O ortodontista Maud Fragoas conta sobre a decisão de atuar na área e os primeiros passos para a criação de uma das maiores entidades de planos odontológicos do Brasil
George Corrêa Publicado em 05/08/2013, às 15h59
Quando falamos sobre um profissional da área da saúde, certamente uma das primeiras imagens que vêm à nossa cabeça é a do médico. Aquela profissão onde são investidos anos de estudos e dedicação, que no fim devem, ou deveriam, resultar na formação de um ótimo profissional com remuneração superior em todos os quesitos.
Com os pais do ortodontista Maud Nogueira Fragoas, de 75 anos - atual presidente da Uniodonto de São Paulo e nosso personagem desta edição - não era diferente. Mas as coisas não saíram bem como eles planejaram. “Fui para São Paulo buscando o curso de medicina, mas não estava focado. Achei que o problema fosse a cidade, então no ano seguinte fui para o Rio de Janeiro em uma última tentativa. Porém acabei abandonando o curso mais uma vez”.
Nascido e criado no município de Bebedouro, no interior do Estado de São Paulo, Fragoas retornou à cidade natal dois anos depois de sair. “Queria dar as devidas explicações para os meus pais, pois eles tinham investido dinheiro e expectativa em mim. Como a maioria dos pais da época, eles queriam um filho médico”, lembra. Mas ele acabou optando por outra carreira não menos renomada e igualmente importante na área da saúde: a de odontologista. “Posteriormente fiquei sabendo que no interior de Minas Gerais, em Uberaba, havia uma faculdade de medicina muito boa. Mas, chegando à cidade, soube que as inscrições estavam encerradas e, por ironia do destino as inscrições para a odontologia estavam disponíveis. Para não perder a viagem, fiz a inscrição. Veio o teste obrigatório e fui aprovado em terceiro lugar e minha paixão pela profissão nasceu e cresceu”.
Com todos os irmãos atuando como advogados, Maud é o único da família a atuar na área da saúde. Cresceu vendo o pai trabalhando em uma sorveteria no centro de Bebedouro, assim como a mãe fazendo sorvetes e doces. “Acompanhava o dia a dia dos meus pais para darem o melhor que podiam para mim e para os meus irmãos”, afirma. Talvez daí surgiu sua aptidão para conduzir negócios próprios e se engajar pessoalmente na fundação da Uniodonto. Mas como era de se esperar, nada foi muito fácil. “Depois de formado, eu vim para São Paulo a convite do meu tio, que trabalhava em um consultório e cheguei a instalar TVs de circuitos fechados para consultórios. Voltei à Bebedouro para ajudar meus pais nos negócios, vendi livros e jornais em um anexo da sorveteria e cheguei a vender gás. Fui muito bom na área comercial”.
Mas como nada disso era o que o recém-formado odontólogo tinha em mente como objetivos, ele optou por voltar à capital, em busca de novas oportunidades. Começou a trabalhar no pronto socorro da Associação Paulista dos Cirurgiões Dentistas (APCD), onde o movimento era grande. “Eu atendia três pessoas ao mesmo tempo, ganhava um pequeno salário e posteriormente fui trabalhar como dentista no Sindicato da Borracha, onde fiquei por 14 anos. Fui demitido porque meu salário estava muito alto, depois de tanto tempo no cargo”, destaca. Com toda essa experiência adquirida e tanta instabilidade, Fragoas tomou a decisão de montar seu próprio consultório.
Foi quando, em 1978, surgiu o revés. Maud foi chamado para uma reunião na Unimed, onde lhe foi proposta a criação de uma cooperativa odontológica, associada ao grupo Unimed São Paulo. Assim surgia a Uniodonto, que teve como sua primeira sede o porão do imóvel onde funcionava a sede da Unimed em São Paulo. “Era um espaço pequeno, mas ali nascia a semente da história de sucesso da Uniodonto de São Paulo”, diz. Mas no começo, a entidade enfrentou muitos problemas. “Foi muito difícil, pois ninguém acreditava e conhecia bem o conceito. Equilibrar o número de clientes e cooperados era uma tarefa muito difícil, mas depois de perseverar e acreditar no modelo, fomos adquirindo a confiança das grandes empresas e o resultado foi inevitável”, lembra com orgulho, destacando que o porão ficou pequeno para a entidade.
A Uniodonto, então, se tornou a maior conquista da vida do nosso entrevistado, pois foi a forma que ele encontrou para unir a odontologia e seu papel social. “Sempre acreditei que o cooperativismo era uma solução para a democratização da odontologia”. Apesar de parecer que o limite foi alcançado, Fragoas dá a entender que as realizações apenas começaram. “Esse ano está sendo promissor e especial, a começar pela nova sede da Uniodonto São Paulo. Ali, obtivemos qualidade diferenciada no atendimento aos clientes e em nosso ambiente de trabalho”. Ele lembra, ainda, que muitas parcerias estão sendo fechadas, além de novas estratégias de comunicação, novas tecnologias e novos projetos sociais.
Mas quando ele lembra, lá atrás, do seu passado em Bebedouro, naqueles dias em que ainda não sabia nem onde investiria seus estudos e buscava satisfazer a vontade dos pais, dr. Maud reforça: “Se você tem um sonho, lute por ele, acredite que você conseguirá”.