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Redução da jornada de trabalho sob outra visão

Executivo levanta os benefícios que a prática poderá trazer a empregados e empregadores.

Redação
Publicado em 30/03/2010, às 11h13

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A discussão está em pauta mais uma vez, e, se analisarmos bem, veremos que sempre esteve. A redução da jornada de trabalho faz parte das reivindicações dos trabalhadores desde os primórdios do capitalismo. A questão atual sobre reduzir ou não a jornada de 44 para 40 horas semanais vem gerando debates apaixonados. Os argumentos de um e de outro lado são muitos e, na maioria das vezes, bem convincentes. A criação de mais postos de trabalho alardeada por sindicalistas; o aumento do custo de produção temido por empresários... Como lidar com tudo isto?


Acredito que, muito além de qualquer discussão, legal ou não, cabe a cada um de nós, empresários, analisar o que queremos para nossa empresa e, principalmente, o que queremos de nossos e para os nossos colaboradores.


É realmente necessário que cada um deles cumpra uma jornada de trabalho diária de oito horas ou mais para ser produtivo ou seria exatamente o contrário? Por outro lado, o que a redução de uma hora diária de trabalho pode proporcionar de benefício a ele e a sua família?


Dia a dia, venho me certificando de que o que faz com que o colaborador seja produtivo é, principalmente (se não unicamente), a motivação. Nada surtirá efeito, nenhum incentivo, se ele não sentir vontade de fazer o que se propõe ou o que lhe é proposto. Não é difícil prever que um trabalhador que não tem tempo para a família, para ter um pouco de lazer, para praticar um exercício, para se qualificar profissionalmente ou até mesmo para dormir o suficiente vai ter um rendimento aquém de seu potencial. 


A redução da jornada de trabalho pode funcionar como um eficiente fator de motivação, além de poder ser encarada como um prêmio. À medida que o grupo ou o departamento sabe que, independentemente do que impõe a lei, se a tarefa é cumprida eficazmente, em menos tempo, todos podem trabalhar menos horas, certamente há um consenso sobre como cada um deve agir para que todos se beneficiem. O tempo é melhor aproveitado, a atenção redobrada. Acaba havendo uma motivação mútua.


Outro benefício da redução de jornada é a possibilidade de adequação do horário às conveniências de cada um, incluindo aqui a possibilidade de se adequar ao melhor horário para fugir dos maiores picos de trânsito. Em uma cidade como São Paulo, em que se perdem horas nos deslocamentos de casa ao trabalho e vice-versa, meia-hora faz uma diferença enorme, e uma hora a menos de trabalho pode representar duas horas a mais de lazer. Poder sair um pouco antes ou um pouco depois que a maioria das pessoas pode trazer um ganho significativo para a qualidade de vida de cada trabalhador.


E este é o ponto principal: a qualidade de vida. Não é segredo para ninguém que jornadas de trabalho intensas podem resultar em graves problemas relacionados à saúde como estresse, depressão, lesões por esforço repetitivo, entre outros, além de acidentes do trabalho decorrentes do cansaço que resulta em desatenção. E também não é difícil constatarmos como o convívio familiar fica prejudicado quando delegado a segundo ou terceiro plano. E desestruturação familiar, certamente, acaba refletindo na capacidade produtiva do trabalhador. 


Contribuir para a boa condição de vida de nossos colaboradores é mais que desejável, é uma obrigação de cada empresário. E se, ao pesarmos prós e contras no que se refere à redução da jornada de trabalho, colocarmos essa condição como prioridade, certamente concluiremos que não perderemos nada em aderir a uma jornada menor. Pelo contrário, teremos muito a ganhar, em motivação, satisfação e fidelidade de nossos funcionários, o que, consequentemente, resultará em maior produtividade.


E, ainda mais, estaremos contribuindo para a efetivação do propalado círculo vicioso do desenvolvimento: redução da jornada ? geração de mais empregos formais e redução do desemprego e da informalidade ? crescimento do consumo ? fortalecimento do mercado interno ? maior impulso na economia ? mais produção.

Sérgio Marques é presidente do Laboratório Buenos Ayres, empresa brasileira com mais de 60 anos no mercado e cerca de 500 funcionários.


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