Na coluna dessa semana, o colunista Gabriel Granjeiro faz uma reflexão interessante sobre o que você diria para o seu "EU" do passado
Publieditorial Publicado em 09/05/2023, às 14h27
No dia de publicação deste artigo, completo 31 anos. Não sei se com você é assim, mas aniversários me fazem pensar, refletir, imaginar. Acaba sendo um momento que me obriga a parar um pouquinho para analisar o último ciclo e vislumbrar o que está por vir; para avaliar erros, acertos, deslizes, bênçãos – a maior delas a de ter vivido mais um ano.
Imbuído desse espírito, quero responder de maneira diferente a uma pergunta que vez ou outra recebo em minhas redes sociais: “O que você diria ao Gabriel de 10 anos atrás?”.
Que tal vir comigo nesta tentativa de resposta à qual me permito dar um toque de fantasia e criatividade? Acho que os conselhos daí resultantes poderão ser úteis a qualquer pessoa, de qualquer idade, sobretudo a quem tem fome de crescer.
Certo dia saí para caminhar. Queria espairecer, sentir o vento no rosto e o sol da linda manhã aquecer a minha pele e recarregar as energias. Não havia andado muito quando deparei com um jovem também chamado Gabriel, que naquele dia comemorava o aniversário de 21 anos.
Nós nos cumprimentamos, e ele me pareceu um velho conhecido. Como eu, falava pouco, mas o suficiente para deixar entrever sua preocupação. Dava para notar que ele estava tenso, ansioso e um pouco perdido.
Conversa vai, conversa vem, ele me confidenciou que tinha acabado de se formar em Administração de Empresas por uma universidade no exterior e, de volta ao Brasil, começado um negócio na área de ensino a distância. Disse que havia entrado nessa sem recursos, sem crédito e sem estrutura; apenas com alguma experiência no ramo dos cursos presenciais. Seus olhos brilhavam, e senti que aquele moleque gostava mesmo do que via no seu futuro.
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Tentei seguir meu caminho, mas a companhia era boa. Foi quando o rapaz franzino me perguntou, um tanto envergonhado, se eu teria algum conselho para ele. Eu disse que primeiro terminaria a minha caminhada, mas pensaria numa boa resposta e mais tarde lhe escreveria uma carta. Pois bem. A “caminhada” acabou sendo de dez anos, mas hoje me sinto confortável para partilhar com aquele garoto tudo que aprendi nessa jornada.
Então, jovem Gabriel, eis a carta que lhe prometi. Para valer a espera, em vez de apenas um conselho, reuni dez. Boa leitura!
“Caro Gabriel, tenho só 31 anos, mas já vivenciei situações que empreendedores com o triplo da minha idade não passaram nem perto de experimentar. Por isso, acho que posso, sim, lhe oferecer alguns conselhos, dicas, “bizus”:
1. Trate sempre as pessoas como pessoas, com respeito, olhando nos olhos e ouvindo mais do que falando. Não elogie nem critique o indivíduo, em si, mas as ações dele. Acredite, é mais produtivo censurar comportamentos e condutas do que repreender alguém em função de algum traço de sua personalidade. E cuidado com as palavras: elas ofendem. Se, conversando com a pessoa, você concluir que não pode mesmo ajudá-la, silencie e apenas a escute com atenção e boa vontade;
2. Não permita que a opinião dos outros governe a sua vida ou direcione o seu futuro. Nada de dar poder a quem mal o conheça ou nem mesmo goste de você. Ouça só aqueles que têm carinho e amor pelo que você é e faz pelas outras pessoas. Confie mais nos batimentos do seu coração do que na razão;
3. Esteja preparado para decepções e traições. Elas virão de uma minoria, mas virão. Sabe, a ingratidão é da natureza humana; então, quando ela o tiver como alvo, evite ficar remoendo a dor. Aprenda o que tem para aprender e siga em frente. Lembre-se do seu propósito e do seu valor, encha o peito de vontade e continue o seu caminho. Pense que a maior parte das pessoas é do bem, e é isso que importa;
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4. Saiba, desde logo, que a vida, em alguns momentos, lhe parecerá injusta e incompreensível. Coisas alheias a sua vontade acontecerão sem que você tenha contribuído para isso. O que fazer então? Concentre-se na solução. Dessas turbulências fora de época e aparentemente sem sentido pode surgir algo de belo em sua vida, além de boas oportunidades. Esteja com as mãos bem abertas para agarrá-las;
5. Ame sua família, sua futura esposa, seus futuros filhos. Respeite seus pais e aprecie cada minuto da companhia deles. Pais, irmãos, esposa e filhos podem até fazer coisas estúpidas uma vez ou outra, ou mesmo agir de maneira que você não compreenda, mas jamais duvide: são eles que estarão sempre presentes e prontos para ajudá-lo quando o resto do mundo lhe virar as costas. O amor transcende o entendimento;
6. Cultive bons relacionamentos. Tenha amigos a quem possa recorrer quando lhe faltar coragem ou o medo invadir a sua mente e expulsar a razão. Humildemente, peça ajuda para resolver o que lhe parece tão complicado no momento. Ninguém é tão bom e autossuficiente a ponto de nunca precisar da orientação de alguém mais experiente;
7. Alimente dentro de si a coragem para agir em qualquer situação, mesmo quando o medo teimar em lhe fazer tremer as pernas e gelar as mãos. As pessoas a sua volta precisam sentir as boas vibrações dessa virtude que irradia luz e a todos contagia. Energia positiva pode gerar uma força avassaladora capaz de destruir qualquer coisa que tente atrapalhar os seus projetos;
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8. Afaste-se das pessoas-âncora, dos pesos mortos, de gente negativa que tem enorme talento para minar forças, arruinar relacionamentos, destruir sonhos. Mantenha seu radar sempre ligado para identificar esses parasitas e saiba a hora certa de cortar vínculos, fechando a porta para eles;
9. Prepare-se para adversidades. Encare qualquer coisa que pode acontecer como algo que vai acontecer. Assim, você treina mente e espírito para reagirem mais rápido nos infortúnios. Apenas um cuidado: não ceda ao pânico de antemão. A ideia, aqui, é ser precavido quanto a eventuais crises e, se elas vierem a se tornar concretas, poder enfrentá-las com sabedoria e serenidade;
10. Por fim, seja autêntico e leal aos seus valores, jamais perdendo de vista o seu caráter. Seja gentil, seja solícito, seja proativo. Enfim, trabalhe sempre com o propósito de contribuir para uma sociedade melhor, o que, afinal – nós dois sabemos bem –, você adotou como projeto de vida. Faça tudo isso, mas, acima de tudo, seja o seu maior fã!”
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Fiz essa viagem no tempo, em que o passado encontrou o futuro, a fim de compartilhar com você, meu fiel leitor, lições que a última década me ensinou. Espero que elas sejam úteis para você como teriam sido para mim aos 21 anos de idade. Desejo, mais, seguir contribuindo de alguma forma para o seu desenvolvimento pessoal e profissional. Quem sabe, daqui a dez anos ainda estarei escrevendo artigos neste espaço...
“Há milhares de casos de persistência superando todos os obstáculos: nada é difícil quando a mente decide resistir.” – Sêneca
*texto de Gabriel Granjeiro, diretor-presidente do Gran Cursos Online
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