Um dos requisitos para a autorização de funcionamento de uma escola é a existência de um secretário.
Redação Publicado em 12/08/2008, às 16h39
Muitas moças, em início de carreira, têm o sonho de trabalhar em empresas de grande porte, multinacionais, atendendo altos executivos, na função de Secretária. Para isto, muitas se preparam, fazem, até, faculdade – o Brasil é o único país do mundo onde esta profissão é regulamentada, tem organização sindical formada e oferece cursos de nível superior.
Mas, será que algumas destas jovens gostariam de se arriscar atuando como Secretária de Escola? Dificilmente a resposta seria sim, uma vez que lá fora, em grandes empresas, os salários ultrapassam a casa dos R$ 5 mil, sem contar os benefícios e as possibilidades de ascensão que a profissional teria.
Com isto, a carreira de Secretário de Escola ficou renegada à exigência de nível médio, mas não por isto as atribuições da função deixam de ser menos importantes que as de uma Secretária Executiva de alto padrão, visto que as similaridades são muitas.
Para se ter uma idéia do grau de importância deste profissional, um dos principais requisitos para a autorização de funcionamento de uma escola é a existência de um secretário credenciado na grade de funcionários.
Apesar de a função ter grande importância no cenário educacional, a falta de interesse por parte dos profissionais formados é inevitável, visto que a exigência é o nível médio e o salário oferecido – R$ 921,86 – é muito baixo em comparação ao pago pela iniciativa privada, no geral.
Mas se, por um lado há desinteresse de graduados na área, por outro, observamos um enorme interesse de candidatos de nível médio e, até, de nível superior em outras carreiras, pois o concurso para a função recebeu um total de 156.864 inscrições.
Todas estas pessoas estão concorrendo a uma das 2.545 vagas oferecidas pelo Governo do Estado no concurso, cujas provas acontecerão neste domingo, dia 17 – isto dá uma média de 62 candidatos por vaga.
De acordo com dados da Secretaria Estadual da Educação, atualmente o estado de São Paulo conta com cerca de 5.500 escolas estaduais e 4.468 secretários na ativa.
Boa parte desta defasagem concentra-se em escolas afastadas dos grandes centros, localizadas na periferia da capital ou em cidades muito distantes, onde o desinteresse acaba cedendo lugar à necessidade.
É comum encontrarmos, nas escolas da periferia, Agentes de Organização Escolar, designados a ocuparem a função de Secretário de Escola – em muitos casos, o designado, que deveria ficar por pouco tempo na função, acaba assumindo o cargo e o exercendo por longos anos.
Mas isto é permitido? Sim. A legislação ampara a medida e dá plenos poderes ao diretor da unidade a designar algum outro funcionário de sua confiança para exercer a função, até que um novo Secretário escolha atuar naquela unidade.
Mas a realidade é que, na maioria das vezes, o aprovado no concurso depara-se com alguns fatores que dificultam sua escolha no momento de decidir onde prefere trabalhar, tais como localização da escola, dificuldade de acesso, entre outros.
Tudo isto vai deixando as escolas da periferia, cada vez mais isoladas e tornando o designado, um profissional efetivo no cargo.
Sindicato
Segundo a presidente do Sindicato das Secretárias do Estado de São Paulo (SINSESP), Isabel Cristina Baptista, uma das maiores dificuldades para o reconhecimento da função de Secretário de Escola Estadual é a falta de exigências para a atuação no cargo.
“Em razão da Secretaria Estadual de Educação enquadrar este profissional como Quadro de Apoio Escolar, onde não há uma somatória e tampouco evolução do perfil secretarial defendido pelo sindicato, os profissionais do secretariado formados, preparados e conscientes não se interessam pelo cargo”, declara a presidente.
Ela julga que a maioria das pessoas que optam em prestar concurso para esta carreira não possuem uma profissão. Outro motivo apontado pela presidente que acaba afastando o interesse na ocupação é a falta de clareza e entendimento das atribuições estabelecidas.
De acordo com Isabel, a função deve ser valorizada. “Atualmente o Secretário(a) não tem mais características operacionais e sim um perfil de assessorar, liderar, ter visão generalista da organização, ter iniciativa, criatividade, saber gerenciar informações, entre outras habilidades”, finaliza.