Descubra como eram as escolas brasileiras na época do Império: o que se estudava, quem podia frequentar e quais foram os marcos da educação pública.

Após a Independência do Brasil em 1822, o país começou a organizar sua estrutura política e social. A educação, embora ainda muito precária, passou a ser discutida como prioridade. Durante o Império (1822–1889), o ensino começou a ser institucionalizado, especialmente com a promulgação de leis que buscavam organizar as escolas públicas no território nacional.
Um dos marcos mais importantes da educação no período imperial foi o Decreto de 15 de outubro de 1827, que criou as chamadas 'escolas de primeiras letras'. Ele determinava que todas as cidades, vilas e lugarejos deveriam ter uma escola pública, onde se ensinaria a ler, escrever, contar e as noções de religião católica. Embora o decreto tenha sido um avanço, sua implementação foi bastante limitada, principalmente em regiões mais pobres e distantes dos centros urbanos.
As escolas funcionavam de forma bastante rudimentar. Os alunos aprendiam matérias básicas, como leitura, escrita, aritmética, religião e moral. As aulas eram autoritárias, centradas no professor, e o uso de castigos físicos era comum como forma de disciplina. Meninos e meninas estudavam separadamente, e os recursos didáticos eram escassos. Muitos professores não tinham formação específica.
Apesar da ideia de universalização, a educação no Império era excludente. Escravizados eram proibidos de estudar, e a maioria da população pobre também não tinha acesso à escola. A presença feminina era tímida, restrita ao ensino básico e, geralmente, voltada à formação doméstica. A elite, por outro lado, contratava professores particulares ou enviava os filhos para estudar na Europa.
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A chegada da Família Real portuguesa em 1808 contribuiu para o surgimento das primeiras instituições de ensino superior no Brasil, como a Escola de Cirurgia da Bahia e a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios. Durante o Império, o ensino secundário e superior se desenvolveu lentamente, seguindo o modelo europeu, especialmente o francês.
Mesmo com muitas limitações, o período imperial lançou as bases do sistema educacional brasileiro. A ideia de ensino público gratuito e obrigatório começou a ser debatida, e surgiram as primeiras escolas normais (formadoras de professores). Os desafios, no entanto, permanecem até hoje: desigualdade no acesso, má distribuição de recursos e baixos índices de qualidade.
Entender como funcionava o ensino no Brasil durante o Império é fundamental para compreender os dilemas da educação atual. Apesar das tentativas iniciais de organização, o sistema educacional ainda era elitista e precário, refletindo uma sociedade desigual que resistia à democratização do conhecimento.
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