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Decida ser intencional

O resultado da intencionalidade dos seus atos é a certeza de que você está planejando todos os seus movimentos. Não age apenas pela inércia da vida, sem um norte para percorrer

Gabriel Granjeiro, Gran Cursos
Gabriel Granjeiro, Gran Cursos - Divulgação

PUBLIEDITORIAL
Publicado em 11/05/2021, às 09h23

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Na última terça-feira, durante o nosso já tradicional Café com o Gabriel, um colaborador me fez uma pergunta que me deixou, confesso, mais pensativo que o normal. Em minha defesa, estávamos às vésperas do meu aniversário, e todo novo ciclo faz isso com a gente, não é? Ele pediu que eu citasse uma grande curiosidade sobre mim. Dirigindo-me a todos que participavam da videoconferência, mencionei o fato de eu já quase ter morrido... três vezes.

Todos ficaram espantados, é claro. Expliquei que, em duas das ocasiões, foram acidentes automobilísticos de alto risco. Na terceira, fui alvejado no rosto com tiros de bala de chumbo. A situação só não ficou séria porque os projéteis, por milímetros, não atingiram nenhuma área crítica. De qualquer forma, a pergunta do meu colega me levou a refletir sobre a importância de sermos mais intencionais, e é sobre isso que quero conversar com você hoje.

Antes, uma breve explicação. Quando falo em “ser intencional”, refiro-me a termos consciência de aonde queremos chegar; a fazermos escolhas e assumirmos a responsabilidade por elas; a, enfim, vivermos com propósito e de propósito. Trata-se de saber o que se está fazendo, de basear a vida não só em desejos mas também em decisões concretas, de sair da querência e entrar no campo da ação, de direcionar mente e corpo a objetivos bem precisos. Significa estar certo das próprias escolhas e compreender que é preciso assumir o controle, tudo isso para ser capaz de cultivar e aproveitar mais os momentos que realmente importam.

No primeiro acidente que sofri, vínhamos, três amigos e eu, conversando alegremente no carro, sem fazer a menor ideia do que ocorreria em instantes. Chovia muito, e parecia haver óleo na pista. Não teve jeito: o veículo perdeu a tração e saiu de traseira, desgovernado. Batemos na grade de proteção de um viaduto e caímos de uma altura de quase dez metros.

Num instante o automóvel se chocou com a murada da pista inferior, parando de ponta-cabeça, todo despedaçado, com quatro jovens vidas lá dentro. Naqueles poucos segundos, pensei o que qualquer pessoa provavelmente pensaria: “Deus, não estou preparado! Ainda não vivi plenamente a minha vida.”

Passado o susto inicial, conseguimos sair do carro sozinhos. O socorro chegou rápido, e fomos todos encaminhados ao hospital mais próximo. Para nossa sorte, ninguém passava embaixo do viaduto no instante da queda. Felizmente, nenhum de nós se feriu gravemente, mas o trauma e as lições extraídas da experiência, essas são para sempre. 

Mas o que um acidente de carro tem a ver com ser intencional? Simples, meu amigo, minha amiga. O veículo em que estávamos era bastante seguro; fora comprado exatamente por esse motivo. Intencionalmente. Além disso, todos usávamos cinto de segurança. Se apenas um de nós estivesse sem o dispositivo, era provável que houvesse ao menos uma vítima fatal, dada a altura da queda.

Por sinal, tenho uma máxima sempre que entro num automóvel, seja como motorista, seja como passageiro, inclusive quando estou no banco de trás: “É todo mundo de cinto!”. Às vezes, até olham torto para mim, mas não me importo. Intencionalmente.

O que estou defendendo é o agir com a intenção de se proteger, ou seja, com prudência. Como escreveu André Comte-Sponville no Pequeno Tratado das Grandes Virtudes, a “prudência determina o que é necessário escolher e o que é necessário evitar”. Entenda, caro leitor: é nutrir tal virtude a fim de evitar riscos desnecessários. Se, ao contrário, deixamos a vida nos levar, o caminho pode se revelar bem perigoso. Desnecessariamente perigoso.

Sempre insisto, em minhas mensagens, que a melhor forma de conduzir a vida é com senso de responsabilidade. Por mais que haja, sim, o imponderável – e, na minha visão, como na de muitos, a ação do Divino, que pode mudar toda e qualquer circunstância –, ainda assim, é mais produtivo compreender, o quanto antes, que se dorme na cama que se arruma, que se colhe o que se planta, que a proteção é resultado direto da precaução. Todo objetivo deve estar amparado em uma intenção consciente. Não basta querer, tem de haver intencionalidade. É pensar: estou aqui, quero chegar ali e farei os ajustes necessários até conseguir.  

No discurso, todos almejamos uma existência plena, significativa, e, cedo ou tarde, acabamos concluindo ser indispensável um bom plano nessa direção. Boa parte das pessoas, porém, não fazem ideia do que é, concretamente, essa “existência plena e significativa” que querem para si. Como iniciar um planejamento sério se não sabem nem mesmo o que as motiva?

Em vez de avançar na direção de um destino bem-pensado, quem é assim se limita a evitar a vida, vagando sem objetivo nem propósito. “Para quem não sabe aonde quer ir, qualquer caminho serve”, diz a sabedoria popular.

O primeiro passo para romper esse padrão é descobrir o que se quer de verdade. Em seguida, elaborar formas de conseguir. Precisa de ajuda? Leia outros artigos disponíveis aqui, na coluna do Gabriel Granjeiro no JC Concursos: “A coragem (já) está dentro de você”; “Acorde o gigante que há dentro de você”; “Não seja um sapo fervido” e “Em busca de um propósito”. Não importa o que escolher, certifique-se de ter agido intencionalmente para encontrar o seu norte

Antes de concluir, gostaria de esclarecer: não acho que minha salvação no acidente que narrei tenha sido resultado exclusivo de minhas ações. Podemos ser intencionais e precavidos e, mesmo assim, acabar surpreendidos, e de forma negativa, pelo desenrolar dos fatos.

Eventualmente o contrário também acontece: cometemos erros, agimos com imprudência sem que disso resultem, necessariamente, consequências ruins. Nem por isso devemos nos deixar levar pela corrente e apenas “ver no que vai dar”. O que nos cabe é ao menos tentar viver com intencionalidade. Sem um mínimo de racionalidade em nossas ações, nossas chances de sucesso são drasticamente reduzidas. A depender do contexto, para quase zero.

Lembro que, na manhã seguinte ao acidente, ainda sem entender tudo que acontecera, me senti profundamente grato pela nova chance que a Vida me dera. Minha alma se encheu de júbilo. Desde então, meu objetivo, todos os dias, é continuar merecedor dessa outra oportunidade, que, infelizmente, nem todos têm.

Aproveite as suas segundas chances, seja intencional, seja prudente, faça acontecer. Se você está aqui, é sinal de que pode fazer alguma coisa.

Vá lá. Seja intencional!

*Texto de Gabriel Granjeiro, Diretor-Presidente do Gran Cursos

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