Fraude no INSS: Governo suspende acordos com entidades e promete devolução de descontos indevidos

Após operação da PF que revelou fraude bilionária no INSS, governo suspende contratos com associações e garante devolução automática de valores descontados indevidamente de aposentados e pensionistas

Victor Meira   Publicado em 25/04/2025, às 14h27

Freepik

O governo federal reagiu com força à revelação do esquema de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que resultou na demissão do então presidente do órgão, Alessandro Stefanutto. 

Após investigações da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) indicarem o desvio de até R$ 6,3 bilhões por meio de descontos indevidos em contracheques de aposentados e pensionistas, o Ministério da Previdência Social anunciou uma série de medidas para estancar o problema e reparar os prejuízos causados aos beneficiários.

A principal decisão foi a suspensão imediata de todos os Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) firmados com entidades e associações, inclusive aqueles assinados em gestões anteriores. Além disso, os descontos de mensalidades associativas não autorizadas foram cancelados e os valores cobrados indevidamente no mês de abril de 2025 serão devolvidos automaticamente na folha de pagamento de maio — sem necessidade de pedido por parte dos segurados.

“Como os descontos foram suspensos, os segurados não precisam solicitar o cancelamento. Também não é necessário ir até uma agência do INSS”, reforçou o Ministério da Previdência Social, em nota oficial.

Entenda a fraude que gerou demissões no INSS

Segundo as investigações, as fraudes ocorreram entre 2019 e 2024 e envolviam descontos mensais sem autorização formal dos beneficiários. Os valores apareciam nos contracheques como se os aposentados e pensionistas fossem membros de associações — muitas das quais não ofereciam nenhum serviço concreto e atuavam sem estrutura.

A CGU identificou 11 entidades envolvidas no esquema, entre elas o Sindicato Nacional dos Aposentados (Sindnapi), cujo vice-presidente é o irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Frei Chico. A entidade afirmou, em nota, que atua com autorizações formais e apoia as investigações.

A operação da PF resultou na demissão do presidente do INSS e no afastamento de cinco servidores públicos. A apuração começou em 2023, dentro da CGU, e só em 2024 foi encaminhada à Polícia Federal, quando surgiram indícios de crimes.

Governo cancela descontos e moderniza sistema de controle

Além das suspensões e da devolução dos valores cobrados indevidamente, o governo adotou uma série de ações preventivas desde o início da atual gestão. Em janeiro de 2024, o INSS passou a divulgar orientações sobre como os beneficiários poderiam bloquear descontos não autorizados. A partir daí, novas regras foram implementadas gradualmente, incluindo:

Outra inovação relevante foi a disponibilização, em setembro de 2024, de um campo no Meu INSS onde o aposentado pode consultar se assinou algum termo de adesão, com a possibilidade de bloqueio imediato.

Números escancaram dimensão da fraude

Os dados atualizados mostram a gravidade da situação e a reação contundente do governo atual:

Os dados demonstram que ações concretas foram tomadas na atual gestão, especialmente quando comparadas ao volume muito inferior de exclusões de mensalidades em governos anteriores.

As associações envolvidas

A maioria dos acordos com as associações investigadas foi firmada antes de 2023. Apenas a AAPEN (antiga ABSP) teve acordo assinado na atual gestão. As demais, como a Contag, Ambec, Conafer e Sindnapi, tinham contratos desde 1994, 2014, 2017 e 2022.

Com a suspensão dos acordos e o rompimento de todos os contratos, o governo promete endurecer os critérios para novos convênios com entidades e manter vigilância permanente sobre os descontos feitos na folha de benefícios dos aposentados e pensionistas.

O que o beneficiário pode fazer

Os segurados não precisam comparecer ao INSS nem entrar com requerimentos. A devolução dos valores será feita automaticamente, e os canais de atendimento como o Meu INSS e o telefone 135 já estão atualizados para permitir o bloqueio de novos débitos.

Casos de descontos anteriores a abril de 2025 serão analisados por um grupo da Advocacia-Geral da União (AGU), que avaliará o ressarcimento conforme cada situação.

+++Acompanhe as principais informações sobre o mercado de trabalho no JC Concursos

INSS Governo federal Polícia Federal CGU Aposentados Pensionistas Dataprev Meu INSS mensalidade associativa reembolso INSS fraudes INSS reforma INSS devolução descontos Sindnapi Alessandro Stefanutto restituição INSS investigação CGU esquema de corrupção segurança previdenciária Ministério da Previdência Social servidores afastados operação policial ACT suspensos comando por voz INSS descontos indevidos Central 135 associações de aposentados biometria INSS bloqueio de desconto
empregos