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Profissão Professor

Artigo do professor Edison Andrades.

Edison Andrades
Publicado em 21/10/2013, às 15h32

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Não poderia deixar passar a semana do professor sem dar minha pequena contribuição sobre essa profissão tão peculiar. Ora nos referimos à profissão de professor como a mais nobre de todas, ora como a menos reconhecida. Como explicar essa dicotomia!?

Precisamos começar a dissociar reconhecimento de remuneração. Como professor, sempre fui muito reconhecido enquanto atuava, ainda que, em alguns casos, “não ganhasse” por aquela aula. O fato é que temos um pendor para a autopiedade e isso nos remete, por vezes, ao senso comum. O verdadeiro professor não pertence ao senso comum, até porque não somos comuns.

Recentemente, observei uma passeata que protestava por melhorias para a classe docente. Justa e honesta! Mas acredito que essa maneira de reivindicar nunca vai funcionar plenamente por uma simples razão: aqueles que podem fazer algo para atender às reivindicações não estão nem aí para o que fazemos nas ruas. Desculpem amigos, mas nossa revolução está justamente em nosso habitat, a sala de aula, pois é lá que temos a oportunidade, todos os dias, de sermos reconhecidos e até melhor remunerados.

Contudo, enquanto tratarmos nosso aluno (Do latim, Alumnus, “criança de peito, lactente”) como alguém que não sabe nada ou depende de nosso conhecimento, nunca teremos mudanças relevantes em nossas vidas. Antes da docência, encontra-se a decência com nossa escolha: pertencer ao grupo dos que transformam seres em humanos, em indivíduos socialmente integrados; o que só pode ocorrer de forma compartilhada, num ambiente calcado na troca de competências, e não na “arrogância pedagógica”.

Um bom começo seria deixar de reclamar do comportamento da tal Geração “Y” e de julgá-la como imediatista e desinteressada em aprender, quando boa parte do problema pode ser a falta de aprimoramento por parte dos professores. Nós, por vezes, não nos renovamos em nossa forma de nos apresentar perante um novo cliente. O mundo mudou, o mercado consumidor mudou, porque as pessoas mudaram. E nós, professores, que deviríamos ser os precursores das mudanças, ainda nos submetemos a um sistema educacional com trezentos anos de atraso.

Mas o atraso não está instalado em apenas uma camada social, pois quando, numa sala de aula, precisamos instalar um bloqueador de sinal de celular para que meu aluno preste a atenção em minha aula, não é apenas porque essa geração “não quer nada com nada”, mas é porque EU preciso rever minha didática e repensar as estratégias através das quais busco acessar meus aprendentes. Enquanto formos tarefeiros operacionalizando planos de aula e cumprindo conteúdos programáticos elaborados e ditados por um Ministério Federal, que cria métricas e regras para apenas alterar os índices estatísticos, tão visados em tempos de eleição, ficará difícil haver uma transformação em nossa classe. Precisamos entender que um professor é alguém que transborda conhecimento e por isso decidiu, repito, decidiu compartilhar com outrem aquilo que não consegue manter guardado. Professor é aquele que transfere sua aula para a alma das pessoas, e não apenas para a apostila ou para a prova.

Não sou um dissidente da classe, até porque estou em sala de aula, mas infelizmente muitos de nós ainda não perceberam que o que vai mudar a condição de nossa categoria não virá dos órgãos para os quais abrimos faixas e frases de impacto, mas a mudança virá a partir do significado daquilo que ministramos todos os dias para as mentes e corações de nossos clientes (ou seja, nossos alunos). Profissão Professor não é uma mera alternativa, mas uma escolha. E por nossas escolhas somos inteiramente responsáveis.

Prof. Edison Andrades é sócio da Reciclare Treinamento. Facebook.com/professor.edison.andrades

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