Um estudo encomendado pelas fintechs Zetra e SalaryFits mostra os impactos da saúde financeira dos trabalhadores na sua qualidade de vida e na produtividade das empresas
Victor Meira Publicado em 15/02/2024, às 20h38
Ter um emprego com carteira assinada é o sonho de muitos brasileiros, mas isso nem sempre significa ter tranquilidade financeira. É o que revela a 3ª edição da Pesquisa “Hábitos e Impactos da Saúde Financeira dos Trabalhadores”, realizada pelas fintechs Zetra e SalaryFits, em parceria com a On The Go, restech de pesquisa de mercado.
O estudo, que entrevistou 1 mil trabalhadores de todo o país, mostra que 63% deles enfrentam dificuldades para cobrir suas despesas básicas, como moradia, alimentação, saúde e transporte. Além disso, a pesquisa evidencia a relação direta entre as condições financeiras dos trabalhadores e seu bem-estar físico e mental.
Quando confrontados com a falta de recursos no final do mês, 58% dos entrevistados afirmam sentir estresse, enquanto 44% relatam aumento da irritabilidade em casa, 44% apresentam diminuição da atenção e 34% experimentam menor produtividade no trabalho. Esses fatores não afetam apenas os indivíduos, mas também as empresas, que podem ver sua produção e lucratividade prejudicadas pela saúde financeira dos seus funcionários.
Os dados da pesquisa revelam que, embora a situação financeira dos trabalhadores seja crítica, houve uma ligeira melhora em relação a 2021, quando 66% deles não tinham recursos suficientes para despesas básicas. Em 2019, o percentual era de 58%.
Curiosamente, a pesquisa destaca uma falta de planejamento financeiro em segmentos mais abastados, com 55% das famílias com renda acima de 20 salários mínimos enfrentando dificuldades. As mulheres, representando 66% dos casos, lideram as estatísticas, enquanto os jovens até 30 anos enfrentam esse desafio em 47% dos casos.
A pesquisa categorizou os gastos pessoais em três grupos: essenciais, necessários e supérfluos. São os gastos essenciais, como moradia, alimentação, saúde e transporte, que, no final do mês, muitos brasileiros não conseguem cobrir.
Quando falta dinheiro, 24% dos entrevistados recorrem a freelas, 16% utilizam o cheque especial, com uma taxa média de juros de 7,96% ao mês, e 10% optam por empréstimos bancários. Além disso, 52% dos entrevistados ficaram negativados no SPC ou Serasa nos últimos 12 meses.
Diante desse cenário, as empresas estão buscando soluções para ajudar os funcionários a evitar dívidas e melhorar sua saúde financeira. Segundo a pesquisa, 87% dos trabalhadores acreditam que os departamentos de Recursos Humanos podem auxiliá-los em questões econômicas.
A educação financeira desponta como a principal ferramenta, com 29% dos entrevistados expressando interesse nesse tipo de programa. Crédito com juros mais baixos (28%) e acompanhamento psicológico (16%) também foram citados como soluções desejadas.
O CEO da SalaryFits, Délber Lage, destaca: “Para auxiliar nessas questões, 87% dos trabalhadores consideram que os RHs podem ajudá-los em assuntos econômicos. De acordo com a pesquisa, a maioria [29%] acredita em programas de educação financeira. Na sequência há o interesse em crédito com juros mais baixos [28%], e acompanhamento psicológico [16%]”.
A pesquisa revela que, apesar dos desafios financeiros, a maioria dos benefícios oferecidos pelas empresas não atende às necessidades dos trabalhadores, conforme afirmado por 52% dos entrevistados. Os benefícios mais comuns continuam sendo o ticket refeição e vale-alimentação (66%), seguidos por plano de saúde e odontológico (56%) e adiantamento de salário (30%).
No entanto, 78% dos entrevistados consideram essenciais os benefícios relacionados à saúde, como convênio médico, odontológico e telemedicina. Além disso, o crédito consignado se destaca, com 52% das empresas oferecendo algum tipo de empréstimo com desconto na folha de pagamento, comparado a 41% em 2021.
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