Nova lei da Itália limita cidadania italiana para brasileiros a apenas duas gerações e exclui quem tem ancestral com dupla nacionalidade. Entenda o que muda.
A partir de agora, conseguir cidadania italiana por sangue ficou mais difícil — especialmente para os milhões de brasileiros descendentes de italianos. A Câmara dos Deputados da Itália aprovou em definitivo, nesta terça-feira (20), uma nova legislação que altera profundamente o processo de reconhecimento da cidadania italiana para brasileiros e outros descendentes de imigrantes.
A mudança é considerada uma das mais duras dos últimos anos e atinge diretamente quem ainda não iniciou o processo. A nova regra já está valendo desde 28 de março de 2025 e limita o direito à cidadania por jus sanguinis (direito de sangue) a apenas duas gerações nascidas fora da Itália.
Com isso, netos e bisnetos de italianos podem perder o direito se seus ascendentes tiverem tido dupla cidadania, como a brasileira. Ou seja: mesmo tendo sobrenome italiano e toda a documentação em mãos, muitos brasileiros já não se enquadram mais nas novas exigências.
A nova legislação diz que só poderá obter a cidadania italiana quem se enquadrar em um dos seguintes critérios:
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Isso representa uma mudança radical. Antes, a legislação de 1992 permitia o reconhecimento da cidadania por laços sanguíneos sem limite de gerações — o que possibilitava, por exemplo, que tataranetos de italianos obtivessem o direito mesmo sem nunca terem pisado na Itália.
Agora, o governo italiano quer limitar a cidadania a quem tem vínculos mais diretos com o país — e exclui quem tem ascendência mais distante ou pais/avós com dupla cidadania.
Segundo o governo da premiê Giorgia Meloni, a mudança visa conter o que consideram “abusos” no sistema de reconhecimento da cidadania. O alvo são, principalmente, brasileiros e argentinos descendentes de italianos, que vêm recorrendo em massa à Justiça italiana para obter a cidadania.
De 2013 a 2024, o número de cidadãos italianos vivendo no exterior aumentou 43%, chegando a 6,4 milhões de pessoas — sendo que 70% nasceram fora da Itália. No Brasil, esse número é ainda maior: 96% dos italianos registrados no país são brasileiros natos.
Além disso, o governo criticou o papel de agências que cobram para organizar processos, buscar documentos e ingressar com ações judiciais — prática comum entre brasileiros que tentam o reconhecimento por via judicial, sem precisar morar na Itália.
Não. A nova lei não afeta quem já teve a cidadania reconhecida antes de 28 de março de 2025. O governo deixou claro que os direitos dessas pessoas estão garantidos.
Mas, para quem ainda está preparando os documentos ou pensando em dar entrada no processo, as novas exigências passam a valer imediatamente.
Sim. Apesar do aperto nas regras do jus sanguinis, a legislação italiana de cidadania ainda prevê outras formas de obter o direito:
Essas opções, no entanto, são menos acessíveis à maioria dos brasileiros — razão pela qual a cidadania italiana por descendência sempre foi a via mais comum.
Com as mudanças, muitos brasileiros que sonhavam com a cidadania italiana como porta de entrada para a Europa precisarão reavaliar seus planos. Isso inclui jovens em busca de estudo, trabalho ou dupla cidadania para facilitar viagens e imigração.
Parlamentares da oposição já avisaram que pretendem recorrer à Justiça italiana contra a nova lei, por considerarem que algumas cláusulas violam princípios constitucionais.
Enquanto isso, especialistas recomendam que descendentes de italianos verifiquem urgentemente seus documentos, investiguem se há ascendentes com cidadania exclusivamente italiana, e, se ainda tiverem direito, corram para iniciar o processo o quanto antes.
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