Piscicultura

Em crescimento

Redação   Publicado em 08/06/2007, às 14h49

Segmento ligado ao cultivo de peixes e de outros organismos aquáticos, a Piscicultura é uma das atividades que mais cresce em todo o mundo. Quantidade de água apropriada e clima favorecem atividade no País


Piscicultura é um dos ramos da Aqüicultura que se preocupa com o cultivo de peixes, bem como de outros organismos aquáticos. Essa atividade pode ser: Extensiva, ou seja, praticada em reservatórios de grandes dimensões, naturais ou artificiais; Intensiva (desenvolvida em tanques ou viveiros especificamente construídos para tal finalidade) ou Semi-extensiva, caracterizada pela adoção de técnicas simples de manejo, baseadas em um maior cuidado quanto à alimentação dos peixes – obtida, principalmente, pelo aumento da produção natural por meio da fertilização das águas – e pela aplicação da despesca, que retira do meio apenas os exemplares com peso adequado para o consumo. A alimentação natural pode, ainda, ser reforçada pelo uso de subprodutos ou alimentos baratos e facilmente encontrados.

Técnico

O Técnico em Piscicultura atua em todos os segmentos da cadeia produtiva da área de Piscicultura, desde o planejamento e execução de criatórios de peixes, seja para produção de alevinos ou para engorda, passando pelo beneficiamento de peixes, até a comercialização e distribuição do produto nos mercados consumidores.

"Como técnico de um criatório de peixes ele pode atuar na reprodução, fazendo desovas naturais e artificiais, reversão sexual e larvicultura. Pode, ainda, trabalhar em piscicultura de engorda de diferentes espécies de peixes, em vários sistemas de cultivo tais como tanques escavados, tanques-rede ou super-intensivos como o raceway. Outra atividade possível é como técnico de empresas de processamento, monitorando a qualidade da matéria-prima adquirida para a indústria, o processamento e a distribuição", explica Edson Suzuki, coordenador do curso de Piscicultura da Etec Orlando Quagliato, em Santa Cruz do Rio Pardo, no Interior de São Paulo.

Perfil

Segundo o educador, o aluno que pretende seguir essa carreira deve gostar de estudar Biologia e Química com ênfase em peixes e ecossistema aquático. "A pessoa que opta pelo curso de Piscicultura precisa ser interessada em buscar o conhecimento e gostar de ler, de forma que possa manter-se atualizado sobre novas técnicas desenvolvidas", analisa Suzuki.

Curso

Com duração de um ano, o curso técnico de Piscicultura ministrado na Etec Orlando Quagliato enfatiza a prática em reprodução e engorda, que inclui a seleção de reprodutores, atividades no laboratório de reprodução, preparação de tanques, análise da qualidade da água, biometrias, alimentação e despesca. "O aluno tem contato com disciplinas especificas (de reprodução, larvicultura, engorda de organismos aquáticos, gestão da produção aqüícola, entre outras) e matérias gerais, como informática, saúde e segurança no trabalho, cidadania organizacional etc", conta Suzuki.

Além da Etec Orlando Quagliato, em Santa Cruz do Rio Pardo, unidade que conta com uma grande estrutura (25 tanques escavados, 5 tanques cobertos com estufa, laboratórios de reprodução para a produção de alevinos de espécies nativas e laboratórios de análise de água e de patologia de peixes), outras duas escolas técnicas no Estado de São Paulo oferecem o curso técnico de Piscicultura. São elas: Etec Padre José Nunes Dias, em Monte Aprazível, e Etec João Jorge Geraissate, em Penápolis, ambas no Interior paulista. Para ingressar nessas instituições de ensino é preciso obter aprovação no Vestibulinho, processo seletivo realizado semestralmente pelo Centro Paula Souza (www.centropaulasouza.sp.gov.br). As inscrições para as próximas turmas (Vestibulinho 1º Semestre/2008) estão previstas para o segundo semestre deste ano.

Mercado

Apesar de a Piscicultura ser uma atividade agrícola não muito recente, o mercado de trabalho para técnicos é ainda relativamente novo e encontra-se em expansão. "O setor de produção de peixes vem crescendo mundialmente e o Brasil vem tendo destaque, principalmente pela quantidade de água apropriada para a Piscicultura e o clima muito favorável", destaca o coordenador da Etec Orlando Quagliato.

Suzuki considera o mercado de trabalho para Técnicos em Piscicultura bastante abrangente, mas lembra que ainda não está bem definido. "A cadeia produtiva da Piscicultura, apesar de estar em crescimento, ainda não está bem estabelecida. A atividade de criação de peixes está passando por uma grande mudança", relata Suzuki, que complementa: "o piscicultor pequeno e que tinha a atividade como segunda ou terceira opção de renda de sua propriedade rural está sendo substituído por empresas que investem em grandes estruturas para a produção de peixes em escala com aplicação de tecnologia de ponta. O melhor exemplo são os tanques-rede instalados em represas para produção de tilápias. No Estado de São Paulo, existem empreendimentos no rio Tietê, Paranapanema e Paraná. Estas empresas são as melhores opções de trabalho atualmente, seja atuando na produção ou no processamento-comercialização".

Embora qualifique o mercado de trabalho como bastante promissor, Suzuki lamenta o pouco conhecimento que se tem sobre o trabalho do Técnico em Piscicultura: "considero negativo que os empregadores ainda desconheçam a existência de técnicos especializados com capacidade de propor soluções e resolver problemas no setor de Piscicultura".

Como ingressar
na profissão

Na opinião do profissional da Escola Técnica de Santa Cruz do Rio Pardo, a melhor maneira de iniciar profissionalmente no segmento de Piscicultura é, a exemplo de outras carreiras, realizando estágio.

"Também recomendo tentar manter contato com profissionais da área". A atualização é outro aspecto muito importante, ressaltado pelo educador: "como os peixes dependem muito do clima, temos que estar sempre testando novas tecnologias para diferentes espécies em diferentes locais", esclarece.


Rogerio Jovaneli/SP