Práticos são profissionais especializados em conduzir grandes embarcações em portos e canais. Eles são responsáveis pela segurança da navegação e pela prevenção de acidentes como o que bloqueou o Canal de Suez
Victor Meira Publicado em 17/01/2024, às 22h34
Você já se perguntou como um navio de 400 metros de comprimento e 200 mil toneladas de peso consegue entrar e sair de um porto sem bater em nada? Ou como um cargueiro gigante atravessa um canal estreito como o de Suez, que liga o Mar Vermelho ao Mar Mediterrâneo? A resposta é: com a ajuda de um prático.
Práticos são profissionais que têm a função de “estacionar” navios nos portos ou de guiá-los em águas restritas. Eles são uma espécie de “manobristas” de navios, mas com muito mais responsabilidade e habilidade. Afinal, eles lidam com veículos que não têm freio, que podem causar danos ambientais e econômicos enormes e que exigem conhecimento técnico e experiência.
A profissão é antiga, mas continua essencial nos dias de hoje. Praticamente todos os países do mundo exigem a contratação de um prático para as operações portuárias ou em canais. A atividade é considerada um serviço público, regulado pela autoridade marítima de cada nação. No Brasil, a Marinha é a responsável por fiscalizar e credenciar os práticos.
Para se tornar um prático, é preciso ter uma formação náutica, seja como oficial da Marinha Mercante ou da Marinha de Guerra, ou como capitão ou mestre de embarcações de pequeno porte. Além disso, é preciso passar por um concurso público, que envolve provas teóricas e práticas, e por um curso de habilitação, que dura cerca de dois anos.
O prático precisa conhecer profundamente a área em que atua, chamada de zona de praticagem. Cada zona tem suas características geográficas, hidrográficas, meteorológicas e de tráfego. O prático deve saber como lidar com as correntes, as marés, os ventos, as ondas, os bancos de areia, os obstáculos, os equipamentos e as normas de cada local.
O trabalho do prático começa quando ele embarca no navio que vai manobrar, por meio de uma lancha ou de um helicóptero. Ele se apresenta ao comandante e assume o controle da embarcação, dando as ordens para os timoneiros, os maquinistas e os rebocadores. Ele usa instrumentos de navegação, como radar, GPS e sonda, mas também confia na sua visão e na sua intuição.
O prático precisa ter calma, concentração, raciocínio rápido e capacidade de tomar decisões sob pressão. Ele também precisa ter boa comunicação, pois se relaciona com diversos profissionais, como agentes marítimos, operadores portuários, autoridades portuárias e órgãos de controle do tráfego marítimo.
A remuneração do prático é proporcional ao seu grau de responsabilidade e de complexidade. No Brasil, o valor do serviço é definido pela Marinha, com base em uma tabela que leva em conta o porte do navio, a distância percorrida, o tempo de manobra e o grau de dificuldade da zona de praticagem. Segundo estimativas de mercado, um prático pode ganhar até R$ 300 mil por mês, dependendo da sua produtividade e da sua região de atuação.
A profissão de prático é uma das mais bem pagas do mundo, mas também uma das mais desafiadoras e arriscadas. Os práticos estão sujeitos a acidentes, como quedas, colisões, explosões e incêndios. Eles também enfrentam condições adversas, como chuva, vento, neblina, calor e frio. Eles trabalham em regime de plantão, 24 horas por dia, sete dias por semana, sem feriados ou férias.
Os práticos são fundamentais para garantir a segurança da navegação e a prevenção de acidentes como o que bloqueou o Canal de Suez em março de 2021, quando um navio cargueiro encalhou e interrompeu o tráfego de uma das rotas comerciais mais importantes do mundo. O incidente evidenciou a importância e a dificuldade do trabalho dos práticos, que precisam lidar com navios cada vez maiores e canais cada vez menores.
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