Todo o esforço é válido para fugir da concorrência, mas não existe nada mais eficaz do que uma preparação adequada
Paulo de Freitas
Na última vez que utilizei este espaço, sugeri aos candidatos interessados em participar do concurso para o cargo de escrevente técnico judiciário do Tribunal de Justiça de São Paulo que não se preocupassem com a quantidade de vagas oferecidas no edital, pois o órgão costuma chamar muito mais aprovados. Recebi alguns e-mails agradecendo pela dica, mas um deles me chamou a atenção. Foi o de um candidato que mora em Bragança Paulista pedindo conselho se deve prestar em sua região, que está oferecendo apenas seis vagas, ou na capital, onde tem 300 oportunidades.
O objetivo do nosso amigo é muito claro: ele quer optar pelo concurso que oferece a menor concorrência. A resposta que eu enviei ao simpático leitor pode servir para muitos que estão com a mesma dúvida. Não quero cravar uma resposta que os leitores possam seguir cegamente. Vou apenas apresentar alguns números para que cada um tire a sua própria conclusão.
Pegando o exemplo do nosso amigo de Bragança Paulista, vamos aos fatos. O concurso para a 6ª Circunscrição Judiciária (que abrange o município em questão) ocorreu em 2007 e foi homologado em meados de 2008. Na ocasião, o certame ofereceu nove vagas e foram chamados 48 aprovados. O último concurso para a comarca da capital aconteceu em 2010, quando foram oferecidas 300 vagas e chamados 1.362 candidatos aprovados. Dividindo o número de candidatos chamados pelo total de vagas oferecidas vamos ter uma média muito próxima entre os dois concursos.
Em Bragança Paulista, a quantidade de candidatos convocados foi 5,3 vezes mais do que a oferta de vagas do edital. No caso da capital, dividindo os 1.362 convocados pelas 300 vagas oferecidas, chegamos ao total de 4,5. Ou seja, foram convocados quatro vezes e meia a mais do que a oferta inicial. Vale lembrar que o concurso da capital teve validade de um ano (prorrogado por mais um), enquanto o de Bragança foi válido por quatro anos, já com a prorrogação.
Analisando os números, chegamos à conclusão de que o concurso da capital, na média, chamou muito mais candidatos do que o de Bragança porque teve a metade do tempo de validade. Nos dois concursos, a média de candidatos inscritos pelo total de vagas oferecidas também foi muito semelhante, próxima dos 300 interessados por cada vaga.
Espero que os leitores tenham entendido minha linha de raciocínio e que possam pensar muito antes de tomar uma decisão. Todo o esforço é válido para fugir da concorrência, mas não existe nada mais eficaz do que uma preparação adequada.Quem se dedica mais, acaba tendo maiores chances de alcançar o objetivo. O candidato bem preparado não se preocupa com a concorrência. A concorrência é que deve se preocupar com ele.
Paulo de Freitas é jornalista e funcionário público. Tem mais de 14 anos de experiência na área de concursos públicos. E-mail: paulokassaco@ig.com.br.
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