorar, amar, sofrer, resistir).
Atenção a algumas regras!Primeiro exemplo: “A professora ensinou os alunos a estudarem”. A Gramática padrão reza que o infinitivo deva ser flexionado: “A professora ensinou os alunos a estudarem”. Mas, por quê? A frase apresenta dois verbos (ensinar e estudar), cada um com seu sujeito, o qual é encontrado perguntando-se
quem ao verbo. Quem ensinou? A professora é sujeito; Quem estudar? Os alunos é o sujeito. É notório que, se os dois verbos possuírem o mesmo sujeito, o infinitivo será impessoal: “Elas devem repor as energias” (quem deve? Elas; quem repor? Elas). Ficaria péssimo “Elas devem ‘reporem’”.
Obs.: Se o verbo introduzido por preposições (a, sem, com, em, de) estiver no início da frase, preferir-se-á o infinitivo flexionado, embora tenha o mesmo sujeito do outro verbo da oração: Sem comerem, ficarão desnutridos. Por eufonia, no entanto, pode-se manter o infinitivo não-flexionado, principalmente quando o verbo vier depois do sujeito: Ficarão desesperados ao encontrar o pai.
Segundo exemplo: “A professora mandou os alunos estudar ou estudarem?” Tanto faz. Pode-se usar o infinitivo pessoal ou o impessoal. Atente-se aos verbos mandar, fazer, sentir, deixar, ouvir, ver, etc., quando seguidos de sujeito de um verbo no infinitivo. Nesses casos, o infinitivo pode flexionar-se ou não. Veja: “Você já deixou AS MENINAS brincarem (ou brincar)?” Verbo deixar + sujeito (as meninas) + verbo no infinitivo (brincar ou brincarem).
Outros exemplos:Todos os ouvintes ouviram AQUELAS CRIANÇAS gritarem (ou gritar);Perceba OS ANIMAIS comerem (ou comer).Aconselha-se, no entanto, que o infinitivo seja flexionado quando a ação for reflexiva e recíproca: Vi-os ajoelharem-se perante mim (a ação de ajoelhar residiu no próprio sujeito). Deixamos os garotos se olharem (um olhou o outro – troca de ações).Ouvi FALAREM mal de você. Quando se quiser enfatizar que o sujeito da ação é indeterminado (não se sabe quem é ou não se quer revelar), o infinitivo é flexionado. Elas COMEÇARAM A CHORAR. Como se pode observar, o infinitivo não é flexionado nesse caso com os verbos continuar, estar, começar, acabar, tornar, etc. + preposição a ou de + verbo no infinitivo.
BOAS FESTAS E PRÓSPERO ANO NOVO!
Professora Sandra Ceraldi Carrasco, consultora e especialista em Língua Portuguesa, autora de livros e periódicos na área. Há mais de 20 anos ministra cursos e palestras, com índice recorde de aprovação. Seu mais recente trabalho aborda de forma prática o Acordo Ortográfico. Atualmente é coordenadora do curso preparatório IPA. Contato: professora.sandracarrasco@uol.com.br.