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A história real da “Concurseira Felina”

Maria Carolina Gonçalves Caires passou em 3º lugar no concurso para agente fiscal do ICMS.

Redação
Publicado em 11/06/2010, às 15h22

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Maria Carolina Gonçalves Caires, 30, formou-se em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo (USP). Esse seria o final feliz não fosse o Brasil um país pleno de contradições, graças a elas, Maria Carolina tornou-se a “Concurseira Felina”, codinome que assume ao participar de fóruns na internet. Hoje, longe das pranchetas, ela ainda comemora a aprovação em 3º lugar no concurso para agente fiscal do ICMS (Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) de 2009 promovido pela Secretaria Estadual da Fazenda paulista (Sefaz/SP).

Com o diploma na mão, Maria Carolina procurou trabalho na área. Foi chamada para uma vaga de vendedora de móveis. Ela queria concretizar outros sonhos além de cozinhas e armários planejados, persistiu até ser contratada por um renomado escritório de arquitetura na capital paulista.

Eram frequentes jornadas de dez a doze horas de trabalho. A rotina a impedia de praticar o balé, seu hobby desde a infância. Porém, ainda iniciante, se houvesse agenda, faltaria orçamento para vestir as sapatilhas. Notou, aos poucos, que a carreira oferecia pouca possibilidade de crescimento a médio e longo prazo.

Determinada, saiu do escritório e decidiu atuar como autônoma. “Cheguei a me realizar profissionalmente, mas qualquer instabilidade econômica faz com que você perca seu cliente do dia para noite”, observa Maria Carolina.

A desilusão de Maria Carolina preocupou os pais, que lhe sugeriram investir em concursos. “Eles viram que eu não teria um bom futuro profissional mesmo estando em um bom escritório. Minha mãe, funcionária pública, sabia o valor da estabilidade financeira”, contou. O argumento determinante foi o de no setor público seu sucesso depender apenas de seu esforço e dedicação.

A arquiteta resolveu por estudar em regime integral para conseguir superar a alta concorrência nas provas. Para isso, ela vendeu seu único bem, o carro, para se sustentar até que a aprovação saísse.

A escolha pela área fiscal foi estratégica, pois, ao contrário da área jurídica, não exige formação específica. “Além disso, a área é uma das mais bem remuneradas no executivo e é bem diversificada, com estudos econômicos, auditoria e a fiscalização propriamente dita, por tudo isso achei que seria mais fácil encontrar algo com que eu me identificasse mais”, explicou.

Seguiram-se três anos de estudos. Estudava, em média, oito horas por dia em casa, fora o tempo em que assistia às aulas do cursinho, que somavam mais três a quatro horas. Para fechar o orçamento, economizava muito, principalmente com lazer. “A falta de dinheiro não traz só problemas financeiros e isso acaba agravando a solidão e a convivência com os amigos”, analisa.

Quando o dinheiro acabou e ainda sem emprego a vista – de 2006 até meados de 2009 não foram abertos concursos na área fiscal na capital paulista – Nina, a gata de Maria Carolina, adoeceu e ficou internada por alguns dias. A concurseira felina, que já recebia ajuda financeira dos pais, se desdobrou com as contas do veterinário e dos remédios. “Foi a pior fase de todas. Comecei a me questionar se tinha feito a escolha certa, se não tinha sido irresponsável de largar tudo para estudar, por não ter dinheiro para dar um mísero passeio com os amigos. Foi um momento de um pouco de desespero”.

Felizmente, Nina se recuperou e segue feliz ao lado de Guto, o outro bichano de Maria Carolina. “Logo depois saiu o resultado positivo de um concurso que eu tinha prestado para analista de planejamento e orçamento, isso me deu a tranquilidade que foi decisiva para eu continuar os estudos. Já podia contar que o dinheiro ia voltar a entrar, ao invés de só sair”, comenta aliviada.

Dois meses depois do resultado de analista, saiu o concurso de fiscal do ICMS. No dia seguinte à prova, ela iniciou o curso de formação para analista. “Depois que corrigi o gabarito foi só alegria”, relembra. Há cerca de três meses como fiscal, ela comemora o salto na qualidade de vida, pretende acertar as finanças e o quanto antes retomar as aulas de balé. Hoje, ela assumiu seu lado de “Concurseira Felina” – nome inspirado pela paixão que sente desde a infância por gatos – heroína que compartilha suas dicas de estudo e responde a dúvidas de internautas em sites dirigidos a concurseiros que tentam vencer o mesmo desafio.

Aline Viana/SP

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