Dilma Rousseff ainda é responsável por uma primazia: ser a primeira mulher a exercer o cargo mais poderoso do regime democrático brasileiro.
O país vive um momento de exuberância e ansiedade democrática. Não. Não se trata de um discurso político erroneamente publicado neste espaço. Essa ainda é uma coluna de cinema. Mas não poderia escapar um momento histórico como o que o país atravessa. No primeiro dia do ano toma posse um novo mandatário nacional. Dilma Rousseff ainda é responsável por uma primazia: ser a primeira mulher a exercer o cargo mais poderoso do regime democrático brasileiro. Por essas e outras razões, as atenções em 1º de janeiro de 2011 se voltam para o Palácio do Planalto, local em que há a troca de faixas e onde a alternância do poder é materializada.
Lágrimas e comoção fazem parte de um momento que gera expectativas e esperanças a um país. Um momento de tanta comunhão não poderia ser ignorado pelo cinema, arte que mais do que qualquer outra reproduz com esmero nossos anseios e sentimentos.
Há presidentes fictícios memoráveis no cinema. Mas há, também, biografias elogiadas e necessárias para dar nova dimensão a figuras proeminentes da cena política. Indicado pelo Ministério da Cultura para disputar uma vaga na categoria de melhor filme estrangeiro no próximo Oscar está “Lula – o filho do Brasil”. O filme do cineasta Fábio Barreto é um veículo para a popularidade do presidente mais popular da história nacional, pelos menos se considerarmos as últimas pesquisas de opinião. O filme, que tem sérios problemas narrativos, se incumbe de apresentar a trajetória do homem cuja grande realização seria chegar à presidência da República. Com bons atores, destaque especial para Glória Pires como a mãe do protagonista, a fita dá conta da emoção. Para quem vai sentir falta do Lula presidente, é uma boa pedida.
Mas se o seu negócio é rir, o melhor a fazer é recorrer ao Dave. Kevin Kline vive esse sujeito no filme “Dave – presidente por um dia”. A trama traz uma situação para lá de improvável, mas que emenda várias anedotas a respeito dos desmandos políticos. Dave trabalha em uma agência de empregos, mas também é sósia do presidente dos EUA Bill Mitchell. Certo dia é recrutado pelo serviço secreto americano para fazer uma rápida aparição pública no lugar do presidente. Após o mandatário ser vitimado por um enfarto, assessores tramam para que Dave continue a se passar pelo presidente, evitando que o vice (que não agrada a cúpula do partido) assuma o cargo. O filme é uma ótima paródia do cotidiano de um presidente que atua mais como um relações públicas do que como solucionador de problemas. O elenco de apoio é ótimo e traz atores do calibre de Laura Linney, Ben Kingsley e Frank Langella. Mas como política é coisa séria e há quem pense que não se deve rir dela (pelo menos deliberadamente), a dica é “W”. A fita do diretor Oliver Stone recria a trajetória do último presidente americano que todo o mundo adora falar mal: George W. Bush. Assim como ocorreu com o filme do Lula, “W” foi lançado com seu biografado ainda no poder. Assim como o filme do Lula, “W” não foi um sucesso de público e crítica, mas vale a conferida.
LEIA TAMBÉM
Oliver Stone é tido como uma espécie de biógrafo informal dos presidentes americanos. Além de Bush, já fez filmes sobre Kennedy (“JFK – a pergunta que não quer calar”) e Nixon (“Nixon”). Embora o diretor seja tomado como um polemista nato, “W” é um filme bem comportado. Na visão de Stone, Bush é um caipira bem intencionado que acidentalmente calhou de ter uma importância maior do que estava destinado na presidência do país mais importante do mundo.
Assistir ou não a posse da presidente Dilma é uma opção de cada um. Conhecer esses filmes é uma opção a mais para quem não tiver interesse em prestigiar a solenidade oficial, mas quiser se aproveitar do clima político do país.
Serviço:
Lula – o filho do Brasil
País: Brasil
Ano de produção: 2010
Direção: Fábio Barreto
Disponível em DVD
Dave – presidente por um dia
Nome original: Dave
País: Estados Unidos
Ano de produção: 1993
Direção: Ivan Reitman
Disponível em DVD
W
País: Estados Unidos
Ano de produção: 2008
Direção: Oliver Stone
Disponível em DVD
Por Reinaldo Matheus Glioche
Veja também:
Cineclube JC: empreendedorismo às avessas
Cineclube JC: para (tentar) entender o que está acontecendo - RJ
Cineclube JC: o triunfo da vontade
Cineclube JC: antes de prestar o vestibular...
Siga o JC Concursos no Google NewsMais de 5 mil cidades no Brasil!
+ Mais Lidas
JC Concursos - Jornal dos Concursos. Imparcial, independente, completo.