Juiz de direito. Uma profissão tão admirável quanto reclusa em si. Fidedigna de uma imparcialidade que o que nos faz humanos é incapaz de prover...
Juiz de direito. Uma profissão tão admirável quanto reclusa em si. Fidedigna de uma imparcialidade que o que nos faz humanos é incapaz de prover. O juiz é uma figura crucial dentro do sistema jurídico e judiciário e é tão apaixonante quanto arredada de vaidades.
Há pouco saiu um edital para juiz substituto do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região. A seleção é para a alçada federal, para atuação na segunda instância e, justamente por isso, mais difícil e concorrida do que um concurso para a primeira instância em jurisdição estadual.
Causas trabalhistas são aquelas que mobilizam maior quantidade de dinheiro e, geralmente, passam ao largo do interesse público.
LEIA TAMBÉM
Justamente por ser menos “cinematográfica” do que ações penais e civis, o cinema em geral – e Hollywood em particular – se apossaram pouco dessa importante vertente da justiça.
Aliás, os advogados e seus dilemas morais são mais cinematográficos do que os juízes e sua retidão à letra da lei. Mas alguns já foram protagonistas de ótimos filmes. Um deles é o sensacional “A comédia do poder”, um dos últimos do grande cineasta francês Claude Chabrol.
Uma juíza federal (Isabelle Huppert) está à frente de uma investigação que põe na linha de fogo órgãos públicos, agentes do governo, fraudes e participação de setores do empresariado. Claude Chabrol enxerga na corrupção disseminada no centro do poder uma anedota social.
O rigor moral da juíza vivida por Isabelle Huppert contrasta com o descalabro de sua vida familiar, negligenciada pela dedicação com que trata seu trabalho. Negligência e caos familiar estão presentes na vida do juiz Robert Lewis, personagem que Michael Douglas interpreta com brilho em “Traffic”. A produção acompanha a batalha contra o tráfico de drogas em diferentes frentes.
Douglas vive um juiz federal, com forte postura anti-drogas, que está a frente de uma investigação cheia de ramificações. A conturbada rotina do juiz torna-se mais conturbada ainda quando ele descobre que sua filha é viciada em heroína. “Traffic”, diferentemente de “A comédia do poder”, não se pretende uma crítica, mas busca com a mesma contundência arejar os dilemas que um juiz vivencia e que o grande público ignora.
Como curiosidade à contemporaneidade desses dois filmes, à parte o fato de se centrarem na figura de juízes, estão dois temas atuais que residem no seio da sociedade brasileira: o primeiro deles é o surgimento de uma nova droga (oxi), derivativa do crack, mas muito mais poderosa; o segundo aspecto de relevância é que a dramaturgia de “A comédia do poder” em muito se assemelha à denominada “operação satiagraha” que vinculava o banqueiro Daniel Dantas a negociatas de governo. Também neste caso, um juiz – no caso o magistrado Fausto Martin de Sanctis – frequentou o noticiário nacional.
Hollywood também soube brincar com essa figura tão primordial quanto apaixonante do jogo social. Sylvester Stallone foi juiz, júri e executor em “O juiz”, filme de ação rodado na época em que Stallone era o papa do gênero. Na trama de “O juiz”, que se passa no terceiro milênio, o sistema judiciário entrou em colapso e uma nova força policial erigiu dessa realidade. Chamados de juízes, esses policiais congregam toda a estrutura judiciária neles. O filme é divertido e mostra como Hollywood é capaz de subverter anos de aprofundamento doutrinário e organização civil em nome de boas duas horas de ação.
Por Reinaldo Matheus Glioche
Serviço:
A comédia do poder
Nome original: L´lvresse du pouvoir
País: França
Ano de produção: 2006
Direção: Claude Chabrol
Disponível em DVD
Traffic
País: Estados Unidos
Ano de produção: 2000
Direção: Steven Soderbergh
Disponível em DVD
O juiz
Nome original: Judge Dredd
País: Estados Unidos
Ano de produção: 1995
Direção: Danny Cannon
Disponível em DVD
Veja também:
Cineclube JC: sem querer, querendo...
Cineclube JC: inimigo profissional?
Cineclube JC: depois da visita de Obama...
Cineclube JC: questão de vocação
Cineclube JC: a diplomacia, sem diplomacia
Cineclube JC: novas profissões
Cineclube JC: nostalgia versus realidade
Cineclube JC: Dilma e outros presidentes
Cineclube JC: empreendedorismo às avessas
Cineclube JC: para (tentar) entender o que está acontecendo - RJ
Siga o JC Concursos no Google NewsMais de 5 mil cidades no Brasil!
+ Mais Lidas
JC Concursos - Jornal dos Concursos. Imparcial, independente, completo.