Medida adotada pelo governador de São Paulo é vista com preocupação. Falta de infraestrutura tecnológica é um dos principais obstáculos para a adoção do material digital
Pedro Miranda Publicado em 04/08/2023, às 14h20 - Atualizado às 15h10
A recente decisão do governo de São Paulo de fornecer exclusivamente material didático digital para alunos do ensino fundamental II e ensino médio tem gerado controvérsia e críticas de acadêmicos e entidades envolvidas na área educacional.
A ideia de eliminar os livros físicos das salas de aula e adotar somente o conteúdo informatizado é vista com preocupação por especialistas, que defendem a necessidade de um esquema híbrido, combinando as vantagens do analógico e do digital.
Especialistas enfatizam que a formação das futuras gerações exige uma abordagem mais cuidadosa e gradual, com adaptações na infraestrutura escolar, formação dos professores e mudanças nas propostas pedagógicas. O exemplo da Suécia, que adotou a digitalização completa e depois decidiu recuar, é citado como um alerta para os riscos de uma transição brusca.
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Olavo Nogueira Filho, diretor executivo da ONG Todos Pela Educação, destaca ao g1 que nenhum país optou por uma substituição integral dos materiais impressos pelos digitais. Ele defende a coexistência dessas duas formas de ensino como uma abordagem mais equilibrada e eficiente.
A falta de infraestrutura tecnológica nas escolas é um dos principais obstáculos para a adoção do material informatizado. A manutenção e conserto dos computadores e dispositivos eletrônicos tornam-se desafios a serem enfrentados pelas instituições de ensino.
Além disso, o uso excessivo de telas também é um ponto de preocupação, pois pode causar prejuízos pedagógicos, afetando a concentração e o aprendizado dos alunos. Especialistas defendem a necessidade de equilibrar o tempo de exposição às telas com outras atividades que estimulem a interação social e o desenvolvimento das habilidades socioemocionais.
Apesar dos benefícios da tecnologia, a transição para o material didático digital precisa ser cuidadosamente planejada e adaptada à realidade das escolas e das famílias. O processo deve considerar a democratização do conteúdo para acesso de pessoas com deficiência, facilitando o aprendizado inclusivo.
Outro aspecto positivo é a agilidade na avaliação dos alunos, permitindo uma análise mais rápida do desempenho e um feedback mais efetivo para o processo de ensino-aprendizagem. No entanto, a adoção do material informatizado não deve desconsiderar os benefícios do material impresso, como a possibilidade de melhor compreensão do conteúdo e a redução do peso das mochilas, além de eliminar o risco de esquecimento dos livros em casa.
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