MenuJC Concursos
Busca
Últimas Notícias | | Empregos | Sociedade | youtube jc | Cursos Gratuitos

Finado tem fim?

Professor Diogo Arrais comenta sobre as formas de utilização da palavra "finado"

Redação
Publicado em 15/05/2013, às 14h14

WhatsAppFacebookTwitterLinkedinGmailGoogle News

Diogo Arrais


Ao visualizar tanta maldade ocorrida nos Estados Unidos, veio a mim um pensamento: nascer, às vezes nem crescer, morrer. Ao mesmo tempo, misturam-se conjugação verbal e a realidade carnal do ser humano.

Diz o jornalista que “Em Boston, há, pelo menos, três finados. Um é criança!” Finado, de acordo com o dicionário, é aquele que tem fim. Construção linguística cruel -  aquele / aquela que têm fim!

O ser, quando não finado, debate-se nas diferenças entre o “ter fim” e o “haver fim”. Sim! Todos os dias, usamos “tem isso”, “há aquilo”, “tem mesmo?” Qual é, então, a diferença entre os citados verbos? Bem simples e vital: o “ter” só deve representar POSSE; já o “haver”, enquanto verbo principal, representa EXISTIR, ACONTECER, OCORRER.

Vejamos um trecho da canção Encontros e Despedidas, de Fernando Brant e Milton Nascimento:

“Todos os dias é um vai e vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai
Para nunca mais...

Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai, quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim chegar e partir...”


O finado, ali representado pelo sujeito vida, pode apresentar duas concepções, crenças gramaticais. Primeira crença: de a própria VIDA POSSUIR gente que vai e vem, que chega e vai.  Nesse caso, com o uso padronizado do verbo TER. Ela, a vida, tem gente!

Segunda crença: o desvio, com o verbo TER, dando relação de existência. O padrão gramatical, para os que assim creem, seria: HÁ GENTE que vai e vem, HÁ GENTE que chega e que vai; a gente simplesmente EXISTE, ACONTECE, OCORRE. A vida não nos possui. Sendo assim, o verbo adequado seria o HAVER ou mesmo o EXISTIR.

Tudo depende da concepção gramatical. Você acha que a vida TEM gente ou, simplesmente, HÁ gente na VIDA? A Semântica não perdoa o finado: este tem fim. Tem fim. A vida, talvez, não.

Um abraço e até a próxima!

Diogo Arrais é professor de língua portuguesa do Damásio Educacional. Twitter: @diogoarrais

Siga o JC Concursos no Google News

JC Concursos - Jornal dos Concursos. Imparcial, independente, completo.