Evanildo, ex-MST, aprovado em diversos concursos públicos
Por Evanildo Ferreira Martins Publicado em 30/01/2015, às 16h05
Sou filho de agricultores e durante um bom tempo fiz parte do Movimento Sem Terra. Na ocasião, ainda não pensava em ingressar na carreira pública. Pensava, principalmente, em conquistar um pedaço de terra não para mim, mas principalmente para os meus pais, que sempre trabalharam no campo. Para mim, esta era uma forma de conseguir realizar o sonho deles. No entanto, a lentidão do processo de reforma agrária e o próprio sofrimento de sobreviver em um barraco em condições pouco humanas me deixava indignado e, ao mesmo tempo, esperançoso de poder crescer e conquistar uma vida melhor.
Foi então que, ao sair do MST, comecei a me interessar pela carreira pública. Para mim, a ideia de conseguir ingressar no funcionalismo passou a representar uma forma de alcançar aquilo que eu buscava quando ingressei no movimento e oferecer uma vida digna para minha família.
Nunca fui uma dessas pessoas com acesso ao estudo e outras facilidades. Iniciei a primeira série do ensino fundamental com 11 anos. No entanto, isto não me impediu de terminar o ensino médio, a graduação e iniciar a pós-graduação.
Quando iniciei os estudos para ingressar na carreira pública, tinha apenas o ensino médio. Tinha que conciliar família, trabalho e estudos. Tive dificuldades em matemática, língua portuguesa e informática, principalmente. Eu mal sabia utilizar um computador. Deste modo, assimilar os conceitos era ainda mais trabalhoso.
Uma coisa que me ajudou muito foi ingressar em um bom cursinho preparatório, como o Alfacon, com professores comprometidos, materiais focados no edital e direcionados as peculiaridades de cada banca examinadora. Claro que nada disso teria sido suficiente sem que houvesse comprometimento com os estudos da minha parte.
Tive um professor que dizia que estudar para concursos é como uma escada na qual quem não para certamente alcançará a aprovação. Comigo não foi diferente. Primeiro, obtive êxito em concursos municipais, como monitor educacional, bibliotecário, agente de transporte e agente de trânsito, que é meu cargo atual. Depois, fui aprovado na Polícia Militar do Paraná, Polícia Rodoviária Federal e, recentemente, em educador social do Estado do Paraná.
Uma coisa que acho importante ressaltar é que a aprovação na parte objetiva é apenas o primeiro passo. Já fui reprovado na avaliação psicológica em dois concursos. Para um bom desempenho na primeira fase, considero fundamental organizar-se com um plano de estudos em forma de rodízio, de tal modo que possa estudar todas as disciplinas. Depois, assistir aulas, estudar por meio de apostilas e ler a lei seca. Sempre é fundamental fazer anotações com resumos, que aperfeiçoam o tempo na reta final. Além disso, fazer exercícios e simulados ajudam muito. Rotina de estudos e repetição são essenciais.
Para superar minhas dificuldades, estudava por meio da chamada osmose, ou seja, inseria uma matéria difícil na grade de estudos, assim todos os dias em a estudava pelo menos uma hora junto com os demais. Quando esta disciplina ficava mais fácil, eu acrescentava outra matéria que tinha mais dificuldade.
No momento, não estou me preparando para nenhum concurso. A curto prazo, minha expectativa é assumir um cargo dos concursos dos quais já fui aprovado e continuar os estudos, com novos rumos, sem sacrificar tanto minha família. Quero curtir mais a vida ao lado das pessoas que amo. Atualmente, tenho minha casa própria, meu carro e boas perspectivas em crescer ao assumir novos cargos.
Para quem pretende ingressar na carreira pública, acho fundamental que, antes de tudo, se pergunte o que quer para a própria vida. Focalize seus objetivos, pois muitos obstáculos aparecem. É importante saber o que quer e aonde quer chegar. Desse modo, é mais fácil enfrentar seus limites e concretizar suas metas. Além disso, tenha sempre presente em sua vida palavras positivas, como “eu consigo” e use as negativas apenas como mais um dos motivos para continuar batalhando até vencer.