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Violência ameaça trabalho de agentes de saúde nas comunidades, aponta Fiocruz

Muitos agentes tiveram que deixar de realizar algumas atividades comunitárias devido ao seu estado de saúde e à violência. Veja detalhes do estudo levantado no Nordeste brasileiro

Atividades dos agentes de saúde foram reduzidas devido ao medo da violência em Fortaleza
Atividades dos agentes de saúde foram reduzidas devido ao medo da violência em Fortaleza - Divulgação/JC Concursos
Pedro Miranda

Pedro Miranda

redacao@jcconcursos.com.br

Publicado em 09/10/2023, às 21h17

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Um estudo recente realizado pela Fundação Oswaldo Cruz do Ceará (Fiocruz Ceará) está trazendo à tona uma preocupante realidade enfrentada pelos agentes comunitários de saúde (ACS) que atuam no Nordeste brasileiro. A pesquisa abrangeu quatro capitais (Fortaleza, Recife, João Pessoa e Teresina) e quatro cidades da região (Crato, Barbalha, Juazeiro do Norte e Sobral) e foi conduzida por mais de 20 pesquisadores de cerca de 13 instituições do Brasil e do exterior.

Os resultados iniciais do estudo, que será desenvolvido ao longo deste ano, revelam que a violência e a pandemia de Covid-19 causam um impacto significativo na saúde física e mental dos ACS. Entrevistando 1.944 agentes de saúde em oito cidades nordestinas, o estudo constatou que 64,7% dos ACS tiveram sua saúde mental afetada pela violência, enquanto 41,1% relataram problemas de saúde física em decorrência da violência.

Em relação à pandemia de Covid-19, o estudo revelou que 77,6% dos ACS trabalharam na linha de frente contra a doença, apesar de 83,8% deles não terem recebido treinamento específico para lidar com o vírus. Surpreendentemente, para 80,7% dos agentes, a violência não influenciou em sua atuação durante a pandemia. No entanto, a pesquisa também apontou que 40,4% dos ACS acreditam que o trabalho em equipe melhorou durante a pandemia, enquanto 37,9% alegam que houve uma piora nesse aspecto.

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Atividades dos agentes de saúde foram reduzidas devido ao medo da violência em Fortaleza

A coordenadora da pesquisa, Anya Vieira Meyer, da Fiocruz Ceará, enfatizou a alarmante situação dos ACS, destacando que cerca de 40% deles estão em risco de desenvolver transtornos mentais comuns, como ansiedade e depressão. O uso de medicamentos para controlar esses transtornos atinge entre 15% e 20% dos agentes. Ela observou que muitos agentes tiveram que deixar de realizar algumas atividades comunitárias devido ao seu estado de saúde e à violência presente nas áreas em que atuam.

Em Fortaleza, uma das cidades estudadas desde 2019, o impacto da violência e da Covid-19 foi particularmente pronunciado nas comunidades mais vulneráveis. Os dados revelaram que, nessas áreas, as atividades dos ACS foram reduzidas devido ao medo da violência e à pandemia. Antes da Covid-19, 32% dos ACS em Fortaleza apresentavam risco de transtornos mentais comuns, mas em 2021, esse número aumentou para 50%.

Anya Vieira Meyer destacou a complexa situação vivenciada pelos agentes comunitários de saúde, que interagem diretamente com o público em territórios frequentemente afetados pela violência. Ela também ressaltou que seis das 30 cidades mais violentas do mundo estão localizadas no Nordeste do Brasil, de acordo com o ranking da organização não governamental Conselho Cidadão para a Segurança Pública e a Justiça Penal, do México.

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