Desvalorização do dólar perante o real faz a alegria daqueles que pretendem estudar no exterior. Agências redu
Redação Publicado em 06/03/2008, às 11h29
Desvalorização do dólar perante o real faz a alegria daqueles que pretendem estudar no exterior. Agências reduzem e parcelam pagamentos de cursos e facilitam as coisas para aqueles que querem fazer intercâmbio estudantil
Pode-se dizer que intercâmbio nada mais é que uma troca. É dessa forma que, por exemplo, os dicionários definem esse termo. E é possível trocar quase tudo: cultura, conhecimentos, experiências etc.
O intercâmbio estudantil, por exemplo, é uma forma possível de o aluno cursar o ensino médio (High School), aprender um idioma, participar de cursos profissionalizantes ou pós-graduação no exterior.
Muitas vezes, quem faz intercâmbio opta por residir na casa de uma família. E a que isso leva? Intercâmbio de cultura, afinal terá a oportunidade de viver como um cidadão do país escolhido, conhecendo novos hábitos de vida, convivência familiar, costumes alimentares e lazer. Ou seja, automaticamente, acabará por "intercambiar" conhecimentos e experiências.
"Entre as modalidades de intercâmbio, o ‘carro-chefe’ mesmo é idioma. Em segundo lugar, vem o colegial", afirma Vera Amaral, diretora da Connection Line, uma das várias agências de intercâmbio existentes no mercado.
Ao JC&E, Vera disse que, atualmente, em função da desvalorização do dólar perante a nossa moeda (real), houve aumento no número de estudantes interessados em estudar no exterior.
"Sem dúvida, ficou mais fácil. Caíram os preços. Um curso de idioma lá fora que custava R$ 8 mil está saindo por R$ 5 mil por causa do câmbio. Além disso, o aluno pode parcelar", comemora a diretora.
Confira, a seguir, quais são as opções de intercâmbio oferecidas a quem quer se aventurar mundo afora, segundo a dirigente da Connection Line:
• Ensino médio no exterior (high school) – voltado a jovens com idade entre 15 e 18 anos incompletos ou 19 anos (Canadá). Dependendo do destino, o candidato deve ter conhecimentos intermediários em inglês ou outra língua;
• Idiomas – há programas de estudo voltados para estudos, especificamente no período de férias (jovens a partir dos 12 anos); para qualquer época do ano (a partir de 17 anos de idade); cursos executivos, de negócios; para 3ª idade (combinando idioma e cultura, com jornada de três horas diárias);
• Curso de especialização – para quem busca certificado/diploma nas áreas de administração, marketing, tecnologia, hotelaria, moda etc.;
• Estágios profissionais não-remunerados – são destinados a profissionais que queiram incrementar o currículo (a partir de 18 anos);
• Estágios remunerados – geralmente, em turismo e hotelaria e outras áreas autorizadas pelos governos locais (também a partir dos 18 anos de idade);
• Programas acadêmicos: graduação superior, pós, MBA, mestrado. Normalmente, são procurados por pessoas que já têm alguma formação profissional.
Antes de embarcar
Apesar da fartura em termos de programas, é preciso muita calma na hora de começar a arrumar as malas. Então, afinal, por onde começar?
Há prós e contras em morar em outro país, razão pela qual, em primeiro lugar, é importante estar preparado para essa experiência e ter certeza de que é o momento certo. O medo de se ausentar por um tempo da vida cotidiana faz muitas pessoas desistirem do seu objetivo.
A escolha de uma boa agência também tem peso considerável. Pesquise, procure conversar com pessoas que estudaram fora e saber delas como foi a relação com as agências.
"O Canadá é um dos melhores destinos. Tem qualidade de ensino e um bom preço", recomenda Vera. Segundo ela, há pacotes no referido país, para a cidade de Calgary, terceira mais populosa do Canadá, por US$ 1,2 mil, com direito a acomodação em casa de família, em quarto individual (para outros destinos, há opções de dormitório universitário, residência estudantil, hotel), café e jantar, mais uma viagem turística (em outros programas, os passeios são cobrados à parte).
O período de estudos desse pacote para Calgary é de um mês (carga horária de cinco horas de aulas, por dia). "O valor da passagem aérea para essa cidade canadense é de aproximadamente mil dólares. Tem também a taxa de embarque, em torno de US$ 120. O seguro-viagem para 30 dias fica por US$ 67. O aluno deve levar mais uns US$ 670 para despesas extras básicas na cidade: transporte do aeroporto-família e vice-versa (US$ 140), transporte diário casa de família-escola e vice-versa (US$ 70), almoço durante um mês (US$ 210), excursões de fim de semana (US$ 250 no total)", orienta Vera.
Em geral, a carga horária de estudos no exterior é variável. "O ideal é optar por quatro a cinco horas de estudos, por dia (20 a 25 horas por semana). Não adianta ficar o dia inteiro na escola. Tem gente que escolhe sete horas. É muito. É recomendável destinar uma boa parte do tempo no país para treinar o que aprendeu nas ruas", opina Vera.
Em termos de acomodação, até para treinar o novo idioma junto a pessoas que o dominam, muitos alunos preferem morar em residências cujos proprietários são cidadãos daquele país. No entanto, de acordo com a diretora da Connection Line, nem sempre é possível ter essa exigência atendida. "É a escola [no exterior] quem vai dizer ao aluno quais as opções de moradia. O que o estudante pode fazer é relatar à agência de intercâmbio as suas preferências. O Canadá, por exemplo, é um país de imigrantes, então é difícil morar em casa de pessoas de origem canadense. Por ser uma nação aberta aos estrangeiros e que não costuma criar muitas dificuldades para quem quer se nacionalizar [diploma universitário e fluência em inglês ou francês são o bastante], há muitos chineses, italianos, espanhóis, portugueses", explica.
"Outro país que é considerado um diferencial é a Irlanda. Eles permitem que o aluno trabalhe quatro horas por dia, sem necessidade de visto [aluno deve ter 18 anos de idade]. Para tanto, basta comprar, no mínimo, um pacote de 25 semanas de curso de idioma. Claro, isso é o que ocorre atualmente. Mas pode ser que mude no futuro", acrescenta Vera.
Dicas
Para quem está decidido a fazer intercâmbio, a diretora da agência recomenda muito planejamento antes da viagem. "Tem que se preparar com antecedência. Não pode deixar para a última hora. No mínimo um mês antes de embarcar. Pesquisar as características do país também é importante. Outro fator a ser levado em consideração é a temperatura, o clima. Também é válido optar por morar em casas de família, até para poder vivenciar a cultura local", enfatiza Vera.
A diretora ainda acrescenta que todos os procedimentos são realizados pela agência contratada pelo estudante, bastando a ele apenas providenciar o passaporte e documentos pessoais.
Documentos
Veja a documentação que o aluno terá de providenciar para poder viajar, de acordo com a diretora da Connection Line:
• passaporte;
• visto de entrada (se o país requerer);
• passagem aérea;
• autorização, se menor de idade;
• carta de aceitação da escola onde vai estudar;
• endereço da casa de família em que ficará hospedado;
• seguro-viagem pelo período do programa [cobre médico, hospital, dentista etc.] (opcional);
• dinheiro local (as corretoras de câmbio já vendem todas as moedas).
"Quem faz intercâmbio cresce como ser humano, adquire experiência, vivência, maturidade, enfim, volta outra pessoa", afirma Vera, que completa: "um a aluno que sai do Brasil com pouco conhecimento de idioma estrangeiro consegue em oito meses passar a um nível avançado. Três meses de estudos no exterior são suficientes para quem já possuía nível intermediário antes de viajar".
Quem já vai viajar
Cilene Freitas, 25 anos, embarca agora em março para a Irlanda para estudar inglês e também aproveitar os benefícios do trabalho legal, autorizado pelas autoridades do país, mediante freqüência na escola. "Sei que não ganharei muito dinheiro com este trabalho, mas é a oportunidade de aprimorar meu idioma e viajar por toda a Europa, com o dinheiro deste ‘bico’", declara a estudante, que trabalhará num restaurante naquele país.
Já Rafael Fernandes, 15, faz planos para escolher a melhor universidade, onde pretende fazer o curso de high school (equivalente ao ensino médio brasileiro). "As agências estão facilitando o pagamento em 10, 20 vezes. Penso em aproveitar a oportunidade para embarcar para Austrália ou Estados Unidos", conta o aluno, que pretende passar um ano em solo estrangeiro, experiência apoiada por sua família.
"No começo não gostei muito da idéia, mas tive a preocupação de recorrer a uma agência séria, de tradição no mercado, que assegure a segurança de meu filho e um ensino de qualidade", conta Salete Fernandes, mãe de Rafael.
Salão do estudante
Conforme divulgou o JC&E em sua última edição, a 15a edição do Salão do Estudante, uma das principais feiras de educação internacional, teve início em São Paulo (SP), nos dias 1o e 2 deste mês. Depois, passou por Salvador/BA (dia 5 deste mês) e Rio de Janeiro/RJ (7).
O evento recebe 80 instituições de ensino dos quatro continentes, presentes em 17 países: África do Sul, Alemanha, Argentina, Austrália, Canadá, China, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Inglaterra, Irlanda, Itália, Japão, México, Nova Zelândia e Suíça.
Além disso, agências de intercâmbio, como Connection Line, CI, STB (Student Travel Bureau), entre outras
Rogerio Jovaneli/SP