Dinheiro Esquecido: aumentam golpes sobre valores a receber, alerta BC

Tem dinheiro esquecido em bancos? O Banco Central (BC) emitiu um alerta sobre o aumento significativo de tentativas de golpe relacionado ao Sistema de Valores a Receber (SVR). Veja como os golpes acontecem

Mylena Lira   Publicado em 28/01/2024, às 19h54

Divulgação

A promessa de recuperar dinheiro esquecido há vários anos tem se transformado em prejuízo para um número crescente de brasileiros. O Banco Central (BC) emitiu um alerta sobre o aumento significativo de tentativas de golpe relacionado ao Sistema de Valores a Receber (SVR) desde o final do ano passado. 

De acordo com Carlos Eduardo Gomes, chefe do Departamento de Atendimento Institucional do BC, a tecnologia empregada pelos golpistas pode variar, mas o modus operandi permanece semelhante.

Segundo estatísticas recentes do BC, até o final de novembro, os brasileiros ainda não haviam sacado R$ 7,51 bilhões do Sistema de Valores a Receber. Gomes ressalta que os golpistas se aproveitam do alto valor não retirado, vendendo informações falsas, e alerta que, embora o golpe seja apresentado de maneira inovadora, a essência é antiga, comparando-o ao conhecido golpe do bilhete premiado.

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Golpe do dinheiro esquecido: saiba como funciona

Os criminosos simulam consultas em sites e aplicativos falsos fora do ambiente regulamentado pelo Banco Central. Essas consultas fraudulentas resultam em valores fictícios, geralmente entre R$ 1 mil e R$ 3 mil, a serem recebidos.

Posteriormente, os fraudadores instruem a vítima a clicar em um link falso e efetuar um pagamento entre R$ 45 e R$ 90 para liberar o suposto montante esquecido. Após o pagamento, os golpistas desaparecem sem deixar rastros, deixando a vítima sem o dinheiro.

Carlos Eduardo Gomes destaca que, embora uma transferência de menos de R$ 100 possa parecer insignificante, ela pode causar prejuízos consideráveis, especialmente para aqueles com renda mais baixa.

O Banco Central não divulgou estatísticas precisas, mas informou um aumento considerável nas denúncias recebidas pelos canais de atendimento do BC - Sistema Fale Conosco e telefone 145 - nas últimas semanas, atingindo um pico entre a última semana de dezembro e a segunda semana de janeiro.

Gomes enfatiza que, apesar da evolução das tecnologias, os sistemas de segurança tanto do Banco Central quanto dos bancos não são violados. O que ocorre é que os criminosos direcionam as vítimas para sites ou ambientes falsos, muitos localizados no Leste Europeu, enquanto os valores reais permanecem seguros no sistema financeiro.

Golpe com inteligência artificial

O chefe de departamento do BC destaca ainda a utilização de vídeos criados com inteligência artificial nos quais celebridades ou autoridades públicas fazem falsos depoimentos. Esses vídeos recomendam links ou aplicativos não associados ao Banco Central para consultas fraudulentas.

O BC lançou um alerta no final de novembro contra falsos aplicativos de valores a receber, ressaltando a importância de os consumidores realizarem consultas exclusivamente na página oficial do Banco Central na internet, que conta com duas camadas de segurança.

Gomes enfatiza que a maioria dos golpes utiliza técnicas de engenharia social, onde a própria vítima fornece dados aos criminosos. Ele destaca a importância de proteger as informações pessoais, alertando que, se caírem em mãos erradas, é apenas uma questão de tempo para se tornar vítima de golpes.

Golpe deve ser denunciado

Embora nem sempre seja possível recuperar o dinheiro, o Banco Central orienta os consumidores a denunciarem o golpe ao banco ou à operadora do cartão de crédito e solicitar o estorno do valor.

Em casos de transferências por Pix, onde as transações são instantâneas, a recuperação do dinheiro é praticamente impossível. Para aplicativos falsos, o BC recomenda registrar reclamação no Procon local e, em casos consumados, a vítima deve procurar a delegacia para registrar boletim de ocorrência.

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