Mulheres no mercado de trabalho têm problemas em processos seletivos e assédio

Uma pesquisa do Infojobs revela os desafios enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho, incluindo assédio, desigualdade salarial e falta de oportunidades

Victor Meira   Publicado em 17/04/2024, às 14h45

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O mercado de trabalho segue bastante desafiador para as mulheres. Pelo terceiro ano consecutivo, uma pesquisa realizada pelo Infojobs destaca as adversidades cotidianas vivenciadas por elas, com a dificuldade em encontrar oportunidades (27%) e o anseio por reconhecimento ou crescimento profissional (26%) liderando a lista de obstáculos.

A pesquisa revela uma percepção de desvantagem, onde 77% das mulheres acreditam que os homens têm mais chances de sucesso. Além disso, 88% das entrevistadas reconhecem a existência de uma desigualdade salarial, com 54% afirmando que ganham menos do que colegas homens na mesma função.

Os números mostram percepções recorrentes, como a questão da credibilidade profissional. Em ambos os anos, 2023 e 2024, 69% das participantes sentiram que, por serem mulheres, não eram consideradas aptas para certas funções. E 71% acreditam que perderam oportunidades simplesmente por serem mulheres, com apenas 13% afirmando nunca terem enfrentado grandes obstáculos”, reflete Ana Paula Prado, CEO do Infojobs, sobre os dados da pesquisa. 

O estudo aponta que o preconceito começa já no processo seletivo, com 58% das mulheres relatando terem passado por situações invasivas ou subjetivas, onde suas competências profissionais não eram o único foco. No que tange à liderança, 42% nunca trabalharam sob a gestão de mulheres, enquanto 40% já estiveram em empresas com mais mulheres do que homens na liderança — um aumento de 4 pontos percentuais em relação ao ano anterior, indicando uma mudança positiva no mercado. Destas líderes, 47% eram mulheres negras.

A diversidade ainda é um desafio, com 62% das entrevistadas afirmando nunca terem trabalhado com uma mulher trans. Durante a jornada profissional, 70% se sentiram mais apoiadas por outras mulheres do que por homens, ressaltando a importância de políticas de inclusão e igualdade de oportunidades.

Infelizmente, 65% das mulheres afirmam ter sofrido assédio ou preconceito no trabalho, com a maioria dos casos partindo de superiores. Diante dessas situações, 45% optaram por não reportar o ocorrido, 23% se posicionaram imediatamente, 16% pediram demissão e apenas 5% comunicaram ao RH.

É alarmante que muitas prefiram pedir demissão a reportar ao RH. Isso sublinha a necessidade de reforçar uma cultura justa nas empresas e de criar canais de denúncias anônimas para proteger as vítimas e diminuir a incidência de assédio”, comenta Prado ao citar a importância de uma cultura empresarial igualitária. 

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