Em nome da profissionalização
Redação Publicado em 29/01/2007, às 10h00
Considerado um dos mercados mais atraentes e, ao mesmo tempo, um dos mais mal explorados em nosso País, a indústria do Esporte cresce a passos largos em todo o mundo, gerando muita receita, especialmente para grandes clubes de futebol da Europa. No Brasil, poucos são os exemplos de sucesso. A explicação para tal fracasso, segundo opinião de especialistas, está na falta de uma gestão profissional. “É preciso ter fora do campo a mesma consciência profissional e competência que nossos atletas e comissões técnicas revelam”, afirma Juca Kfouri, professor do curso de Gestão do Esporte, oferecido pela Universidade São Marcos, por meio da Escola Superior do Esporte (ESE), em São Paulo. O diretor da ESE, José Luiz Portella, idealizador do Estatuto do Torcedor e da Lei de Moralização do Futebol, enfatiza que Administração e gerenciamento é uma ciência e tem uma série de conceitos. “As pessoas acham que Administração é bom senso. No meu curso, os alunos aprendem a fazer sistemas de custos e orçamentos”, destaca Portella. CURSO Sobre essa modalidade, Portella enfatiza que nada tem a ver com Educação Física. “Trata-se de um curso de Administração de Empresas voltado para Esportes. Embora seja ligado ao Esporte, é um curso de Administração, que discute as estruturas do esporte e forma gestores”, explica. E acrescenta: “é um curso superior de curta duração (dois anos), com 20 disciplinas, das quais 11 são ligadas à Administração”. Ainda sobre o curso, o jornalista Juca Kfouri traça o perfil do aluno que pretende cursar essa área: “imagino o perfil de alguém vocacionado para administrar e, ao mesmo tempo, apaixonado por esportes, de maneira tal que seja capaz de manter a frieza na hora de tomar uma decisão, sem perder de vista que deve exacerbar a paixão que o esporte enseja. A idéia do curso é preparar uma nova geração para a gestão profissional do esporte no País, algo que, se vingar, permitirá um salto de qualidade em relação à pobreza gerencial e ética que temos no Brasil nessa área”, analisa. CARREIRA Para quem pretende seguir essa carreira, Portella aponta as seguintes áreas de atuação: clubes sociais, secretarias de esporte, empresas de marketing esportivo e patrocinadoras, entre outras. “Gestão de Eventos e Espaços Esportivos é uma das mais promissoras. Nos estádios de futebol brasileiros, o sujeito que compra um ingresso de numerada está disposto a gastar mais. É importante saber ‘explorar bem’ um evento”, analisa Portella, que completa: “o Brasil está almejando uma Copa e uma Olimpíada. Nesses eventos, será imprescindível a presença de Gestores Esportivos. Se o Carlos Arthur Nuzman [presidente do COB] quer um Pan-americano [Rio 2007] bem organizado, vai ter que buscar Gestores. Mesmo ciente das dificuldades, o jornalista Juca Kfouri acredita ser possível que Gestores do Esporte ocupem cargos em substituição aos dirigentes atuais. “A curto prazo, seria muito otimismo. A médio, talvez. A longo, sem dúvida. O capitalismo exige que assim seja”. Sobre a candidatura do País à sede de Copa do Mundo e Olimpíada, Kfouri mostra preocupação e dispara: “em regra, o que se arma é uma grande farra para proveito dos de sempre”. Rogerio Jovaneli