No artigo dessa semana, o colunista Gabriel Granjeiro reforça o perigo de fazer comparações com os outros, principalmente pelo espectro negativo do termo
Publieditorial Publicado em 10/04/2023, às 12h30
Uma das tendências mentais mais destrutivas e perigosas que há é aquela em que somos tentados a nos comparar com os modelos errados. Todos os dias somos confrontados com a vida perfeita de beltrano ou sicrano que seguimos nas redes sociais. Daí para mirar aquele modo de vida idealizado como padrão a ser perseguido, é um pulo.
Surge, então, mais uma pessoa cooptada pela falsa ideia de que sempre há alguém mais feliz e realizado do que ela e, pior, de que nada do que ela conquistou até agora tem valor. Vem aquela sensação de vazio, até que a insatisfação se instala de vez, gerando depressão e inúmeros outros males contemporâneos.
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Para começar, caro leitor, se existe uma boa referência para efeito de comparação, é o seu eu de ontem em relação ao seu eu de hoje.
O que quero dizer com isso? Que, se é para você se comparar a algo, que seja ao ser humano que você se tornou de ontem para hoje.
Notou alguma evolução nele? Ele tem se tornado mais sábio, humilde, empático, gentil e útil a cada dia? Se a resposta for positiva, bingo! Se não, reveja seus conceitos e reflita melhor ao tomar suas decisões.
Dito de outra forma, não pense que você só merece ser amado ou tem importância quando é bem-sucedido naquilo que o mundo exige. Os critérios que você deve adotar para se autoavaliar não podem ser apenas os exteriores.
Você não precisa aceitar todas as exigências da sociedade e viver de acordo com as expectativas dela para se convencer do próprio valor. Ora, o simples fato de você ter nascido já é uma enorme bênção. Lembre-se: você ganhou na loteria da vida.
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Quer indício de sucesso maior do que esse?
Nada pior do que focar apenas nas conquistas dos outros, e por duas razões.
Primeiro, porque o sucesso alheio, como já sinalizei, não é o melhor modelo a ser perseguido.
Segundo, porque, quando nos limitamos a admirar os resultados que alguém alcançou, quase sempre desconsideramos os esforços e as renúncias que se fizeram necessárias na jornada. Já diz a sabedoria popular: “o povo só vê as pingas que eu tomo, mas ninguém vê os tombos que levo”.
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Além do mais, nós, humanos, somos seres complexos. Da mesma forma que ninguém é totalmente bom ou totalmente perverso, ninguém enxerga a realidade o tempo todo sob uma perspectiva positiva. Às vezes, prevalece uma concepção negativa das coisas, e é ela, em seu tom sombrio, que vem sussurrar em nosso ouvido: “olhe como a grama do vizinho é mais verde que a sua”.
Eis aí uma comparação perigosa que seduz e engana desde que o mundo é mundo. Ora, você não é o vizinho! Compreenda que você não precisa nem deve almejar que tudo seja sempre perfeito. Cada pessoa recebe seu quinhão na proporção das próprias forças, das próprias necessidades e dos próprios desafios.
Na prática, quem tem o hábito de se comparar aos outros trilha para si um caminho que pode conduzir ao extremo oposto da autorrealização. É alguém que vive insatisfeito, infeliz, como se corresse, corresse, corresse, mas não saísse do lugar.
É que a felicidade está no que se tem, e não no que se gostaria de ter. Confesso que passei um bom tempo da minha vida ignorando essa verdade, excessivamente preocupado com a opinião dos outros sobre mim. E o que ganhei com isso? Nada.
Então, hoje almejo ser digno de amor apenas pelo que sou e pelo que faço, sem grande inquietação diante das expectativas de terceiros.
Mas será que existe algum tipo de comparação boa e saudável que não seja aquela que fazemos em relação a nós mesmos? Sem dúvida!
Uma delas é quando não nos restringimos a admirar os feitos de grandes personalidades; é quando vamos além e efetivamente adotamos suas boas práticas como fonte de inspiração. Ações e comportamentos passam a ser vistos como diferenciais que devem nortear nossas próprias decisões.
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O escritor americano Ryan Holiday fala em dois gêneros de pessoas no mundo: as marcadas pela inveja, pelo pensamento do tipo soma zero – “se você ganhar, eu perco” –; e aquelas que, ao contrário, acreditam haver o bastante para todos. Quem é do segundo grupo não enxerga um estranho como um concorrente, e sim como alguém que surge para agregar, para contribuir. Basta descobrir como.
Se você já assistiu ao filme “O Clube da Luta”, talvez se lembre da crítica que permeia toda a narrativa: compramos coisas de que não precisamos para impressionar pessoas de quem não gostamos. Ninguém deveria agir no automático assim, movido pelas razões erradas. Há algo de muito triste nesse comportamento.
Neste caminho cheio de obstáculos que é a vida, há que escolher as melhores batalhas para lutar e vencer. Precisamos ser racionais e confiar mais em nossas decisões, duvidando menos da própria capacidade. Em vez de invejar gratuitamente a grama bem-cuidada da casa ao lado, temos de direcionar nossa energia para cuidar da nossa. Nada de comparações perigosas.
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Cabe, aliás, um poderoso ensinamento de Steve Jobs, cofundador da Apple: “Acreditar que os pontos vão se conectar no futuro lhe dará confiança para seguir seu coração”. Creio firmemente nisso. É o que me move, é o que faz de mim imparável.
Vamos juntos, em frente e para cima, certos de que nada nos surpreenderá nem acontecerá contra nossas reais e controláveis expectativas.
“À medida que cada dia surge, receba-o como o melhor dia de todos e torne-o seu. Devemos agarrar o que foge.” – Sêneca
*texto de Gabriel Granjeiro, diretor-presidente do Gran Cursos Online
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