Rotina pesada de estudos com trabalho e preparação em tempo integral. Inscritos contam porque escolheram a PF e o que fazem para se preparar
Redação Publicado em 04/05/2012, às 15h50
Composta por questões de grau médio a elevado de dificuldade, está cada vez mais próxima a data de realização da prova objetiva para o concurso público da Polícia Federal (PF), que visa completar 600 vagas nas funções de agente de polícia federal e papiloscopista policial federal. A avaliação está prevista para este domingo, dia 6.
Por conta do alto grau de exigência do concurso, que será promovido pela Fundação Universidade de Brasília (Cespe/UnB), cada candidato costuma adotar o seu próprio método de estudo para viabilizar o melhor aprendizado. Todos querem ter ótimo desempenho, seja na parte de conhecimentos como na dos testes físicos.
Para mostrar um pouco o que é esta preparação, o JC&E conversou com três postulantes ao cargo de agente de polícia federal, todos alunos do cursinho preparatório do Instituto IOB, para que contassem sobre suas estratégias de estudo, adotadas para este novo concurso. Aproveitaram também para falar sobre suas expectativas para o grande dia e pelo que deverão encontrar pela frente.
Intelectual e físico
Com um ritmo de estudo de cerca de quatro a cinco horas por dia – subindo para oito ou nove aos finais de semana – o administrador de empresas Claudenir Dias da Silva Junior, de 33 anos, acredita que tem ‘a cara’ do cargo pretendido, para agente. Segundo ele, esta profissão é destinada a todos os que gostam de “ação” e, para isso, ele diz que está totalmente dentro do perfil.
“A PF é um órgão que chama a atenção por conta do tamanho que tem. É considerado um lugar ‘intocável’ por aqueles que gostam desta área de atuação”, explica o concursando, que também vai prestar para o concurso da Petrobras na cidade de São José dos Campos, no interior paulista, onde vive. “Me inscrevi para treinar, sentir o impacto, porque meu principal objetivo é a PF”, ressalta Silva Junior, lembrando que, caso seja aprovado no concurso da Polícia, será “definitivo”.
Apesar da grande vontade de ser aprovado, o administrador confessa que começou a estudar efetivamente há pouco mais de um mês. “O que me impediu de prestar o concurso anteriormente era a falta de formação”, lembra Claudenir ao reforçar que realizar o sonho só foi possível agora, depois que ele conseguiu concluir o curso superior.
Atualmente, o administrador trabalha com o pai em uma empresa de engenharia e dedica todo o tempo livre para dar reforço aos estudos. A preparação diária começa por volta das 6h, quando vai para a academia treinar, já de olho no teste físico do concurso. Mas admite que o hábito de se exercitar vem de muito antes da possibilidade de entrar na corporação. “Como já treino há muitos anos, acho que não vou ter muita dificuldade com o teste físico”, afirma.
Quando está fora da academia, dá início à preparação intelectual, com prioridade aos temas que ele conhece menos. “Os domingos eu reservo só para fazer a revisão e simulados. A prova não deverá ser difícil, mas bastante cansativa e trabalhosa”, comenta.
O administrador já foi aprovado em um concurso anterior, realizado há alguns anos para o Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Mas a posição que alcançou não permitiu que ele fosse convocado a tomar posse.
As legislações
Mais habituado ao mundo das legislações, o advogado trabalhista João Marcos Martins de Souza, de 45 anos, espera não ser surpreendido com ‘pegadinhas’ sobre o que regem as leis do conteúdo programático do concurso. Morador de Campinas, no interior de São Paulo, e bem sucedido em sua profissão, Souza resolveu arriscar por mais um caminho profissional, já que a PF é considerada uma boa organização e abre oportunidades para o servidor desenvolver uma carreira interessante. “Não tenho um motivo específico, nada especial. Só me pareceu uma boa hora de prestar um concurso em uma carreira federal”, explica.
Mas o desejo de ingressar na corporação recebe reforço com os depoimentos de um amigo seu, que já trabalha como agente e serve como grande entusiasta da decisão. “Ele conta o dia a dia da profissão e dá bastante incentivo”, afirma.
Com a decisão, ele foi instigado a já iniciar os estudos o quanto antes, para não ficar atrás. Há cerca de três semanas, ingressou em um cursinho preparatório para tentar alcançar a melhor maneira de retomar os estudos. “Meu maior problema é o tempo para me dedicar. Como trabalho o dia todo, sobra pouco tempo para trabalhar os exercícios”, lembra o advogado que costuma destinar, aproximadamente, quatro horas por dia ao aprofundamento na matéria. Como é possível imaginar, Souza acredita que não terá muitos problemas com as matérias jurídicas. “Dedico maior atenção às disciplinas que não tenho muita afinidade e não constam nos cursos de direito, como economia ou raciocínio lógico”. Apesar da exigência da organizadora, o advogado ainda não destina tempo suficiente para uma preparação física mais intensa. “Não mudei muito a minha rotina. Faço exercícios habitualmente, mas não faço nada específico (para o concurso)”, diz.
Caso Souza seja aprovado, esse será seu primeiro trabalho como um profissional concursado, pois nunca foi aprovado em um processo seletivo público anteriormente. “(Este) é o primeiro (concurso) onde realmente comecei a me dedicar. Uma vez, cheguei a me inscrever em outro, há cerca de oito anos, mas nem sequer compareci ao local da prova”, lembra.
Rotina pesada
“É bem cansativo”, resume o comerciante Willian Nakamura, de 29 anos, sobre sua rotina de estudos aliada ao trabalho em seu estabelecimento comercial em Guarulhos, município da Grande São Paulo. “Dedico cerca de três horas por dia para estudar e, quando dá, também os fins de semana”, lembra.
Nakamura diz que decidiu prestar o concurso uma vez que a PF é um órgão confiável que, além de oferecer estabilidade, conta com bons salários. Para se preparar, ele costuma estudar a noite, pois trabalha o dia todo.
Já no período da manhã, ele reserva espaço para a academia e a natação, que poderão ajudá-lo na hora de realizar os testes físicos. Para tanto, conta com a ajuda da família. “Eles entendem, sabem que aquela hora específica é o momento em que tenho que me dedicar”, lembra o comerciante.
Com o objetivo de ter uma ajuda melhor, Nakamura faz um cursinho online, o qual ele concilia com o horário no comércio. “Costumo priorizar as matérias onde encontro mais dificuldade, especialmente na parte das legislações”, desabafa. “Por outro lado, é bom estudar isso porque tem relação direta com a área de atuação da PF”.
O comerciante afirma não ter prestado, recentemente, nenhum concurso público. O último foi há cerca de sete anos, para o Banco do Brasil. Apesar de ter características diferentes, Nakamura acredita que vai gostar bastante do trabalho na PF. “Estou muito ansioso. Vi mais ou menos como que é e parece bastante interessante”, completa.
George Corrêa
A Polícia Federal tem origem em 10 de maio de 1808, quando a Intendência-Geral de Polícia da Corte e do Estado do Brasil foi criada, por D. João VI. O órgão tinha as mesmas atribuições que tinha em Portugal. Com o decreto 6.378, de 28 de março de 1944, a antiga Polícia Civil do Distrito Federal, que funcionava no Rio de Janeiro, no governo de Getúlio Vargas, foi transformada em Departamento Federal de Segurança Pública (DFSP), subordinado ao Ministério da Justiça e Negócio Interiores. Posteriormente, em 13 de junho de 1946, com o decreto-lei 9.353, foi atribuída competência ao DFSP, em todo território nacional, para serviços de polícia marítima, área de fronteiras e apurações de diversas infrações penais.