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Manual de redação do concurseiro

Esse tipo de prova cairá nos concursos da Infraero, Ministério da Justiça, TRT – 15ª região, entre outros.

Redação
Publicado em 19/06/2009, às 14h31

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A prova de redação, uma modalidade de prova dissertativa, está cada vez mais presente nos concursos. O objetivo não é descobrir o novo Machado de Assis ou o próximo Vinícius de Moraes, e sim “avaliar as competências do candidato na escrita”, segundo o professor de redação, Juarez Nogueira, 42, de Belo Horizonte (MG), e autor do livro “Redação - Manual de Sobrevivência para concursos e vestibulares". O JC&E selecionou as melhores dicas para você vencer essa etapa.


Folha em branco, caneta na mão e atenção ao enunciado: ele definirá sua missão, por meio de verbos como redija, argumente, discuta, aponte.


Não fuja do tema. “Por exemplo, se o tema é ‘infidelidade partidária’, mas o texto argumenta sobre ‘fidelidade partidária’. Parece, mas não é. Mesmo que não haja anulação porque o assunto está relacionado ao tema, a nota pode ser rebaixada”, comenta Juarez. Segundo ele, é importante não escrever com argumentos superficiais.


Investir no senso comum não é indicado: “Escrever em um texto sobre a violência: ‘Nos primórdios da humanidade, o homem já convivia com a violência. Hoje em dia, não só no Brasil como no mundo todo, ela aumenta a cada dia’. Não há nenhuma novidade aí, é apenas uma ‘estratégia de preenchimento de papel’, nada mais”, analisa Juarez.


Também evite os clichês, ou seja, expressões como “abrir com chave de ouro”, “pergunta que não quer calar” ou “no fundo do poço”.


Letra de “médico” prejudica a leitura do texto. “A ilegibilidade anula a redação”, afirma o professor Juarez. Use letra bem feita e de tamanho regular; respeite parágrafos, margens, divisão silábica e evite os borrões. Vale usar letra de forma, desde que sejam diferenciadas letras maiúsculas das minúsculas.


O texto é escrito para o outro, o leitor. Assim, atenção à gramática: aprenda a dominar a concordância entre verbos e nomes, e a fazer bom uso da pontuação. Então, releia o texto para detectar algum trecho que parecia muito claro na sua mente, mas ficou devendo quando escrito – se encontrar, reescreva, use palavras mais simples e frases mais curtas.

Passo a passo

Planeje. “É fundamental que o candidato organize as ideias selecionadas e as apresente numa progressão de dados”, sugere a professora de língua portuguesa e literatura brasileira, Cíntia Barreto (36), do Rio de Janeiro (RJ). Dispensar alguns minutos para elaborar a estrutura do texto e avaliar quais serão seus argumentos fará com que a escrita aconteça com mais facilidade e rapidez.


A redação deve ter começo, meio e fim. No primeiro parágrafo, ou introdução, apresente o tema de forma concisa de acordo com o ponto de vista que será defendido. “Isso pode ser feito a partir de uma pergunta, uma retrospectiva histórica, uma declaração impactante”, diz o professor Juarez.


No desenvolvimento, o autor deve envolver o leitor com argumentos bem embasados. “Isto se revela no domínio do assunto, numa abordagem interessante para envolver o leitor e persuadi-lo”, revela Juarez. Use relações de causa e conseqüência, contraste ou aponte as controvérsias de um tema polêmico.


Na conclusão, justifique suas expectativas e, se for o caso, sugira soluções e alternativas para a questão.

Sem tema ruim

Segundo o professor Juarez, um concurso na área da saúde pode ter como tema “Obesidade”, como solicitado pela Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais em 2007.  Na área jurídica, é mais comum a redação pedir uma proposta específica sobre a carreira.


O tema também pode ser subjetivo, como experimentou a agente cultural Graziela Thabata Garcia, 28, em um processo seletivo do Sesi (Serviço Social da Indústria). O tema da redação foi “Quem sou eu?”. “Comecei explicando sobre meu nome e porque eu gosto de ser chamada de ‘Thabata’ que, acredito, passa uma ideia forte. Depois falei sobre a importância de Deus e do amor na minha vida”, contou. Deu certo: ela foi a primeira colocada no concurso.


Independente da área, são altas as chances de que a proposta seja sobre um tema debatido na atualidade.  Diz o professor e escritor Juarez Nogueira: “É imprescindível não só conhecer os assuntos relacionados à área do concurso como ler revistas e jornais de grande circulação”.

Ler, escrever, rasgar

Mesmo escritores renomados lutam para obter o resultado desejado. Lygia Fagundes Telles, autora de vários romances, revelou certa vez: “É ler, ler, ler. Depois escrever, escrever, escrever. E rasgar. Eu rasguei muito”.


Cronometrar o tempo da elaboração do rascunho até passá-lo a limpo na fase de preparação ajuda o candidato a ter mais tranquilidade durante a prova, observa Juarez.


Terminado o texto, deixe-o descansar – isto porque às vezes escrevemos com a grafia errada e, mesmo relendo, não notamos de imediato. Releia o texto uns dois dias depois. “Assim, o candidato conseguirá ter uma visão mais crítica de seu próprio texto e sanar alguns problemas nele existentes, observando tudo o que aprendeu sobre elaboração de redação”, analisa Juarez.


 “Atleta não quebra recorde sem treino. A prática da escrita permite descobrir as possibilidades discursivas na construção de um bom texto, aprofundar a reflexão crítica e apurar o estilo”, nota o professor Juarez.

Os tipos

Dissertação: é o tipo mais pedido, no qual o candidato deverá apresentar argumentos para sustentar seu ponto de vista sobre o tema. “A seleção exige do candidato conhecimento do assunto, além de organização das idéias em parágrafos coesos e coerentes. É preciso ressaltar que a criatividade, nesta modalidade, também é importante, mas é vista como um fator de persuasão, ou seja, deve levar a banca a ‘comprar’ a ideia do candidato” – aponta a professora de língua portuguesa e literatura brasileira, Cíntia Barreto (36), do Rio de Janeiro (RJ).

Narração: Cíntia explica que esse tipo de texto deve responder às seguintes perguntas: “Quem são os personagens? O que acontece? (enredo) Como se desenrola o fato? Onde ocorre o fato? Quando ocorre? (tempo da ação) Por que o fato acontece? Qual o resultado? (desfecho da história). Na narração, o clímax prepara o leitor para a resolução do acontecimento”. Outra dica de Cíntia é atenção na hora de escolher o tipo de discurso se direto (quando a personagem fala, pede o uso de travessões, dois pontos e aspas), indireto (o narrador usa suas próprias palavras para descrever o que foi dito pelo personagem) e misto.

Descrição: “Descrever é apresentar as características do ser observado. A descrição prima pelo detalhamento”, resume Cíntia. Vale destacar que há descrições objetivas e subjetivas, portanto, fique atento ao enunciado da redação: na primeira, apresente as características reais do que é observado; já na segunda, é permitido apontar seus sentimentos com o uso, inclusive, do sentido figurado.


Aline Viana/SP

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