Pesquisa do Infojobs revela que a maioria das mulheres já sofreu algum tipo de discriminação no trabalho e que as oportunidades não são iguais para os gêneros
Victor Meira Publicado em 22/12/2023, às 11h25
O mercado de trabalho ainda é um ambiente hostil para as mulheres, que enfrentam diversas formas de assédio e preconceito. É o que mostra uma pesquisa realizada pelo Infojobs, HR Tech que desenvolve soluções para RH de empresas, com mais de 5 mil profissionais de todo o Brasil.
De acordo com o levantamento, 88,5% das mulheres acreditam que as oportunidades não são as mesmas para homens e mulheres e 74,1% afirmam já ter sofrido assédio ou preconceito na vida profissional. A maioria dos casos (72,7%) partiu de superiores hierárquicos, seguido de colegas de trabalho (12,9%).
A pesquisa também revelou que as mulheres têm medo de denunciar situações abusivas. Apenas 25,7% se posicionaram no momento do ocorrido, enquanto 43,8% omitiram o fato. Outras 16,7% pediram demissão e 3,8% comunicaram ao RH.
A CEO do Infojobs, Ana Paula Prado, destaca que a desigualdade de gênero começa já na etapa de recrutamento e seleção. Segundo ela, é preciso alertar sobre esse cenário e promover ambientes profissionais mais igualitários.
“Alertar sobre esse cenário tão triste no mercado de trabalho é importante o ano inteiro, mas, especialmente no Mês da Mulher, em que todos os olhares estão voltados para o tema. Precisamos falar sobre como tornar ambientes profissionais mais igualitários desde a base, lá no processo seletivo e também na cultura das empresas”, comentou.
A pesquisa do Infojobs mostrou que 61,9% das mulheres já enfrentaram situações invasivas em processos seletivos, onde o foco não era apenas suas habilidades profissionais. A situação é pior em áreas predominantemente masculinas, como engenharia ou tecnologia, já que 89,7% das respondentes acreditam que o gênero influencia na contratação.
Uma vez inseridas no mercado de trabalho, as mulheres continuam enfrentando obstáculos para se desenvolverem profissionalmente. Na percepção de 88,4%, as mulheres têm mais dificuldades para evoluir na carreira do que outros grupos. Além disso, 69,7% afirmam que já tiveram a credibilidade questionada apenas por ser mulher.
Entre os principais desafios enfrentados pelas mulheres no trabalho, destacam-se: conquistar uma oportunidade de emprego (27,7%) e a dificuldade para conquistar reconhecimento e crescer profissionalmente (26,3%). Esses pontos já haviam sido apontados em uma pesquisa anterior, realizada em 2022.
A pesquisa do Infojobs também abordou a questão da liderança feminina nas empresas. Para 96,3% das participantes, a promoção de mulheres ajuda a incentivar outras profissionais. No entanto, 78,9% das entrevistadas responderam que sentem a necessidade de que uma mulher seja mais qualificada para assumir cargos de liderança.
Isso porque 66% das entrevistadas afirmam que nunca trabalharam em uma empresa onde a quantidade de mulheres na liderança era maior do que a de homens. Ana Paula Prado ressalta que a liderança feminina pode trazer mais sensibilidade para alguns assuntos, como licença maternidade, mas que a igualdade precisa ser trabalhada como um todo, especialmente em lideranças masculinas.
“A liderança feminina pode ter mais sensibilidade diante de alguns assuntos, como licença maternidade. No entanto, reforço que a igualdade precisa ser trabalhada como um todo, especialmente em lideranças masculinas. Precisamos desconstruir padrões. O fato de uma colaboradora ter filhos ou não, não deve ser relevante nem no processo seletivo e muito menos ser usado como critério de demissão”, conclui.
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