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As dores e os prazeres de trabalhar em casa

Saiba quais são os prós e os contras do home office, prática cada vez mais comum no mercado de trabalho atual

Redação
Publicado em 14/09/2012, às 14h05

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Aliada ao avanço tecnológico, a constante preocupação das empresas em conter custos sem alterar o lucro faz com que o mercado de trabalho se adapte à modernidade. Atualmente, está cada vez mais comum as companhias optarem por profissionais conhecidos como home office, ou seja, pessoas que trabalham em suas próprias casas com suporte a distância da empresa. Pensando nisso, o JC&E conversou com trabalhadores adeptos a esta modalidade de emprego para saber os prós e contras desta prática e com especialistas visando esclarecer dúvidas sobre os direitos trabalhistas desses profissionais.

Prós – As vantagens são muitas e valiosas segundo Miguel Gouveia, consultor de negócios, de 57 anos. “O custo com alimentação diminui e a locomoção entre casa e trabalho inexiste. Hoje, tenho horário flexível e auto-administrável, e posso trabalhar de acordo com meus lampejos particulares de criatividade e vontade de produzir”, conta Miguel, que trabalha home office há cerca de três anos prestando consultoria e assessoria empresarial. “A remuneração tende a aumentar em se tratando de negócio próprio”, completa.

Além dos motivos profissionais, outro fator foi determinante na escolha de Miguel em trabalhar em casa. “Tenho a possibilidade de passar mais tempo com meus familiares e amigos, reservar horários de pouco movimento em lugares públicos. Certamente, vivo com mais segurança. A melhora da qualidade de vida é gigante”, explica.

A escritora Jussara Nunes (foto), 27, também valoriza o conforto de sua casa. “É bom não ter a necessidade de se descolar até o local de trabalho e a facilidade de trabalhar num ambiente que você conhece e deixa do seu jeito”. Ser uma pessoa organizada é fundamental para o sucesso como home office, afirma Jussara. “Costumo marcar compromissos e saídas para lazer com antecedência, para poder me programar. Quando amigos vêm em casa fica difícil curti-los e trabalhar ao mesmo tempo, mas com jeitinho tudo funciona”. A escritora vai além e acredita que esta modalidade de trabalho será mais frequente no futuro. “Creio que esta seja a tendência das próximas décadas. Aos poucos o trabalho formal vai diminuir drasticamente e dar lugar aos freelancers e empreendedores individuais”, prevê.

Contras – Como nem tudo na vida são flores, o JC&E também perguntou aos profissionais quais são os pontos negativos do home office. É preciso tomar bastante cuidado para não confundir vida profissional e pessoal, ressalta Miguel. “Existe maior tendência à dispersão provocada pelo fato de estar em casa, como por exemplo, TV, telefone, internet, cachorro, tarefas domésticas, etc. É necessário ter uma rotina tanto para que o trabalho seja efetivamente produtivo, quanto para que não se torne algo 24 horas por dia”.

A ausência de colegas também pode ser sentida em certos momentos, conta Jussara. “Você tem pouco contato com outras pessoas e fica mais difícil separar vida profissional da pessoal”, explica.

Motivos familiares também desanimaram o administrador Wyuk Ramos, de 38 anos. “A minha experiência foi boa enquanto eu possuía poucos clientes, mas à medida que houve o crescimento da carteira de fregueses e da equipe foi ficando ruim, pois já atrapalhava minha rotina familiar”, relata Wyuk, que concedeu entrevista ao JC&E no seu último dia como home office, depois de sete anos trabalhando em casa. O administrador contou sobre as razões que fizeram voltar ao mercado de trabalho tradicional. “A comodidade de estar em casa é fantástica, mas quando o volume de serviço começa a aumentar é preciso repensar essa metodologia. Pode sobrecarregar”, avalia.

Miguel afirma que para exercer um bom trabalho, mesmo que seja em casa, é preciso ter condições ideais. “Vou colocar como negativo o fato de precisarmos obrigatoriamente de uma infraestrutura de telecomunicações, como internet banda larga, celular e tecnologia impecável. Comunicação on-line é fundamental para home office”, pondera Gouveia. “Existe também a possível perda das relações humanas, especialmente quando há muitos empregados trabalhando remotamente”, completa.

Direitos – A Lei 12.511/11, que introduziu o artigo 6º sobre a regularização do home office, está em vigor desde o dia 16 de dezembro de 2011, data de sua publicação, segundo Tatiana Guimarães Ferraz Andrade, 30, advogada especialista em direito e processo do trabalho. A nova regra apenas buscou reconhecer uma situação que, de fato, já acontecia. “O trabalho em domicílio não é recente e sempre esteve presente em toda a história do trabalho humano. A novidade é que com a utilização dos chamados meio telemáticos, tornou-se cada vez mais difícil identificar os traços de subordinação no trabalhador atual, que desempenha suas atividades fora do campo de visão de seu empregador”, considera Andrade.

A advogada afirma que os direitos do home office são os mesmos de um trabalhador que exerça suas atividades dentro da empresa. “O novo artigo determina que: não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado à distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego”, diz.

Tatiana ressalta sobre as horas a mais que os funcionários possam, eventualmente, fazer trabalhando em casa. “Ao direito de receber horas extras, em tese, o trabalhador que exerça atividades externas não está obrigado a anotação de jornada. A justificativa é que a empresa não tem como fiscalizar o cumprimento de horário de quem que esteja em local de trabalho diverso. Contudo, há regra que exige que a atividade seja justamente incompatível com a fixação de horário. Se a empresa fiscalizar de alguma forma o horário de trabalho do empregado, a regra não valerá e ele terá direito a receber pelas horas extras”, explica.

Cuidados – Antes de aceitarem um trabalho home office, é importante que os profissionais tomem algumas precauções para não terem dor de cabeça depois. “É interessante ver se a empresa oferece ajuda de custo para a realização do trabalho em casa”, afirma Marcelo Abrileri, 47 anos, presidente da Curriculum Tecnologia, que oferece vagas de emprego, inclusive home office.

Abrileri destaca outro ponto imprescindível que os candidatos devem prestar muita atenção. “Pode haver custos à pessoa para trabalhar em sua própria casa. Tais despesas podem envolver o uso de equipamentos pessoais e o consumo de energia elétrica, por exemplo. Assim, é importante verificar o que a empresa oferece para cobrir tais custos, caso contrário o profissional poderá se iludir quanto aos seus ganhos reais em relação ao salário oferecido”, finaliza.

Douglas Terenciano/SP

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