O óbvio não é o caminho

Na complicada época de escolher qual carreira seguir, o então adolescente Miguel Pardo realizou um teste vocacional.

Redação   Publicado em 23/04/2010, às 15h36

Na complicada época de escolher qual carreira seguir, o então adolescente Miguel Pardo realizou um teste vocacional. Ele poderia atuar nas áreas de exatas, humanas ou biológicas, já que o resultado apontava que Miguel tinha aptidões para cursar história, medicina, jornalismo, engenharia mecânica e engenharia química. A diversidade de opções torna sempre a decisão mais difícil e por que não dizer arriscada? Sim, mas não para ele. Escolheu estudar engenharia mecânica e especializou-se em produção. “Fiz a escolha certa, mas toda escolha pode ser certa. O importante é seguir em frente e não olhar para trás”, profetiza o hoje empresário de 42 anos.

Logo no início, o jovem pôs a cara para bater em busca de um estágio. A tarefa não era nada fácil, ainda mais por se tratar de um “bixo”, recém-chegado às salas de aula da faculdade. Tamanha persistência funcionou e Miguel passou por seis empresas ao longo do curso de engenharia.

Trabalhou em diversos ramos para saber do que realmente gostava e o que queria fazer para o resto da vida. No último estágio, teve a certeza de que este problema, ao menos, estava resolvido. “Ali, a área de combustíveis e lubrificantes entrou no meu sangue”, brinca.

Após a formatura, tudo indicava que ele seguiria nessa empresa, mas definitivamente o óbvio não fazia parte dos planos de Miguel. Sempre quis ter o seu próprio negócio, tanto que, aos 16 anos, chegou a montar uma empresa para produzir camisetas. Sinal de que o empreendedorismo estava na veia.

E assim foi. Em 1992, ele fundou a Hilub, especializada em lubrificação de equipamentos e que era a materialização de seu trabalho de conclusão de curso da faculdade. Claro que dali em diante a vida não foi um mar de rosas. A companhia viveu – ou sobreviveu – nos dois primeiros anos sem nenhum faturamento. Enquanto tentava seguir em frente, trabalhou como corretor de imóveis nos fins de semana e também ajudava a esposa que possuía um café. “Almocei muita tortinha de frango e de palmito no café da minha mulher”, relembra.   

O jovem empresário acostumou-se a ouvir muitos “nãos” e, até conquistar o primeiro cliente, achou que teria que desistir do sonho. “Quando pensei em desistir, resolvi seguir um conselho do meu avô. Ele dizia que, antes de tomar qualquer decisão, é preciso esperar dois dias”. A tática deu certo e o primeiro contrato apareceu neste período, exatamente no dia em que nascia sua primogênita.

Superados os obstáculos iniciais, as coisas melhoraram, mas ainda faltava muito para a história ter o seu final feliz. Crises aqui e dívidas acolá faziam parte da rotina do empresário. Nesta época, ele passava a semana atrás de potenciais clientes e chegava a varar noites cuidando da administração da empresa.

O negócio só decolou mesmo nos anos 2000. A partir de 2004, já com o sócio que está ao lado de Miguel até hoje, a companhia obteve 67% de crescimento anual, margem só interrompida com a crise de 2009.

Mas, como faz questão de reiterar, toda crise tem seu lado positivo e a companhia se reinventou após atravessar os maus momentos por que passava a economia mundial. No fim do ano passado, foi comprada uma outra empresa e a fusão resultou no grupo Hilub Preditiva.

Hoje, Miguel emprega mais de 400 funcionários e conta com aproximadamente 500 clientes. Com a sede na capital paulista, a empresa atua em várias partes do Brasil e já está com os pés fincados também no Chile e na Espanha. Para 2010, a expectativa de faturamento de Miguel é da ordem de R$ 25 milhões.

A satisfação ao resgatar sua trajetória reflete no animado tom de voz do empresário. “Agora, a empresa começa a caminhar sozinha como um filho que conquista a independência”, diz Miguel. A frase pode parecer sair de alguém que já planeja a aposentadoria. Ao contrário, ele garante ter planos para o negócio nos próximos 20 anos, mas esta já é uma outra história.    

Talita Fusco

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