A diferença salarial entre brancos e negros no Brasil é alarmante. Confira os dados da nova pesquisa do IBGE e entenda a desigualdade racial no mercado de trabalho
Victor Meira Publicado em 04/12/2024, às 10h57
A desigualdade racial no mercado de trabalho brasileiro continua a ser um desafio. De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (4), a hora trabalhada de uma pessoa branca vale 67,7% mais que a de trabalhadores pretos e pardos. Enquanto negros – conjunto de pretos e pardos – recebem em média R$ 13,70 por hora, os brancos recebem R$ 23. Isso significa que negros recebem 40% a menos que os brancos por hora trabalhada.
A pesquisa revela que a disparidade salarial persiste em todos os níveis de escolaridade. Entre os trabalhadores sem instrução ou com fundamental incompleto, a diferença é de 30%. A maior disparidade é observada entre aqueles com ensino superior completo, onde os brancos ganham 43,2% mais que os negros – R$ 40,24 contra R$ 28,11 por hora trabalhada.
O estudo também destaca a desigualdade no rendimento médio real da população. Enquanto a média salarial geral no país é de R$ 2.979, a média salarial dos brancos é de R$ 3.847, superando em 69,9% o valor recebido pelos negros, que é de R$ 2.264. Comparando com dados de 2019, a desigualdade racial nos rendimentos diminuiu de 74,9% para 69,9%, mas ainda permanece extremamente elevada.
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Denise Guichard Freire, pesquisadora do IBGE, explica que "pretos ou pardos normalmente estão inseridos em ocupações que pagam menos, como construção, agropecuária e serviço doméstico, enquanto a população branca está em ocupações com rendimentos maiores, como informação e comunicação e administração pública". Essa diferença estrutural no rendimento médio real permanece.
A pesquisa também analisa a desigualdade de renda por sexo. Homens ganham em média R$ 3.271, enquanto mulheres recebem R$ 2.588, uma diferença de 26,4%. Em termos de valor da hora trabalhada, homens recebem R$ 18,81, 12,6% a mais que as mulheres, que ganham R$ 16,70.
A informalidade é outra dimensão da desigualdade racial. Em 2023, 40,7% da população estava em ocupações informais. Entre os brancos, a informalidade era de 34,3%, enquanto entre os negros era de 45,8%. A taxa de subutilização da mão de obra foi de 18%, sendo 13,5% para brancos e 21,3% para pretos e pardos.
A pesquisa também mostra que o nível de ocupação da população brasileira em 2023 foi de 57,6%, com uma diferença de 20 pontos percentuais entre homens (67,9%) e mulheres (47,9%). Denise Freire destaca que "o nível de ocupação tende a ser menor para as mulheres devido ao trabalho não remunerado, como dedicação ao trabalho doméstico e cuidados com parentes".
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