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Como escrever uma redação

É imprescindível o candidato saber escrever bem. Às vezes, a etapa da redação é decisiva, chegando a valer 50% da pontuação total da prova.

Redação
Publicado em 04/04/2014, às 15h10

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Fernando Bentes

A administração pública desempenha funções importantes e que exigem uma capacidade de comunicação correta. Há servidores públicos que, todos os dias, precisam elaborar ofícios, pareceres, portarias e outras formas de documentos oficiais que demandam qualidade e clareza. Uma informação incompleta ou uma ordem errada pode resultar em danos ao erário, atrasos e ineficiência.

Em 1945,no final da Segunda Guerra Mundial, houve uma troca de propostas de rendição entre o imperador do Japão, Hirohito, e o presidente dos EUA, Henry Truman. Parte da história da Diplomacia afirma que o monarca japonês não teria recusa dose render, mas gostaria apenas de discutir melhor os termos deste acordo. No entanto, traduções erradas de parte a parte levaram os políticos e militares norte-americanos a concluírem equivocadamente que havia um impasse, o que resultou em um ataque atômico em duas cidades japonesas, Hiroshima e Nagasaki, com a perda de 140 mil vidas humanas. Este exemplo é autoexplicativo para mostrar como a comunicação deve ser importante.

Diante da necessidade de os servidores escreverem bem, os concursos públicos tendem a testar a capacidade de elaboração de textos em provas de níveis fundamental, médio ou superior. Às vezes, essa etapa é decisiva, chegando a valer 50% da pontuação total. Portanto, torna-se absolutamente necessário que os candidatos desenvolvam o seu talento para escrever.

Ninguém é fraco em se comunicar. Algumas pessoas falam bem, mas escrevem mal. Outras pensam de modo claro, mas não conseguem externalizar em uma redação. De uma forma ou de outra, emitir um pedido ou enviar uma mensagem é algo que os seres humanos fazem sempre, seja por meio do seu corpo, de trejeitos faciais, tocando um instrumento musical ou falando. O problema ocorre quando o desejo ou a ideia devem ir para o papel. Confira, a seguir, alguns apontamentos sobre as melhores diretrizes para um candidato escrever bem.

Primeiramente,deve-se prestar atenção ao que o edital determina quanto à limitação do número de linhas. Escrever menos ou mais que o limite vai determinar uma eliminação ou perda de pontos.

Secundariamente, recomendo uma ordem de quatro parágrafos. A introdução deve apresentar o tema ao leitor imaginário, abordando de modo resumido a problemática do texto. Depois, o candidato deve desenvolver suas ideias, sua argumentação ou as informações que possui sobre a temática ao longo de dois parágrafos. Por fim,deve concluir a redação, fazer o fechamento do seu texto. Nesta conclusão, o ideal é responder algum questionamento exposto na introdução e que consta nos dois parágrafos de desenvolvimento. Por exemplo: se o tema é o comércio ilegal de animais, o candidato deve comentar o problema, depois deve abordar a importância de se preservar algumas espécies, do prejuízo que gera para a fauna, e concluir propondo uma fiscalização maior dessa atividade.

Uma redação não tem o compromisso de esgotar um tema, nem de apresentar detalhes ou estatísticas. Deve apenas mostrar que o candidato é minimamente bem informado eque sabe expor suas ideias com clareza. Em alguns concursos, a redação versa sobre as disciplinas específicas, o que naturalmente exige um conhecimento maior sobre o conteúdo. Em outros, o tema é mais genérico e é ideal que o candidato se atualize por meio de jornais, telejornais, revistas semanais e sites de qualidade na internet.

Opiniões radicais (“exterminar todos os traficantes de drogas”) ou ofensivas (“esse tipo de gente é um lixo”) devem ser evitadas por uma questão de ética e de boa escrita. Alguns editais preveem esta possibilidade de modo claro, mas todas as bancas tendem a tirar pontos ou eliminar candidatos que demonstram excessos em suas opiniões.

Boa parte da redação é corrigida segundo os parâmetros da norma culta do português, portanto, nada de transformá-la em uma verdadeira bomba ortográfica. Evite escrever termos coloquiais (“um monte de gente”), repetitivos (“eu acho que na minha opinião”), introdutórios (“venho por meio desta”) ou errados. Se houver dúvidas sobre uma palavra, mude o texto ou a substitua por um sinônimo. Ainda vale a dica de jamais flexionar o verbo “haver” no sentido de existir e de não iniciar frases com pronomes oblíquos átonos (“Me diga” ou “Te falo agora”).

Por último, a melhor orientação para uma boa redação: ler muito e bem. Procure autores conhecidos pela sua capacidade de comunicação, como Rubem Braga ou Miguel Sousa Tavares. Quanto mais autores bons forem lidos, melhor será a escrita. Com o tempo, o candidato poderá ver que sua escrita se parece com seus escritores preferidos, o que será uma garantia de qualidade. Se possível, recomendo até que exercite semanalmente a redação, pedindo a um professor ou jornalista que leia seus textos e corrija o que pode ser melhorado.

Seguindo estas diretrizes, tenho certeza de que o candidato garantirá uma pontuação altana redação e estará muito mais próximo de sua aprovação.

Fernando Bentes é diretor acadêmico do site Questões de Concursos e professor de direito constitucional da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

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