Confira a trajetória de Rosely, a taxista, no Vida em Parágrafos desta semana
Redação
Publicado em 18/01/2013, às 14h53
Auxiliar de dentista, atendente e caixa de padaria, trabalhadora de canteiros de obras e conserto de válvulas de extintores de incêndio. Estas são algumas das profissões pelas quais Rosely Xavier e Silva já passou. Hoje ela é taxista pelas ruas de São Paulo.
Depois de 24 anos na Espanha, Rosely voltou para o Brasil em janeiro de 2012 devido à crise que ocorre por lá. Antes de se mudar ela era motorista de ônibus no “país da paella”. Tornou-se taxista aqui, pois verificou que no Brasil não se pode trabalhar com ônibus quando se tem mais de 45 anos.
A taxista tem como diferencial o seu atendimento. Preocupada com o bem-estar de seus clientes tem cuidado com os detalhes. “Eu procuro ser o mais educada possível, estar bem vestida, manter meu carro sempre limpo e cheiroso e sempre ter o que se ler dentro dele. Falta só o cafezinho paulistano”, brinca.
Não é a toa que pela rede social Facebook é possível encontrar elogios ao trabalho da taxista. “Estou sempre à disposição de meus clientes, os escuto mais do que falo e, se eu puder, se me pedirem, dou até conselhos. Nós taxistas somos um pouco de psicólogos ou amigos”. E complementa: “atendimento é sempre a ‘alma’ do negócio. Aqui na cidade, talvez por ser estressante, local no qual as pessoas têm pouco tempo para tudo, os passageiros sempre precisam ser tratados com todo respeito e consideração, e isso não custa nada ao motorista. Você deve tratar seu passageiro sem nenhum tipo de discriminação, como se ele fosse a única pessoa a ser atendida naquele dia, é isso o que eu penso”.
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A taxista tem até mesmo um programa de fidelidade para seus passageiros. A cada 1.000 km rodados, o cliente ganha uma viagem de 50 km. Uma taxista que inova.
Quanto ao modo como dirige, Rosely também se mostra de maneira muito adequada à profissão, apesar dessa não ser uma tarefa muito fácil na cidade de São Paulo. “Ser uma motorista tranquila, calma ao volante, apesar do caos que é o trânsito, principalmente em hora de ‘pico’ e estar sempre em busca de melhorar o atendimento é muito importante”.
A motorista trabalha de domingo a domingo, das 18h às 6h e faz também viagens curtas agendadas previamente. Com a Lei Seca, que tem como objetivo evitar acidentes por embriaguez no volante, as pessoas que saem à noite podem contar com seus serviços. “Quando querem ir a um bar ou restaurante com amigos sem ter que se preocupar, evidentemente é muito mais seguro pegarem um táxi. Eu levo até cinco pessoas em meu Zafira. Combino com eles e vou buscá-los, até mesmo em cidades do litoral ou interior, no horário estipulado por eles. Até agora tem funcionado bem”.
O marido e o filho permanecem na Espanha e ficam preocupados com o trabalho de Rosely aqui na “selva de pedra”. “Agora eles sentem medo, devido ao perigo de rodar à noite em uma cidade grande e agitada como São Paulo, mas preciso trabalhar.”
Além do risco do trânsito, há também outro: “nunca sabemos quem levamos, pode entrar qualquer tipo de pessoa em meu carro”. Ela relembra fatos inusitados que já ocorreram e conta rindo que uma vez deu carona a “Deus”. “Sim, pois o homem era doido, ele se apresentou como sendo ‘Deus’, estava com avental de hospital, deve ter fugido, e o deixei na favela. Foi engraçado porque ele disse que Deus, ou seja, ele, não deve nada a ninguém, e que então ele não me pagaria. Eu o deixei ir tranquilo.”
Mas Rosely sempre gostou do que faz e diz que o que mais lhe deixa satisfeita com a profissão é poder ajudar as pessoas.
Carolina Pera
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