Mãe, concursanda e primeiro lugar no concurso da Caixa Ecônomica Federal, para a carreira de arquiteta. Todos esses títulos cabem a uma só pessoa, Danusia do Rosário de Macedo Medeiros.
Para muitas concursandas, um bebê pode adiar os planos de ocupar um cargo público, principalmente pela dificuldade em conciliar as horas de preparação com os cuidados a um ser no início da vida.
A história de Danusia do Rosário de Macedo Medeiros desafia essa lógica. Para essa paraense da cidade de Bragança que mora em Macapá (AP) há cinco anos, o nascimento da filha foi a motivação que faltava para se lançar em busca de uma oportunidade no serviço público. “Decidi prestar concurso por opção minha, por causa da estabilidade e do salário. O mercado profissional autônomo é incerto, e para quem tem filho pequeno o concurso é uma garantia de um futuro melhor”.
A reviravolta começou quando Rafaela tinha apenas um ano. Formada em arquitetura e urbanismo pela Universidade Federal do Pará, Danusia se inscreveu no concurso da Secretaria de Estado de Infraestrutura do Amapá, para o cargo de analista de infraestrutura. A decisão foi colocada à prova no momento do teste. “Minha filha tinha ficado com a babá, recém-contratada, pela primeira vez sem a minha presença e fiquei muito preocupada, porque Rafaela era muito pequena. Não conseguia me concentrar e fui a primeira a entregar a prova”.
Mesmo com a turbulência de pensamentos e emoções, o conhecimento que tinha adquirido antes do exame lhe valeu o 23º lugar entre os classificados. A nomeação veio dois anos depois, em novembro de 2011.
Sem a inquietação da instabilidade, era a hora de resgatar um antigo projeto, que a paraense arriscou pela primeira vez em 2010. “Havia tentado o concurso da Caixa, para arquiteto, e não tinha tido uma boa preparação. Não passei”.
Quando o banco publicou novo edital, em fevereiro de 2012, Danusia resolveu se dar uma nova oportunidade. A maior dificuldade foi associar casa, trabalho e cuidados com a filha e com o marido, mas para isso ela tinha um elemento fundamental: “contava com o apoio e a compreensão da família”.
O estudo foi organizado para ser feito nos intervalos da jornada profissional, cumprida das 7h30 às 12h e das 14h30 às 18h, e para depois das tarefas domésticas. “À noite, estudava das 21h às 2h. Procurava ler um pouquinho de cada tópico e me focar nos que acreditava serem mais importantes para a minha carreira, como programas sociais e temas voltados à habitação. Dormia pouco e acabava ficando com o raciocínio um pouco mais lento, mas isso não me prejudicou em nada, porque sempre trabalhei e estudei ao mesmo tempo. Na minha profissão costuma-se dizer que arquiteto não dorme, madruga”.
A persistência e a dedicação trouxeram o que Danusia esperava, a aprovação. E em um grau que ela não podia imaginar. “Passei em primeiro lugar para o Amapá e na região Norte. Fiquei muito feliz e realizada. Foi uma conquista que a família também sentiu. É uma questão de autoestima, uma vitória”.
Com o objetivo alcançado, a paraense de 31 anos que descobriu o gosto pelo desenho ainda na infância poderá exercitar tudo o que aprendeu no curso técnico de edificações e, posteriormente, na faculdade de arquitetura e urbanismo. E, para isso, se valerá de um conhecimento especial, que adquiriu durante a preparação. “Não existe fórmula nenhuma. É preciso ter perseverança, autocontrole e estudar. Eu diria que a perseverança é essencial, porque tem momentos de muito cansaço e outros obstáculos que devem ser superados para se atingir o objetivo. A chave é nunca desistir”.
A mesma consciência de Danusia a respeito do alcance das metas foi despertada em outros grandes nomes da história, como Albert Einstein, que disse certa vez: “mesmo desacreditado e ignorado por todos, não posso desistir, pois, para mim, vencer é nunca desistir”. E se serve de motivação para quem está passando por muitos desafios para se preparar e atingir o posto público desejado, Albert Einstein foi um cientista incompreendido no início da carreira e hoje é lembrado mundialmente como um dos grandes luminares da física.
Pâmela Lee Hamer