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A diplomacia, sem diplomacia

O cinema, como bem sabemos, já retratou a diplomacia com exuberância, análise pormenorizada ou reverência.

Redação
Publicado em 18/02/2011, às 15h13

Um dos concursos mais visados e com uma das remunerações mais atraentes (R$ 12.962) é o atualmente promovido pelo Instituto Rio Branco (IRBr) para o preenchimento de 26 vagas de diplomata. Uma função de prestígio, trânsito internacional e sofisticação que é conquistada lentamente e saborosamente no exercício do cargo.

O cinema, como bem sabemos, já retratou a diplomacia com exuberância, análise pormenorizada ou reverência. Em geral, o cinema americano (país que em virtude de sua posição na geopolítica internacional acaba tendo uma diplomacia mais representativa) é o que mais se dedica a escrutinar o ofício.

O mundo vive - atualmente - grande apreensão devido aos incidentes no Egito, país que circunda uma guerra civil. A diplomacia é o instrumento que líderes internacionais se fiam a garantir uma solução mais pacífica para o conflito. Não é a primeira vez que o continente africano testemunha levantes do gênero. Em 1994, embora em outro contexto sócio-político, um conflito político entre duas etnias causou a morte de mais de 100 mil pessoas. O fato histórico virou filme indicado ao Oscar dez anos depois. “Hotel Ruanda” mostra os bastidores do confronto, mas não se foca nos entreveros políticos – ainda que os perpasse. A trama, baseada em fatos reais, acompanha o trabalho de Paul Rusesabagina (Don Cheadle em grande atuação), um empresário que abriga mais de 1.200 pessoas em seu hotel para evitar que se tornem estatísticas oficiais de mortos. O grande aspecto humano do relato é que Paul defendeu com a vida pessoas que não eram de sua etnia, mas o principal alvo dos massacres perpetrados no país.

A fita mostra com precisão o trabalho da ONU em regiões politicamente instáveis como Ruanda, na época, e países como o Iraque e o Egito, atualmente. Nick Nolte faz um coronel das forças da ONU que pouco tem a fazer devido às amarras políticas. Joaquim Phoenix (de filmes como “Gladiador” e “Johnny & June”) surge de forma marcante como um repórter fotográfico que duvida muito da humanidade.

Outra encruzilhada diplomática é mostrada em “Justiça vermelha”. No filme, Richard Gere faz um advogado que vai a China para fechar um mega negócio. Depois de passar a noite com uma garota de programa chinesa – que acorda morta – ele é preso e será julgado. Apesar da aparente inocência, o personagem de Gere se depara com um sistema judiciário que não respeita convenções internacionais dos direitos civis. A diplomacia americana é acionada e tenta garantir defesa ampla para o advogado.

O filme faz uma dura crítica à China. Além de a fita ter sido proibida naquele país, o ator Richard Gere é “persona non grata” no país mais populoso do mundo por ser defensor da independência do Tibet, tema polêmico na China. Gere não pode viajar para lá em hipótese alguma.

O aspecto mais interessante de “Justiça vermelha”, no entanto, é a possibilidade de acompanhar os meandros da atividade diplomática em um caso como esse. Vale lembrar que o Brasil vivencia impasse semelhante com a polêmica sobre a concessão de asilo ao italiano Cesare Battisti.

Um retrato mais íntimo da rotina diplomática pode ser conferido no primeiro filme internacional do cineasta brasileiro Fernando Meirelles. Em “O jardineiro fiel”, o diplomata inglês Justin Quayle (Ralph Fiennes) decide investigar a morte da esposa, uma ativista política que tinha casado com ele apenas por conveniência (para ambos). 

Além de ser uma linda história de amor, uma crítica fervorosa aos desmandos da indústria farmacêutica e um belo exemplar de fita de espionagem, “O jardineiro fiel” revela um pouco mais da rotina de um graduado diplomata do primeiro escalão. É aqui que se vislumbra a rotina do ápice da carreira que, no Brasil, começa pagando mais de R$ 12 mil. 

Por Reinaldo Matheus Glioche

Serviço:

Justiça vermelha

Nome original: Red corner

País: Estados Unidos

Ano de produção: 1999

Direção: Jon Avnet

Disponível em DVD

Hotel Ruanda

Nome original: Hotel Rwanda

Países: Estados Unidos/África do Sul

Ano de produção: 2004

Direção: Terry George

Disponível em DVD

O jardineiro fiel

Nome original: The Constant gardener

País: Estado Unidos

Ano de produção: 2005

Direção: Fernando Meirelles

Disponível em DVD

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