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Valorizando cada conquista

Moisés Shalimay transmite com suas palavras uma austeridade que não se imagina possível em alguém com 18 anos, mas que se mostra contingência de alguém que tenha superado os obstáculos que ele superou para começar sua vida.

Redação
Publicado em 30/07/2010, às 15h13

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O pai da psicanálise, Sigmund Freud, cunhou a seguinte frase: “Só a experiência própria é capaz de tornar sábio o ser humano”. Freud, como se sabe, é contestado por muitos e reverenciado por tantos outros. A verdade dessa frase em particular é algo que todos nós seres humanos experimentamos no curso de nossas vidas. A frequência ou mesmo a incidência dessa verdade é que varia de uns para outros. Não dá para dizer que Moisés Shalimay, com 18 anos, já viveu suficientemente para se autoproclamar sábio ou para que o proclamem em um espaço como esse.

Contudo, o garoto que morou toda a sua vida no bairro de Copacabana, é filho de pai israelense (“daí o Shalimay”, informa a qualquer interlocutor) e coleciona boas notas escolares não apresenta a história de vida que essa rápida sinopse sugere. História de vida? Aos 18 anos? Por que não quando não se tem um pai presente? Por que não quando a vida financeira da família vai minguando com o passar dos anos? Por que não quando se depara com a necessidade de superar a perda de entes queridos? Por que não quando se batalha diariamente pelo direito de estudar e sonhar com um futuro digno? Por que não quando se precisa trabalhar precocemente para ajudar no sustento da casa? Por que não?

Moisés transmite com suas palavras uma austeridade que não se imagina possível em alguém com 18 anos, mas que se mostra contingência de alguém que tenha superado os obstáculos que ele superou para começar sua vida.

A grande conquista de Moisés ainda está por vir, mas falando com ele parece que ela já veio. “É uma pequena vitória em meio a tantas outras que existem por aí, mas para mim o que importa não são os resultados de fato. O que importa é saber que eu pude me superar, mesmo com todos os empecilhos para que isso não acontecesse”. Moisés se refere ao fato de ter provado para si mesmo que é capaz.

Filho de uma aventura amorosa e de um pai desinteressado no resultado dela, Moisés foi criado pela mãe e pela avó que se dividia entre o Rio de Janeiro e o Mato Grosso, onde moravam os outros filhos.

Moisés, como toda criança, era bastante arteiro. Apesar de contar com a simpatia de seus professores (todos louvavam sua capacidade intelectual, mas recriminavam seu perfil bagunceiro), o jovem não se endireitava. Frequentava a diretoria do colégio com assiduidade atroz. Em casa, pouco via a mãe que trabalhava em excesso para prover o sustento. “Minha mãe e minha avó brigavam constantemente, um reflexo da vida estressante que tínhamos áquela época”, analisa consciente.

Durante o colegial, Moisés se viu na contingência de começar a trabalhar; já que apenas o fruto do trabalho de sua mãe havia se mostrado insuficiente para prover-lhes o sustento. Pouco antes disso, a morte da avó, figura importante em sua formação, deixara-lhe algumas sequelas emocionais fortes. “Minha mãe ficou em um estado depressivo intenso. Eu dormia até mais tarde, faltava à escola, minhas notas caíram...”, rememora. “Aos poucos fomos superando o trauma”.

Essa fase de superação coincidiu com o estágio na Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro. O primeiro emprego, ao invés de afirmar o sonho de seguir carreira no direito, desviou o jovem de seus objetivos primários. “O ambiente jurídico se mostrou tão estressante e fatigante que me fez desistir de tal sonho”, recorda. Mas o que fazer às vésperas do vestibular (o ingresso na faculdade garantiria a continuidade de uma pensão que recebia do Estado em nome de sua avó que era essencial para o sustento da casa) com uma súbita e improvável mudança de objetivo?

Deixando o comportamento adolescente para trás. Moisés fez a difícil escolha de abandonar o estágio em um momento delicado das finanças da família para focar no vestibular. Além da escola, Moisés frequentou um curso pré-vestibular comunitário, o Vetor, e integrou um grupo de oito estudantes selecionados junto à escola pública em que estudava para participar do curso preparatório Reforço Novo Enem, ministrado pela SEEDUC em parceria com a ABECE.

“As provas começavam a chegar e me inscrevia em quase todos os vestibulares possíveis, sempre pedindo isenção das taxas de inscrição”. O esforço e o comprometimento foram recompensados. Moisés passou em praticamente todos os vestibulares prestados. Unicamp, UFRJ, PUC, Unirio e Ibmec. Nesta última, via Prouni (Programa Universidade Para Todos), conseguiu sua vaga no curso de economia.

Pode-se contestar Freud, mas não dá para dizer que essa experiência não fez de Moisés uma pessoa mais sábia.

Reinaldo Matheus Glioche

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