Artigo do professor Edison Andrades.
Redação Publicado em 21/10/2011, às 10h09
Sejam portadores de alguma necessidade especial ou não, todos deverão trazer bons resultados para uma empresa. É disso que uma organização se alimenta. Não enxergo a admissão de um PNE (portador de necessidade especial) como um favor a um necessitado, e muito menos como apenas um cumprimento de cota, mas, ao contrário, como o ingresso de um profissional munido de competências assim como qualquer outro.
Essa relação se trata de um contrato legal de trabalho seguido de um acordo moral de atitudes que permearão trabalhador e empresa. Com isso, nada deve ser alterado nas relações, pois, se a organização tiver apenas objetivo filantrópico ao admitir um PNE, correrá grande risco de não conseguir produzir de forma competitiva e, consequentemente, ser engolida por seus concorrentes. O mesmo ocorre com o trabalhador. Caso esse resolva colocar-se numa posição de autopiedade ou de preenchedor de cotas, terá dificuldades em crescer profissionalmente, além de inclinar-se para o grupo dos que deixam a vida os levar. Acomodação!
Trabalhadores na condição de PNE são tão capazes como quaisquer outros, e devem ser submetidos a processo seletivo com o mesmo grau de exigência a que se submetem outros candidatos. Obviamente, respeitadas as limitações físicas e mentais.
Presenciei casos em que o trabalhador (PNE) possuía manias e comportamentos típicos de quem pensa estar estável numa função, apoiando-se em sua própria condição. A empresa não precisa tolerar isso!
Muitas organizações também partem para um conceito apenas social e acabam tolerando certos comportamentos nocivos à rotina interna, com isso perdem clientes, afetam o clima organizacional e, consequentemente, perdem mercado.
Certa vez, presenciei, em uma companhia, um investimento altíssimo em contratação de deficientes auditivos, uma encarregada de RH era a mentora do projeto, porém aquele grupo de colaboradores possuía comportamentos péssimos no que tange ao desenvolvimento das tarefas solicitadas. Eram fofoqueiros, faziam rodinhas para “matar” serviço, negligenciavam as normas internas e usavam a deficiência auditiva como pretexto para não cumprir as ordens, simulando que não as compreendiam; além do péssimo atendimento aos clientes externos, feito através de gestos bruscos e semblantes agressivos ao se comunicar.
A conivência da mentora, em relação aos déficits, criou, na empresa, uma aversão a esse modelo de seleção a ponto de a corporação preferir, por vezes, pagar multas a submeter-se ao modelo.
Caro (a) leitor (a), lembre-se de que, para o mercado de trabalho, não deve existir deficiência, mas responsabilidade, auto investimento, motivação e, sobretudo, profissionalismo. Como clientes até reconhecemos os esforços e responsabilidade social, mas, no final, o que impera mesmo é a qualidade. E essa vem da eficiência humana e está ao alcance de todos, inclusive daqueles que o mundo prefere chamar de deficientes. Aliás, por vezes, são desses que recebemos as “melhores fatias”.
Prof. Edison Andrades é sócio da Reciclare Consultoria e Treinamento.
e-mail: edison@reciclareconsultoria.com.br Twitter: @edison_andrades