Especialista afirma que modelos mais flexíveis trazem benefícios em diversos aspectos, mas não é aplicável em todos os setores da indústria
Douglas Terenciano | douglas@jcconcursos.com.br Publicado em 27/07/2022, às 11h44 - Atualizado às 11h55
A Covid-19 mudou o mundo! E não só na área da saúde, mas também no mercado de trabalho. Um exemplo que é a pandemia mostrou que é possível manter os bons resultados mesmo com a equipe de colaboradores trabalhando de suas casas. Agora, o Reino Unido propôs a redução de jornada de trabalho para quatro dias durante a semana, sem redução de salários e benefícios, inclusive em subsidiárias de empresas britânicas no mundo todo.
Desde junho, aproximadamente 3 mil trabalhadores de mais de 30 setores da economia estão testando o modelo de trabalho no país, que promete manter os lucros das empresas enquanto proporcionam uma vida mais saudável e um mundo mais sustentável. Há experiências similares em curso na América do Norte e em outros países da Europa. No Brasil, bancários incluíram a pauta na campanha salarial para 2022.
Para Rica Mello, gestor de pessoas, palestrante e empreendedor em diversas áreas de atuação, podem existir diversas metodologias em relação às horas de trabalho. “Podemos ter colaboradores que trabalhem três, quatro, cinco dias por semana. É importante ter essa flexibilidade para não perder os melhores talentos do mercado e para que eles fiquem confortáveis com o modelo de trabalho oferecido. Na minha empresa, por exemplo, tenho pessoas em cargos de liderança que, provavelmente, aceitaram a posição pela possibilidade de trabalharem em casa durante parte da semana, seja qual for a razão dessa necessidade”, relata.
O empresário afirma que é preciso entender as necessidades de cada setor de uma empresa, já que alguns pedem uma atuação presencial diária. “A atuação em um escritório pode acontecer no modelo home office ou jornada reduzida de 4 ou 3 dias sem problema algum. Por outro lado, em uma fábrica, por exemplo, a atuação presencial se faz imprescindível e um funcionário que trabalha nesse ambiente muito provavelmente deverá estar lá presencialmente durante todos os dias necessários. É preciso entender as diferentes demandas para cada um dos departamentos, para cada uma das pessoas que estão no time e saber trabalhar com isso de uma maneira que gere os melhores resultados”, pontua.
Os testes irão acontecer no Reino Unido até dezembro, com a participação de mais de 70 empresas. As organizações que aderiram ao movimento poderão participar de oficinas e seminários on-line com a mentoria de especialistas e companhias que já implementaram a jornada semanal de 4 dias com sucesso.
Para Rica Mello, o movimento é importante e abre um leque gigantesco de possibilidades. “O único ponto crucial, ao estabelecer modelos distintos dentro de uma mesma empresa é deixar claro que existem prós e contras para cada decisão, já que colaboradores de uma mesma empresa ou área de trabalho podem ter tratamentos diferentes em relação à carga e o modelo de trabalho.
É esperado que um funcionário que trabalhe menos horas por mês, seja por trabalhar menos dias em uma semana, ou por trabalhar menos horas por dia, tenha uma evolução de carreira mais lenta em uma empresa. “É um trade-off que deve ser entendido por todos, para que ninguém se sinta desconfortável com as suas decisões e modelos de trabalho” ressalta Rica Mello.
“Mas acredito ser possível em grande parte das áreas de atuação do mercado. É muito legal quando as empresas dão esse tipo de flexibilidade aos seus colaboradores porque, com isso, elas acabam retendo os melhores talentos. Permitir modelos com jornadas mais flexíveis faz parte da administração de funcionários em empresas com uma gestão exponencial, e pode trazer uma série de benefícios a curto, médio e longo prazo”, finaliza.
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