Hoje em dia, é comum boa parte da população reclamar que não consegue emprego de jeito nenhum. Ano a ano...
Redação Publicado em 16/03/2007, às 11h14
Hoje em dia, é comum boa parte da população reclamar que não consegue emprego de jeito nenhum. Ano a ano, milhares de jovens ingressam no mercado de trabalho e tantos outros profissionais, pouco ou muito experientes, lutam para conseguir uma recolocação ou atualizar a que já possuem.
A imprensa, quase que diariamente, aborda o problema da falta de emprego, para tentar contribuir ou, pelo menos, facilitar esta procura incessante. Já uma parcela considerável das empresas declara que os brasileiros reclamam da falta de emprego, mas quando surge uma oportunidade não se empenham ao máximo para ser escolhidos dentre os candidatos.
Afinal, quem tem razão? Os desempregados ou os empregadores?
De acordo com o presidente do site de recrutamento on-line Curriculum.com.br, Marcelo Abrileri, oportunidades de emprego não faltam ao brasileiro. "O que existe é a dificuldade de preenchê-las, pois há poucos profissionais que possuem os perfis exigidos pelas empresas", garante o executivo. E explica: "hoje, as empresas sofrem com a concorrência e, por isso mesmo, estão se preparando muito para sobreviverem. Desta forma, são cada vez mais exigentes".
Gerusa Mengarda, gerente de recrutamento e seleção da Gelre, uma das maiores agências de emprego do País, também compactua da opinião de Abrileri. "Há cerca de sete anos, praticamente todas as vagas reunidas pela Gelre eram facilmente preenchidas. Hoje, as empresas estão cada vez mais exigentes e sobram vagas, porque é difícil encontrarmos candidatos com o perfil ideal", diz a profissional. "Quando se fala em vagas para o público operacional, a situação piora, porque falta qualificação e até um certo empenho em conseguir uma colocação. Muitos preferem ficar em casa, a ganhar um salário baixo ou trabalhar em um horário que não lhe agrade. Mas eles se esquecem que, de uma forma ou de outra, é preciso começar um dia, e nem todos ingressarão no mercado de trabalho já ocupando um cargo de chefia. Muitos candidatos, principalmente os jovens, possuem cada vez menos limites e são extremamente imediatistas", explica a gerente.
Abrileri afirma que só existem três fatores capazes de "espantar" os candidatos ou fazê-los desistir da vaga ainda durante um processo de seleção:
• o profissional, que é excelente, foi contratado por uma outra grande empresa e acabou abandonando o processo seletivo atual, sem sequer avisar à equipe de recursos humanos que a oportunidade já não lhe interessa;
• o candidato, que é mediano e tem pouca qualificação, foi reprovado várias vezes em outros processos seletivos similares e acaba desistindo de participar de mais um, por pura desmotivação;
• o profissional, muitas vezes até qualificado, não tem condição financeira de deslocar-se à empresa que o convocou, já que, depois de muitas "andanças", o dinheiro "acabou".
O presidente revela que, quando um departamento de Recursos Humanos faz uma contratação leva em conta as competências de cada um. Mas na hora de demitir o funcionário baseia-se, quase sempre, no comportamento demonstrado por ele. Por isso, quando termina de entrevistar alguém, Abrileri sempre se faz algumas perguntas em silêncio com relação àquele indivíduo, que servem como pontos de reflexão para todo candidato. São elas:
• eu compraria um carro desta pessoa? (ou seja, ela demonstra confiabilidade?);
• se eu ficasse preso no elevador com esta pessoa, seria uma experiência agradável? (ou seja, eu teria uma convivência agradável com ela?);
• eu a chamaria para jantar? (ou seja, ela tem postura para comportar-se bem em minha casa?).
Como conseguir um emprego?
Veja as dicas fornecidas pelo presidente da Curriculum para quem busca um emprego ou pretende ter sucesso na empresa que já o emprega:
• dominar um segundo idioma, principalmente o inglês;
• possuir conhecimentos reais em informática, pois muitos candidatos deixam a desejar quando são testados neste quesito. É que, segundo o executivo, muitos não têm interação com as máquinas, principalmente os menos favorecidos;
• ter uma visão sistêmica da empresa onde trabalha ou pretende atuar. "É muito importante ‘estar ajustado ao todo’ e conhecer sua importância dentro daquela organização", enfatiza Abrileri;
• possuir criatividade focada na resolução de problemas;
• ter a capacidade de empregar, de fazer (ou seja, possuir um "espírito fazedor");
• ter um excelente poder de comunicação;
• possuir espírito de equipe. Para ilustrar a importância deste quesito, Abrileri compara o excelente resultado obtido pelo time brasileiro na Copa de 2002, com a participação vexaminosa do Brasil na Copa de 2006, quando várias ‘estrelas’ tentaram brilhar ‘sozinhas’ e nada deu certo;
• ser empreendedor, para compreender os grandes objetivos da empresa;
• ter cursado uma faculdade de ‘primeira linha’ também ajuda muito na busca por uma boa colocação.
Cristiane Navarro Vaz/SP