Apenas em 2022, foram 2 milhões de pesquisas no Google sobre desculpas para faltar o trabalho
Victoria Batalha Publicado em 25/11/2022, às 11h49 - Atualizado às 11h55
Uma pesquisa feita pela agência global de recrutamento, Frank Recruitment Group, apontou um aumento no número de buscas feitas no Google sobre desculpas para faltar ao trabalho. Apenas nos Estados Unidos, durante este ano, foram feitas 2 milhões de pesquisas sobre o assunto, enquanto em 2018 foram apenas 300 mil buscas.
A explicação para isso é o retorno do trabalho presencial pós-pandemia, número que vem crescendo também no mercado de trabalho brasileiro. O especialista em carreira e escritor, Uranio Bonoldi, acredita que em um cenário que se vem discutindo o “quiet quitting” (fenômeno em que trabalhadores fazem apenas o mínimo) e as demissões em massas, a busca por desculpas para faltar ao trabalho é um sinal de adequação as relações profissionais.
“A tensão entre colaboradores e gestores é cada vez mais tangível", diz Bonoldi. De um lado existem líderes que precisam de colaboradores comprometidos com o desempenho da empresa e do outro profissionais que agora buscam um equilíbrio entre carreira e vida pessoal. “Muitos já não veem propósito em se entregar de corpo e alma ao trabalho, muitas vezes abrindo mão do próprio bem-estar, para que a instituição prospere. É uma conta que, para muitos, não fecha, por isso se observa esse desinteresse”, explica.
Com acontece no “Quiet Quitting”, onde os colaboradores fazem apenas o mínimo exigido para não se sobrecarregarem com o trabalho, a busca por desculpas para não irem trabalhar é a forma que os profissionais estão encontrando para limitar o tempo e energia que estão dispostos a gastar e oferecer aos seus empregadores.
“Porém, essa não é a forma ideal de se lidar com o problema. Reduzir o próprio desempenho no trabalho para demonstrar insatisfação só pode trazer prejuízos para sua própria carreira profissional e desenvolvimento da pessoa como indivíduo. O caminho correto é buscar um diálogo aberto, apontar suas reivindicações, buscar soluções, e em último caso até mesmo se organizar para buscar outro trabalho que confira claramente um propósito de vida.”, explica o escritor.
Uranio ainda ressalta que esse fenômeno não é algo relacionado a gerações, em que os jovens estão desmotivados em relação ao trabalho. “Esse é um tipo de crise que afeta diferentes faixas etárias e setores da economia, especialmente cargos com maior grau de especialização, no qual os trabalhadores podem se dar o luxo de ficar sem trabalho”, completa.
Bonoldi acredita que o mercado de trabalho precisa prestar atenção a esse tipo de comportamento e encontrar soluções de atrair bons profissionais, garantindo que eles mantenham um interesse pelas suas atribuições e responsabilidades. Sendo o diálogo aberto e sincero, o principal caminho.