Lula autorizou quase quatro vezes mais concursos públicos do que Bolsonaro

Levantamento diz respeito ao total de autorizações para concursos públicos no primeiro mandato Lula, em relação à atual gestão Bolsonaro

Fernando Cezar Alves   Publicado em 08/10/2022, às 08h18 - Atualizado em 10/10/2022, às 13h46

Tabela de contratações governos Lula e Bolsonaro

Com a iminência do segundo turno das eleições presidenciais 2022, marcado para o próximo dia 30 de outubro, é normal avaliar dados, para que se possa comparar características e resultados entre a gestão do ex-presidente Luiz Inácio da Silva com o atual governo Jair Bolsonaro, tanto em aspectos sociais quanto economicos. Neste sentido, sem qualquer intenção de influenciar a decisão do eleitor, mas apenas de apresentar dados efetivos, levantamento realizado pelo Jornal dos Concursos constatou que a primeira gestão do ex-presidente Lula contou com um total de autorizações para contratação de pessoal por meio de concursos públicos quase quatro vezes superior ao do governo Bolsonaro, considerando apenas a primeira gestão do candidato petista, de 2003 a 2006, em comparação com o atual governo, de 2019 a 2022.

De acordo com o levantamento, feito com base em informações públicas, divulgadas pelo próprio Ministério da Economia, em sua tabela anual de autorizações e provimentos, durante o primeiro governo Lula foi autorizado o preenchimento de nada menos do que 80.430 postos no funcionalismo federal, enquanto o atual governo contou com um total de 24.178 oportunidades.

A diferença reforça características bem marcantes dos tipos de gestão adotados pelos dois candidatos. Enquanto o ex-presidente Lula costumeiramente reforça a necessidade de fortalecimento do estado e a valorização do servidor público, Bolsonaro adota uma política pautada pelo liberalismo e pelo estado mínimo. Os dois pontos de vista contam com defensores ferrenhos e críticos ferozes. Do ponto de vista liberal, a ênfase em fortalecimento da máquina pública adotado pelo petista ocasionou um inchaço no funcionalismo, com um serviço público oneroso e ineficiente. Por outro lado, detratores da política adotada por Bolsonaro alegam que a falta de investimentos no funcionalismo compromete a eficiência estatal e acarreta um verdadeiro sucateamento dos serviços públicos.

Um difícil equílibio entre economia financeira com gastos de pessoal e necessidade de prestar um bom serviço, com funcionários públicos contratados de acordo com as respectivas necessidades, vem sendo apontado como uma tônica que divide opiniões, por se tratar de uma balança difícil de equilibrar.

Neste sentido, também é preciso levar em conta que a crise de saúde ocasionada pela pandemia de Covid 19, principalmente nos anos de 2020 e 2021, ocasionou uma inevitável crise econômica, dificultando qualquer tipo de investimentos em pessoal. No entanto, o próprio presidente Jair Bolsonaro vem reforçando que, em um segundo mandato, não deve alterar a política de contratação de servidores. 

Em declaração feita no último dia 30 agosto, durante o evento Diálogos com Candidatos à Presidência da República, promovido pela União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (Unecs), Bolsonaro afirmou que,  caso reeleito, deverá diminuir a quantidade de realização de novos concursos, com o objetivo de "proteger" os atuais servidores em atividade. "Evitar concursos públicos para proteger os servidores que estão aí. Sei que muito jovem fica chateado, quer um concurso, mas a máquina está no seu limite", declarou, na ocasião.

Concursos públicos: veja quantidades e principais concursos autorizados

Veja, a seguir, a evolução do quantitativo autorizado para preenchimento de vagas em concursos federais, ano a ano, durante o primeiro mandato dos governos Lula e Bolsonaro.

Governo Lula  

No ano de 2003, alguns órgãos em destaque autorizados a ter contratação de pessoal por novos concursos e convocações foram os seguintes, com caráter meramente exemplificativo:

Em 2004:

Em 2005:

Em 2006:

Governo Bolsonaro

Em 2019:

Em 2020:

Em 2021:

Em 2022:

 Aspectos econômicos

De acordo com economistas, mesmo considerando os diversos fatores econômicos mundiais, a diminuição de contratação de pessoal não garante, isoladamente, uma melhor gestão financeira do estado. 

Segundo o influenciador financeiro Thiago Nigro, outros pontos são necessários para que possa haver uma comparação entre o desempenho da primeira gestão dos governos Lula e Bolsonaro, como inflação, por exemplo, que foi de 6,4% no primeiro governo Lula e 6,26% no governo Bolsonaro, o que mostra uma semelhança entre os dois candidatos.

Outro fator que ele considera importante destacar é o desemprego, que estava em 11,7% em 2002, antes de Lula assumir, e fechou em 8,4% em 2006, último ano da gestão do ex-presidente. Ressalta que, no governo Bolsonaro, é preciso levar em conta a pandemia de Covid 19, que pegou uma taxa de 12,3% do final do governo Dilma, tendo uma melhora para 11,9% em 2019. Com a covid, chegou a 14,9% em 2021, mas vem apresentando melhoras e, em 2022, diminuiu para 9,41%.

Ressalta também a importância de levar em consideração a dívida pública sobre o PIB que, no primeiro governo Lula, fechou em 65% do PIB em dívidas públicas Atualmente, no governo Bolsonaro, segundo ele, o índice é de 80%.

 

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