Artigo do professor Edison Andrades.
Redação Publicado em 18/07/2012, às 14h42
Crescimento profissional é sinônimo de digerir alguns “sapos”, suportá-los garganta abaixo.
Fala-se muito sobre mão de obra desqualificada e pouco sobre resiliência no trabalho. No ambiente de trabalho, resiliência é a capacidade de resistir às pressões e às frustrações sem perder energia, sem se deformar psicologicamente. E saibam que é mais fácil qualificar tecnicamente um profissional recém-chegado ao mercado de trabalho, do que tornar alguém resiliente às rotinas corporativas.
Algumas organizações estão optando, em seu processo seletivo, por profissionais mais maduros, e isso se deve ao fato de que estes possuem maior capacidade de resistir aos trancos e solavancos que compõem o dia-a-dia das empresas. Em programas de treinee, isso também se repete. Na realidade, não se trata de uma regra que relaciona diretamente a idade ao nível de resiliência, mas de uma tendência. Segundo Prof. Luiz Carlos Cabrera (Eaesp-FGV), no mercado atual, há uma escassez de jovens profissionais resilientes. Na sociedade moderna, os pais, por excesso de zelo e tempo restrito de convivência, cercaram os filhos de tanta proteção que eles não desenvolveram resiliência suficiente para enfrentar os atropelos da vida adulta.
Já para os profissionais mais maduros, vejo outro movimento: sofreram as consequências das perdas causadas pela baixa resiliência e, em função disso, elevaram seu grau de tolerância; por sobrevivência, desenvolveram sua capacidade de autocontrole. Portanto podemos dizer que a vida nos deixa mais resilientes naturalmente, já que a pressão e a cobrança por resultados, exercidas pela organização, tornam-se inerentes à função, aumentando, assim, nossa imunidade em relação aos “dardos” disparados em nossa direção. Em trocadilhos, devo salientar que ser resiliente é ligar menos para o incômodo gerado pelas críticas e ater-se mais ao conteúdo delas. É receber críticas sem ser afetado. É aumentar sua capacidade de se recompor mediante deslizes e adversidades.
No mercado de trabalho de hoje, ser resiliente é aumentar sua empregabilidade e competitividade. Mas não confunda o resiliente com a figura do “capacho”. O resiliente, pelo contrário, é nobre no recebimento de certos feedbacks e aprende a se desenvolver a partir deles. Muitos jovens profissionais perdem grandes e boas oportunidades devido ao fato de não suportarem as primeiras imposições advindas de superiores hierárquicos. Com isso ficam inclinados a migrarem para outras oportunidades, contudo, quando chegam à nova empresa, deparam-se com a mesma linha hostil na cobrança dos resultados. Esse ciclo vai se repetindo até o profissional alcançar o entendimento de que as coisas funcionam assim!
Não posso afirmar que todas as organizações trabalham segundo uma linha dura e dolorosa que cobra e pressiona seus colaboradores para alcançarem resultados, mas afirmo que todo tipo de crescimento é acompanhado por dor, seja em maior ou menor intensidade, e o crescimento profissional não foge a essa regra. O grande segredo não está em fugir ou esquivar-se da dor, mas sim em aprender a suportá-la e convertê-la em crescimento.
Prof. Edison Andrades é palestrante e sócio da Reciclare Consultoria & Treinamento.
Site: www.reciclareconsultoria.com.br ; e-mail: edison@reciclareconsultoria.com.br